Em SP, Doria vira alvo de atos de centrais sindicais no Dia do Trabalho
Discursos unificam críticas ao prefeito e reformas, além de aventar greve geral de dois dias
Os atos em comemoração ao Dia do Trabalhador na cidade de São Paulo ficaram marcados não apenas por manifestações e discursos contrários às reformas trabalhista e previdenciária, mas também pelo repúdio ao prefeito da cidade, João Doria Jr. Na Avenida Paulista, de cima do carro de som da Central Única dos Trabalhadores (CUT), diferentes líderes sindicais e políticos chamaram o prefeito de “grande parceiro do Governo Michel Temer”, “braço municipal das reformas”, “inimigo dos trabalhadores” e “autoritário”.
A irritação com Doria remonta a uma semana tensa em que ele chegou a declarar que quem pretendia aderir à greve geral do último dia 28 não era “trabalhador”, mas “vagabundo”. Além disso, o próprio ato deste 1º de Maio da CUT, que começou às 14h, chegou a ficar em suspensão depois que o prefeito tentou barrar na Justiça a realização do evento. Prefeitura e sindicalistas acabaram chegando a um consenso e a mobilização da Central ficou dividida em duas: o ato político na Avenida Paulista e uma comemoração com shows na Praça da República, região central da cidade.
Apesar do acordo, o presidente da CUT, Vagner Freitas, disse logo no início de seu discurso que a Prefeitura tinha descumprido ao impedir que o carro de som da entidade ficasse na altura do museu Masp. “A culpa de estarmos fazendo barulho na frente de um dos poucos prédios residenciais da avenida é do Doria!”, exclamou Freitas. Não era a primeira vez no dia que o prefeito era lembrado. Ainda de manhã, durante ato da Força Sindical, sindicalistas mencionaram Doria em seus discursos, segundo a Folha de S. Paulo. “Lave sua boca”, “o que você fez foi cretinice”, “vagabundo é você”, foram algumas das frases ditas.
Convergência de discurso
Não foi só nas críticas ao prefeito que os atos encontraram pontos de semelhança. Comandada por Paulinho da Força (SD), a Força Sindical integra a base do Governo de Michel Temer e foi favorável ao impeachment de Dilma Rousseff (PT), contudo, hoje, assim como na greve geral, manteve discurso afinado com o da CUT. Nos atos das duas entidades, a possibilidade de uma greve geral de dois dias, além de uma ocupação das ruas de Brasília no dia 8 de maio, quando a reforma da previdência deve começar a ser votada, foi aventada.
Ao EL PAÍS, o deputado federal Orlando Silva (PC do B), presente no ato da Paulista, disse que os atos de hoje mostram que “as diferenças entre os movimentos sociais diminuíram”. Segundo o deputado, neste momento o Governo Temer não tem votos suficientes para aprovar a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados e terá muitos problemas para passar a trabalhista no Senado. “Em 2018, dois terços do Senado vai mudar por causa das eleições e ninguém vai se arriscar a voltar algo tão impopular”, diz.
O comentário de Silva ecoa uma declaração feita pelo presidente da CUT, momentos antes de discursar no carro de som: "Ontem falei com Renan [Calheiros] e acertamos uma reunião amanhã [2] em Brasília com a bancada do PMDB. O Senado já entendeu que essas reformas são um atentado e tem sinalizado que elas não vão passar". Líder do PMDB no Senado, Calheiros tem sido visto como um dissidente pelo Governo de Michel Temer. Freitas ainda garantiu que nesta quinta-feira, 4, as centrais sindicais se reunirão para decidir os próximos passos que devem tomar.
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