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Assassinado o juiz que ratificou condenação do opositor venezuelano Leopoldo López

Nelson Moncada foi morto quando tentava desviar de uma barricada em uma via no oeste de Caracas

Leopoldo López, parado em 2014.
Leopoldo López, parado em 2014.REUTERS
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Nelson Moncada, de 37 anos, juiz da corte de apelações de Caracas, foi assassinado a tiros, na quarta-feira, no setor de Paraíso, no oeste da capital venezuelana, depois de tentar desviar de uma das muitas barricadas colocadas na rua por manifestantes contrários ao regime de Nicolás Maduro.

As primeiras versões averiguadas descartam que o advogado, que ratificou, em 2016, a sentença dada ao líder de oposição Leopoldo López — condenado a 13 anos e nove meses de prisão —, tenha sido vítima de um crime encomendado. Moncada teria sido interceptado por criminosos de um bairro perigoso próximo, Cota 905, citado várias vezes pela imprensa local quando o Governo iniciou gigantescas operações de busca e apreensão (Operações de Liberação do Povo), para desarticular as quadrilhas que atuam na região.

Quando Moncada tentava escapar dos bandidos que o roubaram, foi vítima de disparos. No entanto, o Governo não perdeu a oportunidade de levantar suspeitas sobre as motivações do crime. O ministro de Interior, Justiça e Paz, Néstor Reverol, disse na quinta-feira que os investigadores não descartavam a possibilidade de que Moncada tivesse sido executado “por assassinos contratados pela direita terrorista para continuar criando e semeando o pânico no país”.

Moncada também havia julgado diversos casos de incidentes violentos que, no primeiro semestre de 2014, levaram à morte de 43 venezuelanos, segundo Reverol.

Maduro retomou a hipótese de crime encomendado ao repudiar o homicídio de Moncada: “Um jovem advogado, juiz da República, e corajoso, que julgou casos muito conhecidos e importantes nos últimos anos, foi brutalmente assassinado. O método que usaram foram barricadas, colocadas em frente à sua casa. Quando ele chegou, e teve que parar, foi alvejado por tiros”.

Em uma declaração dada à agência AFP, Juan Carlos Gutiérrez, advogado do dirigente opositor, lamentou o homicídio e descartou “as temerárias declarações” do ministro Reverol.

Embora seu caso não tenha sido somado à lista de vítimas da Procuradoria, o Defensor do Povo, Tarek William Saab, decidiu incluí-lo em seu registro de baixas depois de dois meses de intensos protestos. Saab afirma que cinco pessoas morreram nas áreas onde há barricadas. Três delas em acidentes causados pela obstrução das vias, e duas por disparos.

Os protestos contra o regime incluem, frequentemente, a colocação de barricadas nas ruas para evitar a circulação de veículos e pedestres. Alguns opositores acreditam que o regime poderia cair rapidamente se os venezuelanos não puderem sair de suas casas. Em alguns desses obstáculos, especialmente na região de Altamira, reduto da oposição, pessoas encapuzadas solicitam dinheiro para financiar a resistência ao Governo.

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