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Europa desafia a Espanha na volta da Champions League

Competição, em que times espanhóis venceram cinco das últimas dez edições, volta com os clubes do país em maior número nas oitavas de final

José Sámano
Jogadores do Real Madrid comemoram o décimo-primeiro título da Champions.
Jogadores do Real Madrid comemoram o décimo-primeiro título da Champions.CIAMBELLI (SIPA / Cordon Press)

A Champions League está no centro do futebol mundial. Não existe nenhum outro torneio anual com o mesmo impacto, principalmente quando começam as eliminatórias e, à diferença da fase de grupos, ninguém é apenas coadjuvante. Prova disso são as oitavas-de-final que começam esta semana, com os times espanhóis enfrentando equipes dos outros quatro melhores campeonatos nacionais da Europa. Real Madrid, Barcelona e Atlético de Madrid chegam carregando alguns problemas, certas sombras, e o Sevilla, antes mais seguro na Liga Europa, terá de enfrentar um nível bem mais elevado, que é o da Champions. Ainda assim, não há competição mais almejada do que essa para o Real Madrid, que, ao lado do Barcelona, conquistou cinco das últimas dez edições. Trata-se também do torneio que levou o Atlético a desfilar no principal palco do continente, com as finais de que participou nos últimos três anos.

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A força dos times espanhóis no contexto europeu é inquestionável. Só a Espanha tem quatro classificados para as oitavas. E não é menos importante a constância do Real Madrid e do Barcelona. Ao lado do Bayern, da Alemanha, são os únicos times dentre os dez últimos vencedores do torneio que passaram para esta fase: o Milan e a Inter - representantes da única cidade, Milão, que tem dois campeões -, assim como United e Chelsea, não chegaram nem perto.

Dados muito expressivos expressam o alto nível do torneio, que já tece 61 edições. Dos 486 participantes, apenas 22 (4,5%) levaram o título e somente 12 (2,5%) o fizeram mais de uma vez. Além disso, o sucesso esteve até agora limitado a dez “países” (separando-se os doze títulos ingleses daquele conquistado pelo Celtic, escocês). A força histórica da Copa da Europa, considerando todos os seus formatos ao longo dos anos, é tamanha, que capitais como Paris, Roma, Berlim, Bruxelas e Moscou jamais puderam levar a sua “orelhuda” para casa. E Londres teve de esperar até 2012, com o Chelsea, para fazer isso.

O conjunto de classificados para estas oitavas-de-final não deve nada aos anos anteriores. Há sete campeões e quatro finalistas. O PSG, primeiro adversário dos espanhóis, nunca foi nem uma coisa nem outra. Tendo à frente o técnico Unai Emery, um especialista que já passou por várias Europa League, o time receberá o Barcelona nesta terça-feira em Paris. Na capital francesa, as pressões têm aumentado desde 2011, quando a Qatar Investment Autority assumiu o controle do clube com o objetivo de levar o PSG a assumir o grande trono europeu. Até agora, o objetivo não foi alcançado, e, mais, na atual temporada o clube nem sequer lidera o campeonato francês.

Os classificados às oitavas de final não devem nada aos dos anos anteriores. Estão presentes sete campeões e quatro finalistas.

Com o reforço de Draxler, que chegou à equipe neste início de ano, Emery conseguiu uma boa melhora em um elenco no qual já se destacavam jogadores de peso como Thiago Silva, Verratti, Di María e Cavani. O treinador espanhol, tenaz e suscetível que é, parece ter conseguido ajustar a equipe nas últimas semanas, mas em Paris a urgência está sempre presente, mesmo quando se trata de enfrentar Messi e os seus. A pressa catariana marca o PSG.

É exatamente o oposto do que acontece com o Napoli, que enfrenta o Real Madrid no estádio de Santiago Bernabéu nesta quarta-feira. Sob a tutela do técnico Maurizio Sarri, a grandeza está de volta ao San Paolo, onde os torcedores vibram como só acontecia nos tempos de Maradona. Embora ainda esteja longe da Juventus, que manda no futebol italiano com mãos de ferro, o Napoli conseguiu se firmar no escalão superior do futebol do país com um time versátil, dinâmico e sedutor. Em torno de Reina, Albiol e Callejón, Sarri abriu espaço para jogadores como Insigne, Mertens e Hamsik, que têm propiciados apresentações bem melhores. Com isso, o Nápoles ataca melhor do que defende. E, como seu técnico já deu a entender, sua permanência no torneio dependerá muito mais do desempenho em Chamartín. E Sarri está certo: são poucas as equipes - novatas ou veteranas - que não sucumbem ao peso histórico do Bernabéu.

As ameaças do Atlético e do Sevilla

Na próxima semana, os desafios serão para o Atlético de Madrid e o Sevilla, contra, respectivamente, Leverkusen e Leicester. Os alemães de Roger Schmidt não estão muito bem na Bundesliga, mas deixam o time de Simeone, ao qual não deram moleza em 2015, em forte estado de alerta. Pois foi só na disputa de pênaltis, no Calderón, que os “colchoneros” conseguiram passar por eles para chegar às quartas-de-final no ano passado. O Leverkusen não teve muitas mudanças desde então; Chicharito, assim como o time todo, não está em boa fase.

A performance do Leicester na última Premier League foi tão incrível quanto a sua queda nesta temporada.

Mais atípico é o caso do Leicester, que ainda comemora o título do Campeonato Inglês que jamais havia sonhado conquistar e o avanço, agora, para as oitavas da Champions. Mas a performance do time na Premier League passada foi tão extraordinária quanto é agora a sua queda nesta temporada, como se voltasse à realidade, correndo o risco até mesmo de cair para a segunda divisão. Não é um caso único. A Champions cobra caro de quem não está familiarizado com títulos. Basta lembrar dos descensos do Villareal e do Celta quando tiveram de jogar os dois torneios ao mesmo tempo. Ou voltar aos casos do Mallorca, da Real Sociedad e do Betis, que não caíram por um triz.

A Champions League agita e entretém. Sua relevância não é um acaso, e ela tem sido o fio condutor das melhores histórias do futebol mundial, com o Real Madrid, atual detentor do título, à frente e Sergio Ramos encabeçando as últimas façanhas. Tendo diante de si o Real como o grande senhor do torneio, o Barcelona com as cartas na manga de Messi, o Atlético em plena combustão com Simeone e o emergente Sevilha de Sampaoli, mais uma vez a Europa se depara com a Liga espanhola, detentora de 16 títulos, sendo dez deles recentíssimos, sem nenhuma necessidade de se voltar para a era paleolítica do torneio para recordá-los.

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