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Casa Branca recua e adverte a Israel que assentamentos não contribuem para a paz

Porta-voz do Governo dos EUA tenta minimizar posteriormente mudança de discurso de Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, relativizou nesta quinta-feira sua posição sobre o conflito entre Israel e a Palestina, alertando ao Governo de Benjamin Netanyahu que a construção de novos assentamentos judaicos “pode não ser útil para a paz”. Em nota posterior, porém, o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, disse que a Administração Trump ainda não adotou nenhuma posição oficial a respeito e não acredita que a existência de assentamentos impeça a paz.

Construção de casas israelenses no norte de Ramallah.
Construção de casas israelenses no norte de Ramallah. THOMAS COEX (AFP)

O comunicado representa uma mudança na posição que Trump manteve nos últimos meses, durante a campanha eleitoral e depois das eleições de 8 de novembro. Até agora, ele parecia dar sinal verde a Netanyahu para a construção de novos assentamentos na Cisjordânia, contrariando a posição adotada por Governos anteriores dos EUA, fossem eles democratas ou republicanos. É a primeira declaração pública da Casa Branca sobre Israel desde a posse de Trump, em 20 de janeiro.

Durante a campanha, o então candidato republicano prometeu que, se vencesse a eleição, os EUA seriam mais ativos na defesa de Israel do que foram no Governo Obama. O Partido Republicano retirou do seu programa, na alusão ao conflito do Oriente Médio, a referência à solução com dois Estados, um israelense e outro palestino. Semanas antes de assumir a presidência, Trump exigiu que o Governo Obama vetasse a resolução das Nações Unidas que denunciava os assentamentos judaicos.

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“Apesar de não considerarmos que os assentamentos existentes sejam um obstáculo à paz, a construção de novos assentamentos ou a expansão dos já existentes além das suas fronteiras atuais podem não contribuir para alcançar esse objetivo”, diz a nota publicada na noite de quinta-feira. Desde a chegada de Trump à Casa Branca, em 20 de janeiro, o Governo de Netanyahu aprovou a construção de mais de 5.000 novas moradias em assentamentos judaicos no território palestino.

O comunicado de Trump relativiza as posições defendidas por seu candidato a embaixador em Israel, David Friedman, que defende a legalidade dos assentamentos na Cisjordânia. Friedman, próximo à ala direitista da política israelense, foi assessor da campanha de Trump e defende a transferência da Embaixada dos EUA de Tel Aviv para Jerusalém – tema que se transformou em uma das principais promessas da campanha, mas sobre o qual nem a Casa Branca nem o Departamento de Estado se pronunciaram até agora.

“Como expressou em várias ocasiões, o presidente tem a esperança de conseguir a paz no Oriente Médio”, acrescenta o porta-voz. O texto reconhece que “a Administração Trump ainda não adotou uma postura oficial” a respeito dos assentamentos e que espera discutir o assunto durante a próxima visita do primeiro-ministro israelense à Casa Branca, no dia 15. Netanyahu conversou por telefone nesta quinta-feira com Rex Tillerson, o novo secretário de Estado norte-americano, mas não se sabe se eles discutiram a questão dos assentamentos israelenses.

A embaixadora de EUA ante Nações Unidas culpa a Rússia da violência na Ucrânia

C. F. P.

Nikki Haley, representante dos Estados Unidos para a Organização das Nações Unidas, responsabilizou Moscou, na quinta-feira, pela recente onda de violência no leste da Ucrânia e alertou que Washington não suspenderá as sanções à Rússia até que o controle da região da Crimeia seja devolvido ao governo de Kiev.

“É uma infelicidade que em minha primeira intervenção deva condenar as ações agressivas da Rússia”, declarou Haley em sua primeira participação diante do Conselho de Segurança da ONU. “Não deveria acontecer. Queremos ter uma relação melhor com a Rússia. No entanto, a alarmante situação no Leste da Ucrânia exige uma condenação forte e clara das ações russas.”

Haley pediu “o fim imediato” da ocupação da Crimeia por parte da Rússia e declarou que a península “faz parte da Ucrânia”. Tanto os EUA como outros poderes ocidentais impuseram sanções a Moscou em 2014 depois de declarar seu apoio aos separatistas pró-russos e anexar a região ucraniana.

As declarações de Haley ocorrem em meio a intensas especulações sobre o rumo que a diplomacia entre Washington e Moscou tomarão sob a presidência de Trump. O governante republicano declarou que quer ter uma boa relação com seu correspondente russo enquanto as agências de inteligência norte-americanas acusaram o presidente Vladimir Putin de orquestrar uma campanha para tentar influir nas eleições passadas em favor do magnata.

Na quinta-feira, dia 2, o embaixador russo para a ONU, Vitaly Churkin, afirmou que as palavras de Haley “foram suficientemente amáveis, levando em conta as circunstâncias e o assunto em discussão”. Churkin acrescentou que “se houver uma oportunidade para se estabelecer melhores relações com os EUA, deveríamos aproveitá-la”.

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