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Trump se mostra favorável a suspender sanções contra a Rússia

Assessor de Trump e embaixador russo se falaram no dia em que foram impostas novas represálias

Donald Trump na Trump Tower em 13 de janeiro.
Donald Trump na Trump Tower em 13 de janeiro.Evan Vucci (AP)

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, se mostrou favorável ao fim das sanções impostas à Rússia caso o Kremlin colabore com a luta contra o terrorismo e em outros objetivos. Em entrevista ao The Wall Street Journal divulgada na noite passada, Trump afirmou que manterá intactas as penalidades aplicadas “pelo menos por algum tempo”.

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“Se você se dá bem com a Rússia e eles estão realmente nos ajudando, por que manter as sanções quando fazem a coisa certa?”, questionou-se Trump na entrevista, em referência à política antiterrorista e a outros objetivos em comum.

As declarações de Trump coincidem com a revelação de que Michael Flynn, escolhido como seu assessor de Segurança Nacional, teve cinco conversas telefônicas com o embaixador russo em Washington, Sergei Kislyak, no mesmo dia em que os EUA baixaram novas sanções contra Moscou por causa de sua interferência nas eleições presidenciais de novembro passado, segundo confirmaram três fontes próximas a Flynn — um general de três estrelas reformado que se destaca por seu discurso islamofóbico e sua afinidade com a Rússia.

Segundo essas fontes, que não detalharam de quem partiu a iniciativa dos telefonemas, essas conversas ocorreram no momento em que a embaixada russa foi avisada das sanções e em que o presidente Vladimir Putin anunciava que não adotaria represálias por causa disso.

Esses diálogos reativam o debate sobre a relação entre Trump, seu entorno e a administração russa num contexto em que as agências de inteligência dos EUA afirmam que Moscou impulsionou uma campanha via hackers para aumentar as chances do magnata republicano diante de sua concorrente democrata, Hillary Clinton.

Flynn, à esquerda, na Trump Tower, em 4 de janeiro.
Flynn, à esquerda, na Trump Tower, em 4 de janeiro.MIKE SEGAR (REUTERS)

Com base nessas informações, a Casa Branca anunciou em 29 de dezembro uma série de represálias contra a Rússia, incluindo sanções econômicas e a expulsão de 35 diplomatas, além de informar que outras medidas seriam aplicadas secretamente.

“Informação logística”

Um porta-voz da equipe do presidente eleito, Sean Spicer, confirmou que houve uma conversa telefônica entre Flynn, um general reformado, e Kislyak, mas que ela objetivava “apenas” organizar um futuro contato telefônico entre Trump e o presidente russo, Vladimir Putin.

“Eles trocaram apenas informação logística”, acrescentou o porta-voz, ao responder a questões feitas sobre os relatórios publicados na quinta-feira por meios de comunicação dando conta de que os telefonemas poderiam ter implicações legais. As informações a respeito de quando essas chamadas teriam ocorrido são contraditórias. As fontes, citadas pela agência Reuters, afirmam desconhecer qual foi o assunto tratado nelas. Mas tais conversas poderiam significar uma violação de uma lei de 1799 que proíbe os norte-americanos de estabelecer negociações sem autorização com governos estrangeiros que tenham entrado em conflito com os EUA.

De seu lado, o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse na sexta-feira que não está claro se as conversas ocorridas entre Flynn e o embaixador russo são realmente passíveis de questionamento legal. “Depende do que foi dito nelas”, disse. Um porta-voz da embaixada russa se negou a falar sobre o conteúdo dos telefonemas.

Flynn gerou uma forte polêmica no ano passado ao participar de uma cerimônia do canal de TV Russia Today (RT), acusado de ser um braço da propaganda do Kremlin, em que se sentou ao lado do presidente Vladimir Putin. O militar admitiu ter recebido dinheiro para fazer a viagem e argumentou que não via nenhuma diferença entre a RT e as redes norte-americanas, como a CNN. O ex-general, no entanto, também expressou ceticismo quanto às intenções de Moscou, visão que não parece muito afinada com a de Trump.

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