_
_
_
_
_

Lista de indicados ao Oscar 2017 é a mais plural em uma década

Em um ano dominado por "La La Land", "Moonlight: Sob a Luz do Luar" recebe 9 indicações

Cena do filme 'Estrelas Além do Tempo'.
Cena do filme 'Estrelas Além do Tempo'.
Mais informações
A emocionante dedicatória de Viola Davis a seu pai, vítima do racismo nos 50
Os 67 anos de Meryl Streep em dez histórias
A arma secreta dos Estados Unidos na corrida espacial
A crise do ‘Oscar branco’ põe Hollywood no divã

Os Oscars mais brancos ficaram no passado. A nova edição dos prêmios mais cobiçados da indústria cinematográfica mostrou este ano sua verdadeira cor, a da diversidade. Uma edição histórica com a lista de candidatos mais plural em uma década. Como se estivesse preparada (embora a ordem fosse alfabética), a Academia começou a leitura de suas indicações com Mahershala Ali como melhor ator coadjuvante e terminou com Moonlight: Sob a Luz do Luar como um dos nove indicados a melhor filme do ano. No meio, como era esperado, La La Land: Cantando Estações varreu em todas as categorias que pôde, com um total de 14 indicações, o que coloca esta carta de amor à velha Hollywood e à cidade de Los Angeles em um empate histórico com Titanic e A Malvada. Mas nesta edição todas as categorias artísticas mostraram a pluralidade racial que brilhou por sua ausência nos últimos dois anos.

Era o objetivo da Academia. A presidenta Cheryl Boone Isaacs, a única negra na diretoria, havia prometido “mudanças substanciais” na organização depois de ter sido duramente criticada como um grupo de homens brancos de idade avançada. O lema era diversidade. E a ação, convidar uma nova safra de membros onde 30 por cento fossem mulheres e 15 por cento não brancos. Os candidatos ao Oscar de 2017 mostram que o esforço deu seus frutos.

Hoje, a Academia fez história em várias categorias. Entre elas a de melhor roteiro adaptado no qual, pela primeira vez, foram indicados três autores negros: Barry Jenkins e Tarell McCraney por Moonlight e o falecido August Wilson por Fences. Contra a grande quantidade de meios, música e cores de La La Land, a história intimista de Moonlight conseguiu um total de oito indicações ao Oscar: melhor filme, roteiro adaptado, melhor ator coadjuvante (Ali), fotografia, montagem, trilha sonora, direção (também para Jenkins) e atriz coadjuvante para Naomie Harris. No caso de Fences, a última obra de Denzel Washington como diretor conseguiu um total de quatro indicações, incluindo melhor ator para Washington e Viola Davis como melhor atriz coadjuvante, além de filme e roteiro adaptado. A categoria de melhor atriz coadjuvante também fez história com três candidatas negras e, junto com Harris e Davis, está Octavia Spencer, novamente candidata ao Oscar, desta vez por seu trabalho em Estrelas Além do Tempo, filme centrado na história real de um grupo de matemáticas negras cuja ajuda foi fundamental na corrida espacial em meio a uma América segregada.

Outra categoria histórica foi a de melhor documentário, na qual três das obras refletiram diferentes aspectos da sociedade norte-americana e suas relações raciais. Desta forma competem pela estatueta obras do calibre social e cinematográfico de A 13ª Emenda, de Ava DuVernay, I Am Not Your Negro, de Raoul Peck e O.J.: Made in America, de Ezra Edelman. E com a novamente indicada Meryl Streep batendo seus próprios recordes, a Academia reconheceu o trabalho da recém-chegada Ruth Negga, como melhor atriz com Loving.

A diversidade não se limitou a refletir o talento afro-americano no cinema. Sua presença se estendeu a atores como Dev Patel, nascido em Londres de pais quenianos com raízes na Índia, que defende a candidatura como melhor ator coadjuvante por Lion – Uma Jornada para Casa, filme que narra a história de um menino perdido em busca de suas origens.

Apesar dos esforços da Academia para retratar os hispânicos, contando com dois pesos pesados — os mexicanos Guillermo del Toro e Demian Bichir — no anúncio das categorias, neste Oscar não se falou espanhol. Ou, melhor dizendo, não se falou muito espanhol. Porque embora tenham faltado produções em espanhol na categoria de melhor filme em língua não inglesa, e o chileno Pablo Larraín não tenha conseguido ser indicado como melhor diretor por Jackie, houve quem representasse o idioma de Cervantes. Entre eles esse amálgama de ator que é Viggo Mortensen, nova-iorquino de pai dinamarquês que viveu na Venezuela, Argentina e, agora, em Madri.

Mortensen volta a passar este ano pelo Oscar, a segunda candidatura de sua carreira, neste caso graças ao filme Capitão Fantástico. O espaço anualmente reservado para o três vezes ganhador do Oscar como diretor de fotografia, o mexicano Emmanuel Lubezki, foi ocupado nesta edição pelo também “defeituoso” (como são chamados com humor os nascidos no Distrito Federal mexicano) Rodrigo Prieto pela maravilha de seu trabalho no último filme de Martin Scorsese, Silêncio. Além disso, o espanhol Juanjo Giménez conseguiu uma candidatura a melhor curta-metragem pelo humor de Timecode. E até La La Land contou com essa gota espanhola inserida por Anele Onyekwere Gómez na produção. Natural de Baza, de pai nigeriano, ele foi montador de som adicional, reforço em um projeto que agora fez história com suas 14 candidaturas, incluindo a de montagem de som.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_