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Trump acusa, sem provas, a imprensa de acobertar atentados na Europa

Casa Branca promete divulgar uma lista de ataques que não teriam sido adequadamente noticiados

Casa Branca promete divulgar uma lista de ataques que não teriam sido adequadamente noticiados.
Casa Branca promete divulgar uma lista de ataques que não teriam sido adequadamente noticiados.Borchuck, James (AP)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu mais um passo em sua ofensiva contra os meios de comunicação ao acusá-los, sem provas, de omitir a cobertura de atentados na Europa. O ataque foi parte do seu primeiro discurso às Forças Armadas, nesta segunda-feira, após alertar sobre a ameaça jihadista e prometer derrotá-la. “Viram o que aconteceu Paris, em Nice. Em toda a Europa está ocorrendo”, disse. “Chegou ao ponto em que nem se noticia mais. Em muitos casos, a desonestíssima imprensa não quer cobrir. Têm suas razões, e vocês entendem”, acrescentou, dirigindo-se a um grupo de oficiais.

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Em sua visita à base aérea de MacDill (Flórida), onde se reuniu com os responsáveis pela campanha contra o Estado Islâmico, Trump não entrou em detalhes. Mas seu porta-voz, Sean Spicer, prometeu posteriormente que a Casa Branca divulgará uma lista de ataques que considera “não terem recebido a cobertura que mereciam”.

O porta-voz, que mantém uma relação tensa com a imprensa, queixou-se de que os jornalistas estariam dando mais destaque a alguns protestos do que a atentados que são impedidos pelas autoridades. Disse que o mesmo acontece com algumas das decisões tomadas por Trump nas duas primeiras semanas do seu mandato. O republicano enfrenta uma avalanche de críticas e um bloqueio judicial por causa do veto temporário que impôs à entrada de cidadãos de sete países de maioria muçulmana, uma medida que acompanha o seu discurso de pulso firme contra a imigração, que adotou quando candidato.

Como já fez durante toda sua campanha, Trump mantém como presidente os ataques à imprensa. “Estou envolvido numa guerra com a mídia. Eles [jornalistas] estão entre os seres humanos mais desonestos da Terra”, disse o mandatário na sede da CIA, no segundo dia de seu Governo.

Sean Spicer acusou, naquela ocasião, os jornalistas de terem escondido o verdadeiro número de espectadores presentes à posse. A assessora Kellyanne Conway justificou essa discrepância alegando que o Governo teria em mãos “fatos alternativos”, que ela não detalhou.

“Estou envolvido numa guerra com a mídia. Eles [jornalistas] estão entre os seres humanos mais desonestos da Terra”, disse Trump

Na semana passada, Conway voltou a criar polêmica ao dizer que, durante o Governo de Barack Obama, dois iraquianos se radicalizaram e foram os mentores “do massacre de Bowling Green”, mas que a maioria das pessoas não sabe disso por não ter sido informada pela imprensa. A verdade, porém, é que esse massacre nunca aconteceu, como a própria Conway admitiu depois. Dois cidadãos iraquianos foram detidos em 2011 na localidade de Bowling Green (Kentucky), mas nunca cometeram um atentado nos EUA.

Respaldo à OTAN

Por outro lado, Trump abandonou suas críticas à OTAN, aliança militar qualificada por ele há algumas semanas como “obsoleta”. No seu discurso da Flórida, disse “apoiar fortemente” a aliança atlântica, mas insistiu no apelo a todos os seus membros para que ampliem sua contribuição. Só cinco dos 28 países participantes investem pelo menos 2% do seu orçamento em defesa, como sugere a organização.

A Casa Branca anunciou no domingo que Trump havia conversado por telefone com o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, e irá em maio à cúpula da organização. Nesse telefonema, ambos teriam falado sobre “como estimular todos os aliados da OTAN a cumprirem os compromissos de gastos de defesa” e encontrar uma solução pacífica para o conflito no leste da Ucrânia, alvo de ambições territoriais russas.

Numa entrevista uma semana antes da sua posse, que ocorreu em 20 de janeiro, o republicano descreveu a OTAN como uma organização “obsoleta”, por ter sido fundada há “muitos e muitos anos”. As declarações de Trump inquietaram os sócios europeus da OTAN, criada em 1949 como um guarda-chuva de defesa coletiva contra a ameaça soviética. Durante a campanha eleitoral, o republicano questionou o compromisso de defender os aliados da OTAN em caso de ataque e disse que a aliança deveria se empenhar mais na luta contra o terrorismo.

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