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“Protesto menor já era o esperado”, diz Kim Kataguiri

Líder do MBL minimiza adesão menor nos protestos de 26 de março. Veja como foi a cobertura

Protesto convocado pelo MBL e o Vem pra Rua na avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo, 26 de março.
Protesto convocado pelo MBL e o Vem pra Rua na avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo, 26 de março.MIGUEL SCHINCARIOL (AFP)

Manifestantes ligados aos movimentos que pediram o impeachment de Dilma Rousseff em 2016 voltaram às ruas neste domingo, 26 de março, para protestar, desta vez, com foco no Congresso Nacional. Os protestos foram contra a anistia ao caixa dois, o voto em lista fechada e o foro privilegiado, e também em apoio à operação Lava Jato.  No entanto, a adesão aos protestos convocados pelos grupos Vem pra Rua e Movimento Brasil Livre (MBL) em São Paulo, no Rio de Janeiro, Brasília e em outras cidades foi menor que o esperado.

Veja como foi a cobertura, minuto a minuto:

Encerramos a nossa cobertura por hoje. Confiram aqui a reportagem sobre a jornada de protestos no Brasil: http://cort.as/vcAD Obrigada e boa noite!
Regiane Oliveira relata que contestado por manifestantes e jornalistas sobre a possibilidade de lista fechada, Caiado afirmou que não há tempo para mudanças para a próxima eleição: "O sistema vai continuar proporcional e deverá ter lista aberta, e continuará a proibição de financiamento empresarial. Apenas financiamento do fundo partidário e de pessoas físicas serão aceitos"
Ronaldo Caiado (DEM-GO) entre fãs na Paulista. O senador foi destaque no livro lançado pelos líderes do Vem Pra Rua, que conta a versão do movimento sobre as manifestações pró-impeachment, como um político que "abraçou a causa das ruas", conta Regiane Oliveira.
O Vem Pra Rua encerra a manifestação na avenida Paulista com hino nacional e a música homônima, que tem como refrão o "Vem pra rua, porque a rua é a maior arquibancada do Brasil". Criada por Henrique Ruiz Nicolau, para a produtora S de Samba, a música tinha como destino o mercado publicitário, relata Regiane Oliveira.
Artistas de rua, músicos e capoeiristas não desistiram da Paulista neste domingo. Apostando no movimento fraco de manifestantes, muitos optaram por trabalhar. É o caso do capoeirista Daniel, conhecido como Coragem, do grupo Angoleiros do Sertão, que se reúne no local todo último domingo do mês. "Não tenho partido nenhum e acredito que a cultura popular está acima disso tudo", disse à repórter Regiane Oliveira.
O jovem ativista Tomás, 11 anos, comenta do alto do carro do Vem pra Rua: "Engraçado como nosso movimento atrai mais gente". Mais moderado, o Vem pra Rua tem sido considerado de centro-esquerda pela direita mais radical, relata Regiane Oliveira.
Apesar da baixa adesão, o Vem Pra Rua celebrou o resultado da manifestação em São Paulo: "Quantas vezes a Paulista encheu desse jeito, que não fosse por futebol?", dizem do alto do carro de som, registra Regiane Oliveira.
Os organizadores do protesto em São Paulo reconheceram que a adesão ao movimento foi menor que os protestos anteriores, mas minimizaram a questão. Segundo Kim Kataguiri, do MBL, já era esperada uma participação menor no ato da avenida Paulista e, segundo ele, a força do grupo é nas redes, disse à jornalista Carla Jiménez.
A família Teramoto estava unida na Paulista. O casal Ricardo e Naoko veio de Aruja com os filhos -- Gabriela (13), Sophia (10) e Henrique (5) -- para o protesto. "É a primeira vez que estamos na Paulista, sempre protestamos em nossa cidade, onde a movimentação é pequena", afirma Naoko. "Queremos mostrar para os nossos filhos que temos consciência política e queremos um país melhor", complementa Ricardo. A organização do protesto em diferentes carros de sons dos movimentos Nas Ruas, Vem pra Rua, Brasil Livre dos Corruptos e MBL, agradou a família, que fez questão de passar por cada carro para ouvir as bandeiras de luta de cada um deles. "Percebemos que dos maçons aos intervencionistas, todos se unem com um objetivo: punir culpados pela corrupção e criar um Brasil melhor", afirma Naoko, para quem faltou apenas falar da Reforma da Previdência. "Não temos que mexer nisso. Temos que fazer como o Doria, que é um ótimo exemplo de gestor: reduzir o custo do Estado e fazer parcerias com a iniciativa privada. Quem sabe ele não fará isso em nível nacional", disse Naoko à repórter Regiane Oliveira.
