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Kate Moss: 45 anos quebrando todas as regras

Com sua agência de modelos e sua filha Lila a ponto de assumir o bastão, a ‘top model’ comemora o aniversário sem descer do pódio

Kate Moss em um desfile em Nova York, em setembro de 2018.
Kate Moss em um desfile em Nova York, em setembro de 2018.Jared Siskin (Getty Images for Longchamp)
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Em 2007, quando o Victoria & Albert Museum, em Londres, dedicou uma exposição à era dourada da alta costura, Kate Moss chegou à inauguração com um vestido Christian Dior vintage de cetim cor champanhe. Até aí, nada demais. No entanto, logo após entrar no museu, a cantora Courtney Love pisou por acidente na cauda do vestido, provocando um pequeno rasgão que nas horas seguintes se transformou numa cratera.

Qualquer um teria ido embora para casa. Ou, pelo menos, tentado mudar de roupa. Mas Kate Moss preferiu cortar a parte de baixo da peça, deu um nó na altura da cintura com o que restava do pano e, com o vestido transformado em minissaia, fez jus à sua fama de party animal até altas horas da madrugada. Essa história poderia ser lida como uma metáfora da maneira como a supermodelo, que nesta quarta-feira completa 45 anos, sempre se conduziu na vida: nem em seus piores momentos (quando apareceu cheirando cocaína na capa do jornal Daily Mirror, em 2005) ela se mostrou disposta a abandonar a festa.

Kate Moss e seu vestido de Dior em uma festa da Vitória & Albert Museum celebrada em Londres em 2007.
Kate Moss e seu vestido de Dior em uma festa da Vitória & Albert Museum celebrada em Londres em 2007.CORDON PRESS

Após conseguir tudo como modelo, a mulher que foi símbolo da estética heroin chic dos anos noventa não desacelera. Já não desfila (a última vez que apareceu sobre uma passarela foi ao lado do amigo Kim Jones em sua despedida da Louis Vuitton, há um ano), mas continua estrelando campanhas de alto perfil, como a da recente colaboração entre a estilista Vivienne Westwood e a Burberry, assim como a coleção primavera/verão 2019 de Stella McCartney, que compartilha com Kaia Gerber, filha de Cindy Crawford. Ela é a imagem e a diretora de criação da empresa de cosméticos japonesa Decorté. E às suas mais de 300 capas, este mês acrescenta a nova edição da revista Love. Além disso, como foi publicado em outubro, Moss desbancou Cara Delevingne como a modelo britânica mais bem paga.

Em setembro de 2016, Moss lançou sua própria agência de talentos, que representa figuras tão versáteis quanto a cantora Rita Ora e a atriz Gwendoline Christie (Game of Thrones), assim como sua própria filha, Lila. Para uma jovem aspirante a modelo, será difícil encontrar na indústria alguém de quem possa receber melhores conselhos. Moss, que foi descoberta no aeroporto JFK de Nova York aos 14 anos e saltou à fama aos 16 num editorial de moda da fotógrafa britânica Corinne Day para The Face, pretende velar pelo bem-estar de seus representados e evitar que passem pelas experiências ruins que ela teve. Em 2012, em entrevista à Vanity Fair, Moss recordava assim suas fotos em topless feitas por Corinne Day: “Agora vejo uma menina de 16 anos, e pedir a ela que tire a roupa seria muito estranho. Mas me disseram: ‘Se você não fizer, não vamos mais te contratar’. Então me tranquei no banheiro para chorar, depois saí e fiz.”

Johnny Depp e Kate Moss, em 1995.
Johnny Depp e Kate Moss, em 1995.REUTERS

Seu currículo sentimental, amplamente documentado, também é extenso (numa entrevista à revista i-D em 1998, a jovem Kate confessou que estar solteira era “trágico” para ela). Seu companheiro atual parece ser o fotógrafo Nikolai Von Bismarck, 14 anos mais jovem. E entre seus ex-namorados, incluem-se o também fotógrafo Mario Sorrenti, que a retratou na icônica campanha do perfume Obsession da Calvin Klein; o editor Jefferson Hack, pai de sua filha Lila; o músico Jamie Hince, com quem se casou em 2011 diante de 300 convidados (a união durou apenas cinco anos); e, claro, Johnny Depp. Juntos, além de tomar banho com champanhe, segundo reza a lenda, Moss e Depp formaram um dos casais mais inesquecíveis dos anos noventa.

Mas foi sua relação com Pete Doherty que despertou a obsessão dos tabloides, que dedicaram páginas e mais páginas aos seus escândalos, excessos e bebedeiras. Nessa época, que chegaria ao ápice com a mencionada capa do Mirror em que a chamaram de Cocaine Kate, a modelo chegou ao fundo do poço e perdeu alguns contratos. Mas quem decretou o fim de sua carreira errou feio. De fato, quando a top model reapareceu após fazer reabilitação, seu cachê tinha aumentado. A menina que o The Guardian definira como “o turbilhão ao redor do qual giram todas as festas de Londres” ainda não queria sair de cena.

Durante muitos anos, uma Moss sempre na defensiva se impôs a lei do silêncio, mas ultimamente fala mais com a imprensa. Por causa da sua relação profissional com a firma Decorté, muitas entrevistas focam em sua rotina de beleza, mas às vezes ela deixa entrever, a conta-gotas, algo mais de si mesma. Por exemplo, que continua ficando nervosa quando chega a um set (segundo a Love). Que odeia fazer exercício (Vogue). E que se arrepende de seu velho mantra “nothing tastes as good as skinny feels” – algo assim como “nada é tão saboroso quanto se sentir magra” (NBC). E que jamais publicará algo pessoal nas redes sociais. “Nunca gostei dessa coisa de ‘olhem pra mim!’, disse ao The Guardian. E ainda assim, aos 45 anos, a “menina mais perfeitamente imperfeita” (Marc Jobs dixit) não perdeu esse algo que faz com que o mundo não se canse de olhar para ela.

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