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Editoriais
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Mais defesa europeia

A resposta a Trump é avançar na integração em segurança

O secretário de Defesa norte-americano, James Mattis, na reunião de ministros de Defesa da OTAN,
O secretário de Defesa norte-americano, James Mattis, na reunião de ministros de Defesa da OTAN,STEPHANIE LECOCQ (EFE)

A Europa está diante de uma decisão crucial para seu futuro tanto no que se refere aos gastos com Defesa como ao próprio conceito de segurança europeia. A chegada de Donald Trump ao poder deve fazer os líderes da União Europeia reagirem em uma questão que vai muito além do mero aumento dos gastos militares de cada país.

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Antes de mais nada, embora nos últimos dias tenham se multiplicado em Washington vozes como a do vice-presidente Mike Pence, que exige aumentos já para este ano, a pressão norte-americana para que os parceiros da OTAN aumentem seus orçamentos de defesa já era uma questão levantada por Barack Obama e aceita sem discussão por todos os membros da OTAN. Esse aumento estava prometido e tem sido realizado sem necessidade de grandes polêmicas. A Alemanha, por exemplo, vem aumentando há quatro anos consecutivos seus gastos em Defesa, além de ampliar sua participação em missões militares internacionais. E as forças armadas espanholas, junto com as de outros parceiros, estavam posicionadas nos países bálticos antes da chegada de Trump para reforçar sua segurança ante a pujança russa.

Acontece que, diferentemente de Obama, Trump não considera o expansionismo russo na Europa Oriental – incluindo a anexação da Ucrânia – um problema urgente. Nem as interferências do serviço secreto russo no processo eleitoral. Além disso, sua hostilidade contra o mundo árabe e muçulmano, expressa em seu infame decreto migratório, dá asas à teoria do choque de civilizações entre o Ocidente e o Islã e põe em risco a segurança da Europa, muito mais exposta ao terrorismo jihadista.

Em tese, as palavras do secretário de Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, que durante o fim de semana insistiu com os países da OTAN sobre o compromisso de Washington com a Aliança, deveriam ser tranquilizadoras. O problema é que Trump, em diversas ocasiões, qualificou a OTAN como uma estrutura “obsoleta”, algo que sem dúvida não passou despercebido em Moscou.

É fundamental que a discussão sobre segurança com Washington não se centre unicamente ao dinheiro gasto em Defesa, porque isso seria um enfoque simples e reducionista do que representa a segurança da Europa. Os Estados Unidos devem receber uma mensagem clara de que existem aspectos menos quantificáveis em termos monetários, mas igualmente importantes tanto para a Europa como para o outro lado do Atlântico. Por exemplo, a cooperação judicial e policial e o trabalho dos serviços de inteligência no combate ao terrorismo jihadista são aspectos de que todos os membros da OTAN se beneficiam. E o mesmo se pode dizer das decisões econômicas de Trump, que também podem gerar crise e insegurança na Europa. Mas os europeus precisam extrair uma lição de tudo isso: devem trabalhar mais e melhor para garantir sua própria defesa, um tema no qual de modo algum podem subcontratar Washington.

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