O MBL também transmite ao vivo da manifestação de Porto Alegre.
Dom Bertrand de Orleans e Bragança, príncipe herdeiro do extinto trono do Brasil, passeia pela avenida Paulista, seguido por uma legião de fãs. Orgulhoso, ele afirma: "A bandeira imperial pode circular à vontade, mas se aparecer uma bandeira do PT, ela é enxotada daqui", disse à repórter Regiane Oliveira.
Voluntários do Partido Novo, como o ginecologista e oncologista Levon Badiglian Filho, 42, costumam frequentar a avenida Paulista aos domingos, para aproveitar a movimentação do público que visita a região e divulgar o partido. Com a manifestação, a receptividade, aumenta. "Estamos alinhados com as demandas do Vem pra Rua, de onde, inclusive, veio nossa primeira vereadora eleita em São Paulo, Janaína Leite". Levon explicou à repórter Regiane Oliveira que o Partido Novo é o contra o fundo partidário e que é o único a não usar esses recursos. "Recebemos o dinheiro e ele fica congelado em uma conta. Nosso objetivo é que ele seja devolvido para o Tesouro, mas como ninguém fez isso ainda, estamos estudando as possibilidades." Quanto as demandas dos diversos grupos que participam da Paulista, como o fim da lei do desarmamento, ele acredita que, em geral, estão em linha com o Partido. "Somos a favor das liberdades individuais. Queremos um Estado concentrado em saúde, educação e segurança."
Nem todos os políticos desagradam aos manifestantes da avenida Paulista. O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), cujo nome tem sido aventado para concorrer à presidência da República, tirou fotos com alguns dos presentes.
"Poderia estar no Congresso, mas estou trabalhando", anuncia para o público da avenida Paulista o vendedor de bebidas Jeferson Paduanelli Garcia, 34 anos. "Sou especializado em gastronomia e técnico de celulares, mas como não tem emprego, aproveito as manifestações para ganhar dinheiro", disse à repórter Regiane Oliveira,
Em discurso no caminhão do MBL, Kim Kataguiri diz que Renan quer passar o projeto para limitar abuso de poder do Judiciário "como se usar propina não fosse abuso de poder." "Desistam, congressistas, Calheiros e (Rodrigo) Maia, vocês nao representam a população"
O vendedor de hortifruti, Benedito Máximo, 54 anos, e o veterinário Antonio Carlos Rangel de Almeida, 62, vieram de Guaratinguetá, interior de São Paulo, para protestar nas avenida Paulista, relata Regiane Oliveira. Os companheiros de protesto ficaram decepcionados com o público. "Viemos de tão longe, para encontrar tão pouca gente", disse Benedito. Mas, segundo Carlos, não adianta ficar parado. "Temos que protestar com foco, o que não existe nas manifestações do interior", afirma. "Quero 'fora Temer' e fora o Congresso. Precisamos de Diretas já, com ficha limpa total. Isto é, foi denunciado, não pode ser candidato", diz Carlos.
No caminhão do Acorda Brasil e da Associação Médica Brasileira, na avenida Paulista, o discurso é contra a reforma da Previdência, "que está sendo feita para o mercado financeiro", relata Xosé Hermida.
Os protestos da avenida Paulista ganharam ajuda de um público diferente neste domingo: os frequentadorea da Paulista Aberta. É o caso dos amigos Guilherme, João Vítor, Bianca, Yasmin e Felipe e Guilherme, que passavam no meio da multidão gritando: "Fora Temer". "Apoio mais partidos da esquerda", diz Guilherme, 15 anos, na contramão de seus amigos que estavam apenas "de zoeira". "Sou novo, não tenho posicionamento. Acho que cada um defende o que quer", disse João Vítor a Regiane Oliveira.

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