_
_
_
_
_

Exército sírio parte em duas a frente rebelde de Aleppo

Insurgentes perdem vários distritos em sua maior derrota na dividida cidade do norte

Bombardeio do regime sírio sobre um bairro rebelde de Aleppo.
Bombardeio do regime sírio sobre um bairro rebelde de Aleppo.ABDALRHMAN ISMAIL (REUTERS)
Juan Carlos Sanz

Bashar al-Assad começa a ver funcionar sua estratégia de se apoderar das cidades – a chamada Síria útil –, enquanto deixa de lado os insurgentes nas áreas rurais. O Exército governamental finalizou na segunda-feira a ofensiva para partir em duas a frente insurgente de Aleppo, uma cidade dividida desde 2012, de acordo com confirmação do Observatório Sírio para os Direitos Humanos. Após a conquista dos distritos de Sakhur e Haidaria (nordeste), o regime voltou a ligar o aeroporto com o centro da cidade e deixou a oposição isolada em dois bolsões de bloqueios separados. Os rebeldes, que sofreram sua maior derrota em Aleppo em quatro anos, observam um êxodo massivo de civis que fogem a áreas seguras sob o controle militar enquanto suas linhas desmoronam.

Mais informações
Badia, moradora de Aleppo: “Hoje não há bombas, mas também não há comida”
Estados Unidos acusam a Rússia de atos de “barbárie” na Síria
Dilúvio de fogo em Aleppo

As milícias da Frente Síria Democrática, dirigidas pelos curdos, aproveitaram a confusão dos combates para ampliar seu território no noroeste da cidade. As unidades de Proteção do Povo (YPG nas siglas em curdo), que contam com o respaldo dos Estados Unidos, mantém uma atitude neutra em relação ao Exército sírio. As tropas governamentais já haviam se apoderado no sábado do distrito oriental de Hanano e no domingo também conquistaram os bairros limítrofes de Jabal Bardro e Baidin. Os rebeldes perderam um terço do território que controlavam desde o final de semana.

Para o regime de Damasco, que se apressa em consolidar seus avanços mediante a remoção das minas da frente de batalha, a vitória no nordeste de Aleppo é a consolidação de uma estratégia de meses. As forças governamentais cortaram em julho a principal linha de fornecimento dos insurgentes a partir da Turquia através da chamada estrada Castelo. Desde então, mais de 25.000 civis permanecem cercados no leste de Aleppo, onde as Nações Unidas não conseguiram enviar comboios com ajuda humanitária.

Apesar do contra-ataque do final de agosto, as milícias rebeldes não puderam reabrir a comunicação com o exterior. A ruptura da trégua de setembro confirmou a determinação do presidente Bashar al-Assad de reconquistar Aleppo a qualquer custo. Os mísseis e os barris-bomba de sua aviação arrasaram bairros inteiros. Mesmo que a Rússia negue intervir nos bombardeios aéreos de Aleppo, a oposição denunciou a participação de seus aviões nos ataques à cidade. Al Assad não luta sozinho, centenas de combatentes xiitas do Irã (Guardiães Revolucionários), Líbano (Hezbollah) e do Iraque (milícias) engrossaram suas fileiras.

A falta do fornecimento de armas e munições vindas da Turquia, o esgotamento das reservas de víveres e o colapso dos hospitais após os últimos ataques forçaram agora a retirada rebelde diante do imparável avanço do regime. Desde o início da ofensiva do Exército, no dia 15, 225 civis morreram, segundo a contagem do Observatório. Mais de 10.000 habitantes do leste fugiram da frente de combates, de acordo com a confirmação do Observatório sírio na segunda-feira, que possui informantes no local. A maioria se dirigiu à área governamental e à região controlada pelas milícias curdas.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_