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Theresa May vai discutir com Trump novo acordo comercial pós ‘Brexit’

Primeira-ministra britânica, que viaja para Washington na próxima semana, será a primeira líder mundial a se encontrar com o novo presidente

Pablo Guimón
A primeira-ministra britânica, Theresa May.
A primeira-ministra britânica, Theresa May.NEIL HALL (REUTERS)

Theresa May, primeira-ministra britânica, vai viajar a Washington esta semana para se reunir com o o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segundo confirmação da Casa Branca. Em plena campanha por reivindicar a vocação global de um Reino Unido pós Brexit, May procura uma vitória política ao se tornar a primeira líder internacional a se reunir com o mandatário depois de sua posse na sexta-feira.

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Na agenda da reunião estará o futuro acordo comercial entre EUA e Reino Unido, quando o país deixar a UE. Trump reconheceu, uma semana antes de tomar posse, que a realização deste acordo seria uma prioridade para seu Governo, em contraste com as palavras de seu predecessor, Barack Obama, que durante a campanha do referendo em junho passado, disse que o Reino Unido teria que se colocar “no fim da fila” para assinar um acordo comercial com os EUA após o Brexit. Está previsto, segundo informa a BBC, que Trump e May conversem também sobre defesa, OTAN, União Europeia e Rússia.

A confirmação da reunião dos dois líderes aconteceu enquanto dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas nos Estados Unidos, na multitudinária Marcha da Mulher, em protesto contra o novo presidente. Na parte da manhã, na BBC, Theresa May afirmou que não terá medo de responder a Donald Trump se este disser ou fizer algo que a primeira-ministra considere “inaceitável”. May se gabou de ter “um forte histórico” em defesa dos direitos das mulheres. “Já disse que alguns comentários que Donald Trump fez sobre as mulheres durante sua campanha foram inaceitáveis. Ele já se desculpou por alguns deles”, acrescentou. A relação especial entre os dois países, defende May, permite tratar de questões sensíveis.

Precisamente essa relação especial foi sendo armada de maneira no mínimo exótica desde que o atual presidente ganhou as eleições no último dia 8 de novembro. Após ser proclamado vencedor, Trump falou por telefone com nove líderes mundiais antes que com Theresa May. E ela teve de suportar o desprezo do presidente eleito que recebeu na Trump Tower – antes dela e antes que, de fato, qualquer outro político europeu – a Nigel Farage, líder do UKIP antieuropeu e populista. Como se fosse pouco, no fim de semana passado, o The Times publicou uma entrevista com o ainda presidente eleito assinada, junto com um jornalista alemão, por Michael Gove, ex-ministro britânico, ex-rival de May na batalha pela liderança conservadora, a quem a primeira-ministra excluiu do seu Governo.

Com a visita desta semana, que provavelmente será realizada na sexta-feira, a relação especial volta aos trilhos convencionais. Tanto Tony Blair quanto Gordon Brown foram os primeiros líderes europeus a se reunir, respectivamente, com George W. Bush em 2001 e Barack Obama em 2009. Mas os tempos turbulentos atuais vão dotar a reunião de May com Trump de um maior simbolismo e a primeira-ministra, ignorada em fóruns continentais como o de Davos, na semana passada, recebe um conveniente apoio semanas antes de iniciar as negociações do Brexit.

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