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Onda de frio na Europa causa 24 mortes e problemas no transporte

Dez mortes foram registradas na Polônia, oito na Itália, três na República Tcheca, duas na Bulgária e uma na Grécia

Neve em campo de refugiados de Moira, na ilha de Lesbos, na Grécia.
Neve em campo de refugiados de Moira, na ilha de Lesbos, na Grécia.STRATIS BALASKAS (EFE)
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A onda de frio que atinge a Europa, da Rússia à Grécia, com temperaturas mínimas históricas e fortes nevascas, já deixou 24 mortos e cobriu de branco até mesmo as ilhas gregas e o sul da Itália. Entre as mortes, 10 foram registradas na Polônia, oito na Itália, três na República Tcheca, duas em Bulgária e uma na Grécia.

Na Polônia, com temperaturas chegando a 25 graus negativos, morreram dez pessoas, de acordo com o centro de segurança do Governo. Desde novembro, o frio já matou 55 pessoas, às quais se somam 24 mortes por inalação de monóxido de carbono por aquecedores que tinham ascendido para combater as baixas temperaturas. As autoridades alertaram para o perigo do uso de estufas antigas.

Na Itália, o Departamento de Proteção Civil mantém neste domingo a alerta por onda de frio que afeta todo o país, com intensidade especial no centro e no sul, onde os acessos por rodovias, trem, avião e mar sofrem as consequências em forma de cancelamentos e atrasos. Os aeroportos da Sicília, Bari e Brindisi reabriram depois de estarem fechados no sábado, e os acessos por trem voltaram hoje à normalidade, exceto na Sicília, onde as fortes nevascas dificultavam o serviço entre Palermo e Catania durante a manhã de domingo, embora o tráfego tenha se restabelecido progressivamente ao lado do dia. Espera-se que as escolas da região continuem fechadas durante a segunda-feira.

A previsão é de que as baixas temperaturas continuem, e que as nevascas, já menos intensas que no sábado, comecem a parar neste domingo. O Departamento de Proteção Civil recomenda que os moradores só utilizem seus carros em casos de extrema necessidade. As previsões indicam que uma nova incidência acontecerá sobretudo sobre a costa adriática (no leste) e a região sul, com "persistência de temperaturas muito baixas e ventos fortes". As temperaturas continuaram abaixo de zero durante a noite em muitas cidades, sobretudo no norte, com 7 graus negativos em Verona e 2 negativos em Florença; na Sicília, a cidade de Catania (ao nível do mar) teve uma mínima de 3 graus, e na capital da ilha, Palermo, os termômetros apontaram 4 graus. Outras áreas, especialmente nas montanhas, registraram valores ainda mais baixos, como os 14 graus negativos de Cascia, no centro, e os 10 graus negativos de Accumoli, ambas na área atingida pelos fortes terremotos que causaram a morte de quase 300 pessoas em agosto do ano passado.

A situação nas áreas afetadas pelos tremores é especialmente complicada porque a neve dificulta a mobilidade, e as autoridades anunciaram que é obrigatório o uso de pneus de inverno e correntes nos locais próximos a Amatrice, uma das zonas destruídas pelos terremotos. Na capital Roma, a temperatura no início da tarde era de apenas dois graus e, com um céu encoberto, a sensação térmica é ainda menor, devido ao vento - um cenário que manteve congelada a água em parte de algumas fontes da Piazza Navona, da Fontana de Trevi e da Piazza Barberini.

Por enquanto, não há notícias de mais mortes como consequência do frio. Até o sábado, as informações davam conta de oito mortes, a maioria entre moradores de rua entre 46 e 66 anos. Duas das vítimas eram sem-tetos poloneses, além de um romeno, um indiano e os demais italianos, entre eles uma mulher que sofreu uma queda após escorregar no gelo. A última morte registrada foi a de um homem de 81 anos, que sofria do Mal de Alzheimer e havia saído de casa sem avisar ninguém, e apareceu morto por hipotermia em Capriano, no norte de Milão.

A Turquia também tem sido gravemente afetada, com o estreito de Bósforo fechado para trânsito depois de uma forte tempestade de neve que atingiu Istambul. O temporal obrigou a Turkish Airlines a cancelar 633 voos nacionais e internacionais no país neste domingo, a maior parte em Istambul. Cerca de 10.000 passageiros que viajavam para Istambul tiveram de se hospedar em hotéis devido a desvios em seus voos, e outras 5.000 pessoas não puderam sair da cidade e também tiveram de se alojar até que a situação melhore. De acordo com a mídia local, a Turkish Airlines cancelou todos os voos nacionais até as 19h locais (14h de Brasília). Várias conexões internacionais foram afetadas, a maioria do centro da Europa.

A Rússia viveu seu fim de ano mais frio nos últimos 120 anos. Na capital Moscou, o termômetro marcou 28,5 graus negativos na noite de sábado, segundo a agência Tass. De acordo com os meteorologistas, as temperaturas estão entre 12 e 15 graus abaixo da média normal para esta época do ano, mas a previsão era ainda pior, em torno de 40 graus negativos. Nos aeroportos de Sheremetievo e Domodedovo, em Moscou, mais de 80 voos foram cancelados. As previsões indicam que, a partir de segunda-feira, a temperatura voltará a subir.

Na Grécia, onde o inverno geralmente é suave, foram registradas temperaturas de até 15 graus negativos no norte do país, onde um imigrante afegão morreu de frio na semana passada, e as estradas foram palco de inúmeros acidentes. Em Atenas, os termômetros não passam de 0 grau, enquanto várias ilhas, algumas cheias de campos de refugiados, estão cobertas de neve. O ministro de Migração grego, Yannis Muzalas, assegura que já não há "refugiados ou imigrantes vivendo no frio".

A capital da República Tcheca, Praga, teve a noite mais fria do inverno até agora, de acordo com as autoridades, e três pessoas morreram, duas delas sem-teto. A temperatura mais baixa, de 34 graus negativos, foi registrada em Sumava, perto da fronteira com a Alemanha. Na Bulgária, dois imigrantes iraquianos foram encontrados mortos em um parque no sudeste do país.

Na Alemanha, a frente fria, chamada de Axel, fez a temperatura despencar para 31 graus negativos e cobriu de gelo principalmente o norte do país, causando inúmeros acidentes. Em Marienberg-Kühnhaide, na Saxônia, foram registrados 31,4 graus negativos, enquanto na Bavária, nas cidades de Reit im Winkl e Schorndorf, os termômetros mostraram 26 graus abaixo de zero. "Não saiam de casa!", foi o aviso do serviço meteorológico estatal de Mecklemburgo-Pomerania Ocidental à população. Em Braunlage, na Baixa Saxônia, um grupo de jovens aproveitou a rua congelada para fazer derrapagens com um carro - a brincadeira acabou com o atropelamento de duas mulheres; uma delas está internada em estado grave. Para o início da semana, espera-se um aumento na temperatura, com exceção do leste e do sudeste do país, onde o gelo continuará.

Na Hungria, o frio já causou a morte de 80 pessoas até o fim de dezembro, contra 45 no mesmo período do ano anterior, de acordo com os dados da ONG Foro Social Húngaro. Embora durante este inverno nenhuma onda de frio tenha sido registrada, os serviços de meteorologia advertem que, a partir deste domingo até o fim da semana, haverá temperaturas de até 24 graus abaixo de zero nas regiões do leste do país. O Serviço Nacional de Meteorologia decretou estado de alerta por frio extremo em cinco das 19 províncias do país, e os ventos gelados chegaram à marca de 90 quilômetros por hora.

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