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Assim é Gauthier Destenay, o homem da foto das primeiras-damas da OTAN

Participação do marido do líder centro-europeu na reunião rompeu com a tradicional discrição do casal

A. S.
Gauthier Destenay e o primeiro-ministro de Luxemburgo, Xavier Bettel
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As últimas reuniões da OTAN deixaram várias imagens simbólicas pouco comuns em um órgão centrado em questões militares. No encontro de fevereiro, a foto de sete ministras da Defesa se transformou em uma imagem inédita que simbolizou o avanço da mulher em um cargo tradicionalmente masculino – hoje seriam oito após a nomeação da francesa Sylvie Goulard por Emmanuel Macron. E nesses últimos dias, a fotografia do arquiteto belga Gauthier Destenay, o marido do primeiro-ministro luxemburguês, acompanhado das primeiras-damas de outros países, causou numerosas reações, amplificadas, se é possível, pela omissão de seu nome no rodapé da foto divulgada pelo perfil oficial no Facebook da Casa Branca, um erro corrigido dez horas depois sem maiores explicações.

O rebuliço midiático em torno do casal Xavier Bettel e Gauthier Destenay começou poucos dias depois do segundo aniversário de seu casamento – se casaram em 15 de maio de 2015 –, ainda que sua relação venha de muito antes: desde 2010 eram casal de fato, dois anos depois do primeiro-ministro Bettel tornar pública sua homossexualidade. A iniciativa partiu de Destenay, nascido no município belga de Aron, na divisa com Luxemburgo: “Ele me pediu em casamento e eu disse sim”, lembrou o dirigente luxemburguês em uma entrevista ao Los Angeles Times. O casamento foi uma cerimônia íntima oficiada pela prefeita de Luxemburgo, seguido de uma recepção para 500 convidados. A imprensa não foi convidada, e seus protagonistas recusaram ofertas milionárias de revistas de todo o mundo para cobrirem o evento.

O casal se caracterizou pela discrição. Bettel sempre pediu aos eleitores que levassem em consideração seus méritos e não sua sexualidade no momento de decidir o voto. O primeiro-ministro limita suas referências a seu casamento ao aniversário da união. Quando foram cumpridos os primeiros 12 meses do enlace escreveu em sua conta no Twitter: “Um ano de felicidade, mas nunca podemos nos esquecer de que se apaixonar ainda é um crime em alguns países”. Esse ano, a mensagem na rede social foi muito parecida, com novas referências à perseguição que ainda persiste contra os homossexuais: “Segundo aniversário de casamento hoje, mas é uma vergonha que em aproximadamente 70 países ainda existam leis contra os homossexuais”.

Sua tentativa de se afastar dos holofotes não evitou que seu casamento fizesse correr rios de tinta em um país tradicionalmente católico como Luxemburgo. O parlamento tinha recém-legalizado esse tipo de união meses antes, de modo que junto com a relevância associada ao casamento de uma das grandes personalidades do Grão-Ducado veio a novidade de se transformar em um pioneiro. Também fora de seu país: é o primeiro casamento homossexual de um primeiro-ministro da UE. Atualmente é o único governante de um país a se declarar abertamente gay, ainda que no passado a primeira-ministra islandesa Jóhanna Sigurðardóttir e seu homólogo belga Elio Di Rupo já estivessem à frente do Governo após tornarem pública sua homossexualidade.

As aparições do casal em grandes eventos foram escassas até o momento, de modo que a presença de Destenay na reunião da OTAN em sua condição de primeiro-cavalheiro roubou grande parte dos olhares destinados a duas mulheres com as quais dividiu visitas: Melania Trump, em sua primeira viagem oficial à Europa, e Brigitte Trogneux, a esposa do presidente da França, Emmanuel Macron, recém-chegado ao Palácio do Eliseu. Enquanto seus esposos discutiam sobre o futuro da defesa mundial na nova sede da OTAN em Bruxelas, o seleto grupo de cônjuges de líderes mundiais, formado por nove mulheres e um homem, compareceu ao Museu Magritte, à loja de acessórios de luxo Delvaux e à estufa real de Bruxelas, onde foram recebidos pela rainha Matilde.

O casal já protagonizou uma imagem de normalidade protocolar em sua visita ao Vaticano em março pelo 60° aniversário do Tratado de Roma. Receberam na ocasião por parte das autoridades o mesmo tratamento de outros líderes mundiais acompanhados de seus cônjuges.

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