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Grandes empresários espanhóis cobram mais reformas de Temer

O presidente do Santander pede que a próxima mudança importante “seja a do sistema financeiro” "As medidas são necessárias para a sobrevivência do pais", diz FHC

Xosé Hermida
Mariano Rajoy com a equipe do governo Temer
Mariano Rajoy com a equipe do governo TemerJoédson Alves (EFE)

A grande empresa estrangeira quer reformas no Brasil, ainda além da atual pauta do Governo Michel Temer. Ou pelo menos assim se manifestaram nesta segunda-feira os presidentes das principais companhias espanholas com presença no Brasil, que acompanharam a visita do primeiro-ministro desse país, Mariano Rajoy. O presidente do Banco Santander no Brasil, Sergio Rial, cobrou do Governo que acrescente mais uma iniciativa ao programa que já está tentando aprovar no Congresso. “A próxima grande reforma tem de ser a do sistema financeiro”, assinalou Rial em uma das palestras do primeiro Fórum Brasil-Espanha, um encontro que reuniu em São Paulo empresários, políticos e acadêmicos dos dois países. Na discurso que encerrou o Fórum, o próprio Rajoy incentivou Temer a seguir em frente com as reformas sem pensar nos prejuízos eleitorais, e lembrou que isso foi o que ele mesmo fez na Espanha.

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Antes do encontro de São Paulo, um grupo de empresários espanhóis esteve em Brasília, onde foi recebido por Temer após o encontro do presidente brasileiro com Rajoy. Entre os homens de negócios estavam os principais executivos da Telefónica, José María Álvarez-Pallete, e da Repsol, Antonio Brufau. Os dois viajaram à tarde a São Paulo para participarem no Fórum, onde declararam apoio à política de reformas do atual Governo. Brufau, cuja empresa tira, por dia no Brasil, 55.000 barris de petróleo, falou das "reformas enormemente importantes" que está preparando o Governo Temer. E pediu a abertura do mercado de gás. Segundo ele, com a situação atual, o Brasil tem de importar 30% do gás apesar das suas grandes reservas naturais. Brufau diz que, se o mercado fosse liberado, sua empresa poderia ter 20% do mercado brasileiro e projetar investimentos de mais de 12 bilhões de dólares.

O presidente de Telefónica não foi tão claro, mas, quando perguntado sobre dificuldades semelhantes na Espanha e no Brasil ante as crises econômicas dos dois países, Álvarez-Pallete respondeu: "Para isso é que se fazem as reformas". Álvarez-Pallete contou que o Brasil se tornou tão importante para a Telefónica que essa companhia "já não pode ser entendida sem o Brasil". E ofereceu dados: a empresa tem no Brasil 100 milhões dos 350 milhões de clientes no mundo inteiro e o país fornece 25% da receita da empresa. A Telefónica investiu no Brasil 180 bilhões de reais nos últimos anos e está prestes a adicionar outros 24 milhões na melhora da rede.

A outra grande empresa espanhola no Brasil é o Santander, o terceiro banco privado. Seu presidente, o brasileiro Sergio Rial, cobrou do Governo mais uma reforma, a financeira, após serem resolvidas "as prioridades e urgências" atuais. Essa reforma "inteligente, de longo prazo" deveria ter o intuito de melhorar o serviço aos clientes, segundo ele. Com uma concorrência maior entre os bancos, assinalou Rial, seria possível para as pessoas encontrarem hipotecas mais acessíveis. 

Também o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso falou da necessidade das reformas como um jeito de garantir a "sobrevivência do Brasil como um pais competente, capaz de dar emprego". "O Brasil está num momento tal que é necessário que medidas sejam tomadas. É uma questão de sentido comum", disse aos jornalistas. Se essas reformas não fossem feitas, a República brasileira, como está acontecendo com alguns estados, poderia terminar "falida", declarou o ex-presidente, que recebeu o premio José Ancheta, outorgado pelo Fórum Brasil-Espanha, pela sua contribuição para estreitar as relações entre os dois países.  

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