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Em SP, Doria vira alvo de atos de centrais sindicais no Dia do Trabalho

Discursos unificam críticas ao prefeito e reformas, além de aventar greve geral de dois dias

Ato da CUT no Dia do Trabalhador, na Av. Paulista
Ato da CUT no Dia do Trabalhador, na Av. PaulistaFERNANDO BIZERRA (EFE)

Os atos em comemoração ao Dia do Trabalhador na cidade de São Paulo ficaram marcados não apenas por manifestações e discursos contrários às reformas trabalhista e previdenciária, mas também pelo repúdio ao prefeito da cidade, João Doria Jr. Na Avenida Paulista, de cima do carro de som da Central Única dos Trabalhadores (CUT), diferentes líderes sindicais e políticos chamaram o prefeito de “grande parceiro do Governo Michel Temer”, “braço municipal das reformas”, “inimigo dos trabalhadores” e “autoritário”.

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A irritação com Doria remonta a uma semana tensa em que ele chegou a declarar que quem pretendia aderir à greve geral do último dia 28 não era “trabalhador”, mas “vagabundo”. Além disso, o próprio ato deste 1º de Maio da CUT, que começou às 14h, chegou a ficar em suspensão depois que o prefeito tentou barrar na Justiça a realização do evento. Prefeitura e sindicalistas acabaram chegando a um consenso e a mobilização da Central ficou dividida em duas: o ato político na Avenida Paulista e uma comemoração com shows na Praça da República, região central da cidade.

Apesar do acordo, o presidente da CUT, Vagner Freitas, disse logo no início de seu discurso que a Prefeitura tinha descumprido ao impedir que o carro de som da entidade ficasse na altura do museu Masp. “A culpa de estarmos fazendo barulho na frente de um dos poucos prédios residenciais da avenida é do Doria!”, exclamou Freitas. Não era a primeira vez no dia que o prefeito era lembrado. Ainda de manhã, durante ato da Força Sindical, sindicalistas mencionaram Doria em seus discursos, segundo a Folha de S. Paulo. “Lave sua boca”, “o que você fez foi cretinice”, “vagabundo é você”, foram algumas das frases ditas.

Convergência de discurso

Não foi só nas críticas ao prefeito que os atos encontraram pontos de semelhança. Comandada por Paulinho da Força (SD), a Força Sindical integra a base do Governo de Michel Temer e foi favorável ao impeachment de Dilma Rousseff (PT), contudo, hoje, assim como na greve geral, manteve discurso afinado com o da CUT. Nos atos das duas entidades, a possibilidade de uma greve geral de dois dias, além de uma ocupação das ruas de Brasília no dia 8 de maio, quando a reforma da previdência deve começar a ser votada, foi aventada.

Ao EL PAÍS, o deputado federal Orlando Silva (PC do B), presente no ato da Paulista, disse que os atos de hoje mostram que “as diferenças entre os movimentos sociais diminuíram”. Segundo o deputado, neste momento o Governo Temer não tem votos suficientes para aprovar a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados e terá muitos problemas para passar a trabalhista no Senado. “Em 2018, dois terços do Senado vai mudar por causa das eleições e ninguém vai se arriscar a voltar algo tão impopular”, diz.

O comentário de Silva ecoa uma declaração feita pelo presidente da CUT, momentos antes de discursar no carro de som: "Ontem falei com Renan [Calheiros] e acertamos uma reunião amanhã [2] em Brasília com a bancada do PMDB. O Senado já entendeu que essas reformas são um atentado e tem sinalizado que elas não vão passar". Líder do PMDB no Senado, Calheiros tem sido visto como um dissidente pelo Governo de Michel Temer. Freitas ainda garantiu que nesta quinta-feira, 4, as centrais sindicais se reunirão para decidir os próximos passos que devem tomar.

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