Grave erro de Teerã
O Irã deve respeitar o tratado nuclear e não realizar mais testes de mísseis balísticos
O teste de um míssil balístico capaz de transportar ogivas nucleares constitui uma temerária e desnecessária provocação por parte do regime de Teerã, que em 2016 se comprometeu perante a comunidade internacional, após um longo e trabalhoso processo para deter seu programa nuclear com fins militares.
A realização desse acordo – vencendo inúmeros obstáculos e resistências – foi uma vitória indiscutível da comunidade internacional. Em particular, do então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que, desafiando as vozes partidárias de uma ação punitiva contra o Irã, optou pelo diálogo como a maneira mais eficaz de solucionar um grave problema de segurança, não só para o Oriente Médio, mas para o mundo inteiro.
O regime iraniano deve compreender, em primeiro lugar, que não pode continuar ancorado na velha e estéril retórica do enfrentamento permanente com o Ocidente. As declarações de seu Governo – de que o lançamento não viola qualquer resolução ou tratado da ONU e que nenhuma organização internacional tem direito de decidir sobre seu programa de mísseis – são inaceitáveis. O Irã tem a obrigação de respeitar o tratado assinado e, portanto, de permitir a verificação internacional do seu cumprimento. Isso porque, entre outras razões, tal acordo permitiu romper o isolamento que o país enfrentava e afastou a possibilidade de uma devastadora guerra no Oriente Médio.
Além disso, Teerã deveria ser consciente de que, com a mudança de Governo nos EUA, numerosos atores esperam por qualquer sinal que lhes permita garantir que o tratado não tem valor. Infelizmente, isso não é uma especulação. Donald Trump não demorou a reagir, via Twitter, lembrando que o regime iraniano foi advertido quanto à prova realizada. E, como sinal da sua disposição em manter uma política de aproximação, o novo ocupante da Casa Branca disse que o Irã deveria agradecer por ter assinado o “desastroso” acordo quando já estava “nas últimas”. O melhor para todos é que o Irã cumpra com o seu compromisso e deixe de realizar os testes.