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A ascensão de Steve Bannon, o homem que sussurra no ouvido de Trump

O ex-diretor do site 'Breitbart', que divulga ideias da direita supremacista mais radical, ocupará um cargo no Conselho de Segurança Nacional

Trump com Bannon na semana passada.
Trump com Bannon na semana passada.M. NGAN (AFP)

Stephen Bannon, o ex-diretor do site Breitbart News e assessor do presidente Donald Trump, ocupará uma vaga no Conselho de Segurança Nacional. Bannon, cuja publicação divulga ideias da direita supremacista mais radical dos Estados Unidos, terá assim um posto permanente no órgão que assessora Trump em termos de segurança nacional, política exterior e luta antiterrorista. Ao mesmo tempo, Trump rebaixou o Diretor Nacional de Inteligência e o Chefe do Estado Maior Conjunto do Exército, que tiveram suas responsabilidades reduzidas.

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A nomeação do assessor mais controverso de Trump estava incluída na ordem executiva assinada pelo presidente no sábado para reorganizar o Conselho de Segurança Nacional. O Diretor Nacional de Inteligência e o Chefe do Estado Maior Conjunto do Exército só irão às reuniões correspondentes a suas áreas, enquanto nas Administrações anteriores participavam de todos os encontros. O grupo é liderado por Mark Flynn, um dos primeiros a apoiar Trump durante as eleições e agora também assessor do presidente.

A ascensão de Bannon confirma sua enorme influência na Casa Branca de Trump. A ele é atribuída a redação de parte do discurso de posse, em 20 de dezembro, e a defesa do populismo e do nacionalismo como eixos ideológicos da presidência.

Bannon, responsável pela campanha eleitoral do republicano, defendeu publicamente posturas contrárias aos muçulmanos e é o estrategista por trás do veto migratório aprovado pelo presidente na sexta-feira passada, dia 27, segundo fontes consultadas pela emissora de TV CNN. Estas fontes afirmam que ele teria ignorado as recomendações do Departamento de Segurança Nacional para excluir desde o princípio os residentes legais nascidos nos países vetados.

As fontes republicanas da CNN asseguram que Bannon “deu as ordens” quanto a se o decreto presidencial afetaria as pessoas de posse de green card ou visto de residência. Trata-se da cláusula que mais confusão criou nos aeroportos durante as últimas 48 horas, já que obriga a submeterem-se a um “veto extremo” os residentes legais a quem a assinatura do decreto surpreendeu em seu país de origem, apesar de terem vivido e trabalhado nos EUA por mais de uma década.

A ordem de Trump afirma que “as ameaças de segurança enfrentadas pelos Estados Unidos no século XXI transcendem as fronteiras internacionais. Consequentemente, as estruturas para a tomada de decisão do Governo e os processos para responder a esses desafios devem se manter igualmente flexíveis”. O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, defendeu neste domingo na televisão que Bannon “foi um oficial da marinha” e que merece o cargo porque “tem um conhecimento tremendo do mundo e da situação geopolítica atual”.

Para além dessa experiência, Bannon é também o assessor cuja nomeação, inclusive no momento de se tornar diretor da campanha de Trump, causou surpresa entre muitos norte-americanos. Bannon era diretor do site Breitbart News, fonte de informações antissemitas, xenófobas e misóginas que se consolidou entre as publicações mais conservadoras dos EUA.

O Breitbart News se apresentou sob a direção de Bannon como a plataforma de consagração da alt-right, a direita alternativa que encontrou na Internet um novo catalisador de sua causa supremacista. O site divulgou desde algumas das maiores fraudes que circularam durante as eleições até mentiras como a suposta celebração de muçulmanos em Nova Jersey depois dos atentados de 11 de Setembro de 2001, uma informação que Donald Trump compartilhou em seu perfil do Twitter.

Susan Rice, assessora de Segurança Nacional na Administração Obama, qualificou a decisão de “loucura” em uma mensagem no Twitter na qual também perguntou retoricamente: “Para que necessitamos do assessoramento do Exército ou da Inteligência?” A embaixadora dos EUA nas Nações Unidas reenviou uma mensagem de outro usuário na qual se afirma que “Trump gosta tanto do exército que os expulsou do Conselho de Segurança Nacional e colocou um nazista em seu lugar”.

Esta semana, Bannon realizou um de seus ataques mais diretos contra a imprensa norte-americana ao declarar ao The New York Times que são “o partido da oposição” e que “deveriam manter a boca fechada”. O assessor do presidente afirma que a mídia “elitista” se enganou ao não antecipar a vitória de Trump nas eleições.

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