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O futuro dos Estados Unidos será decidido por meia dúzia de Estados

Os candidatos se lançam em uma maratona frenética na qual a democrata tentará preservar sua vantagem sobre o republicano

David Goldman (AP)
M. B.

A quatro dias das eleições presidenciais, com os sinais de nervosismo em ambos os campos e confusão nas pesquisas, os candidatos à Casa Branca, a democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump, descarregam toda a munição em meia dúzia de Estados que escolherão o próximo presidente dos Estados Unidos. Já não se trata apenas de convencer novos eleitores, mas especialmente de mobilizar os atuais seguidores. Da Flórida a Ohio e da Pensilvânia a Nevada, os candidatos se lançam neste fim de semana em uma maratona frenética na qual Clinton tentará manter sua apertada vantagem sobre Trump.

Os itinerários dos candidatos refletem seus cálculos sobre onde acreditam que possam ganhar. Trump viajou nesta sexta-feira para New Hampshire, Ohio e Pensilvânia. Entre sábado e segunda-feira, será a vez da Flórida, Carolina do Norte, Nevada, Colorado, Iowa, Wisconsin e novamente New Hampshire, onde realizará o ato final de sua campanha. Clinton esteve na sexta-feira na Pensilvânia, Michigan e Ohio e, neste sábado, viaja para a Flórida. Na segunda-feira, Hillary e Obama encerram a campanha em Filadélfia.

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Trump conta um reduzido grupo de colaboradores: sua família e o aspirante a vice-presidente, Mike Pence. Nas últimas semanas, Hillary tem recebido o apoio do marido, o ex-presidente Bill Clinton, do atual presidente, Barack Obama, do vice-presidente, Joe Biden, do senador socialista e ex-rival nas primárias Bernie Sanders, da primeira-dama Michelle Obama... Um dream team com o qual poucos poderiam contar. Além de comícios em Estados-chave, o resultado pode ser influenciado pela habilidade de cada candidato de levar milhares de voluntários às ruas neste fim de semana e de bater de porta em porta para mobilizar seus potenciais eleitores.

Porém, raramente a eleição é decidida na reta final. Normalmente, as tendências que foram consolidadas nos meses anteriores são confirmadas nas urnas. Neste caso, isso significaria que Clinton derrotaria Trump.

Nunca, desde que conseguiram a nomeação de seus respectivos partidos em julho, a vantagem de Hillary correu perigo — uma vantagem pequena, mas confirmada por seguidas pesquisas —, nem sua outra vantagem, a da demografia. Este é um país que cada vez se parece mais com o eleitorado democrata — mais multicultural, mais hispânico — e menos com o republicano, cuja base mais sólida são homens brancos e de origem europeia.

Campanha sem precedentes

Mas a antipatia que Clinton desperta em amplos setores da população, inclusive entre os progressistas, a rejeição a algumas elites às quais a candidata democrata é inevitavelmente associada e a novidade do fenômeno Trump desaconselham qualquer previsão. Não há precedentes que permitam comparação: esta eleição é um experimento sobre o que acontece quando um ente estranho à política invade a campanha do país mais poderoso do planeta.

As notícias da semana passada mudaram os cálculos. O que parecia que seria um final de campanha em forma de passeio triunfal da democrata há dez dias tornou-se uma contagem regressiva agonizante. A interferência na campanha do FBI, uma instituição que deveria ficar à margem dos partidos, virou o tabuleiro.

Desde que, há uma semana, o diretor do FBI, James Comey, informou ao Congresso por carta que seus agentes investigariam alguns e-mails associados a Clinton, tudo mudou. Depois da carta de Comey, vazamentos de informações do FBI e de outras agências tentam prejudicar os candidatos.

Há dúvidas se esses e-mails acrescentariam novas informações a um caso que Comey já havia dado por encerrado: o uso indevido por Hillary de um servidor privado quando era secretária de Estado. Tampouco é claro seu efeito real nas pesquisas. Mas o caso colocou a candidata democrata na defensiva e tem ajudado os republicanos a ressuscitar o fantasma dos escândalos dos Clinton: o psicodrama de casos reais e inventados em que se tornou a presidência de Bill Clinton na década de noventa.

Trump alerta que o caso dos e-mails impedirá Hillary Clinton de governar com tranquilidade desde o primeiro dia. Clinton, que tem se esforçado durante meses para colocar o foco sobre as fraquezas políticas e pessoais de Trump, se encontra agora no papel de ser ela a que deve dar explicações.

Clinton acredita que seu muro de contenção — os Estados fiéis ao Partido Democrata, que têm maior peso nas eleições — possa evitar uma possível recuperação de Trump identificada nas pesquisas. E também acredita no muro de contenção demográfico: as minorias. Trump está confiante de que sua mensagem nacional-populista — o sintonizado radar que lhe permitiu se conectar com os anseios de um segmento da população branca que se sente menosprezada pelas elites — e a imagem de Clinton como uma figura política não confiável lhe permitam surpreender. No final, vencerá quem melhor houver interpretado e entendido as preocupações e sonhos do país.

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