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Eleições do Uruguai têm empate técnico, e resultado é adiado

O candidato da direita, Lacalle Pou, consegue uma vantagem de menos de 1,5 ponto em relação ao rival Daniel Martinez, da Frente Ampla. Tribunal Eleitoral examinará todos os votos

Luis Lacalle Pou vota neste domingo, no Uruguai.
Luis Lacalle Pou vota neste domingo, no Uruguai.PABLO PORCIUNCULA (AFP)

Após uma noite eleitoral eletrizante e um resultado com uma igualdade sem precedentes, será necessário esperar que o Tribunal Eleitoral examine todos os votos para anunciar o nome do vencedor das eleições presidenciais no Uruguai. Com 100% das urnas apuradas, o resultado representa um empate técnico, com uma pequena vantagem para o líder da coalizão de direita, Luis Lacalle Pou, com apenas 1,2 ponto a mais que seu rival Daniel Martínez, da Frente Ampla (partido de José Mujica). A margem é tão estreita que todos os votos deverão ser contados para se saber quem é o vencedor, o que deve ocorrer até quinta-feira.

Foi uma reviravolta totalmente inesperada que aconteceu nas últimas 48 horas. Todas as pesquisas realizadas antes das eleições apontavam uma ampla vantagem de Lacalle Pou. É cedo para buscar explicações, mas primeiras especulações passam pelo voto oculto a favor da esquerda e o possível impacto de um vídeo do general Manini Ríos, que violou a proibição eleitoral ao pedir o voto dos soldados contra a Frente Ampla para marcar terreno diante de seus parceiros conservadores. Outro fator apontado é a mobilização de uruguaios do exterior, que viajaram para votar neste domingo em grande número.

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De qualquer forma, as celebrações foram interrompidas na sede do Partido Nacional, e todo o país está esperando os resultados oficiais. As pesquisas publicadas na semana anterior à votação atribuíram de cinco a oito pontos de vantagem para Lacalle Pou, com um número de indecisos de cerca de 6%. Embora os resultados ainda sejam incertos, tudo indica que a Frente Ampla não alcançou a progressão necessária desde a primeira rodada eleitoral, realizada em 27 de outubro. Apesar de ter tido resultados melhores que os esperados esta noite, a esquerda, que conquistou três maiorias parlamentares consecutivas até as eleições, perdeu muitos eleitores desde as eleições de 2014.

A criação de uma coalizão em torno do líder do Partido Nacional, Luis Lacalle Pou, parecia o fator determinante para a reviravolta política no Uruguai. Com 28% dos votos no primeiro turno, o PN conseguiu adicionar na sua coalizão outro partido tradicional do Uruguai, o Partido Colorado, com 12% dos votos, e o Cabildo Abierto (10% dos votos). A formação conta com o apoio do general aposentado Manini Ríos, uma versão uruguaia de Bolsonaro, que defendeu os torturadores da ditadura uruguaia (1973-1984), é abertamente homofóbico e antifeminista. A coalizão também teve o apoio de vários pequenos partidos do arco conservador.

Luis Lacalle Pou, 46 anos, é um parlamentar experiente. Ele, que já era deputado aos 20 anos, foi candidato pelo Partido Nacional em 2014 numa eleição presidencial que perdeu para o atual presidente, Tabaré Vázquez. Ao votar neste domingo, Lacalle Pou disse que, em caso de vitória, não anunciará o nome de seus possíveis ministros. Assim, uma das principais incógnitas dessas eleições permanecerá: a articulação e o equilíbrio de poder dentro da coalizão de direita. Embora exista um programa comum dos partidos que a formam escrito logo após o primeiro turno, ainda permanecem questões sobre o conteúdo das medidas.

A ambição de Lacalle Pou e seus parceiros é reverter inúmeras políticas da Frente Ampla em questões-chave, como economia, educação, segurança cidadã ou políticas sociais. No entanto, a coalizão indicou que não anulará a chamada “agenda de direitos” implementada pela esquerda, que inclui leis como a descriminalização do aborto, o casamento gay e a proteção das pessoas trans.

O resultado das eleições uruguaias

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