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Brasil perderá o equivalente a todo o PIB do Paraguai (e o recuperará em 2017)

Economias do Chile e do Peru superarão a da Venezuela; República Dominicana tem o maior crescimento

Sede do FMI, em Washington.
Sede do FMI, em Washington.ZACH GIBSON (AFP)

A economia brasileira encolherá 64 bilhões de dólares neste ano, valor equivalente a todo o PIB do Paraguai. Apesar da contração de 3,3% no ano, a maior potência econômica da América do Sul continuará mantendo sem problemas sua liderança na região, e até 2018 já terá recuperado o que perdeu, elevando seu PIB a 3,3 trilhões de dólares.

É uma das muitas conclusões às quais chega o Fundo Monetário Internacional num relatório em que classifica todas as economias da América Latina. Nele, conclui-se que é uma região muito diversa, o que se reflete no rendimento econômico de cada país. Os movimentos no preço do petróleo, por exemplo, têm um efeito maior para a Colômbia, a Venezuela e o Equador do que para os demais. O mesmo ocorre com as flutuações das matérias-primas em razão do maior ou menor apetite chinês. E se o tombo é na demanda do grande vizinho do norte, quem mais sofre é o México. Aos fatores externos somam-se os problemas de cada país.

Essa heterogeneidade chega ao extremo quando se compara o produto interno bruto (PIB) do Brasil com o de Dominica, uma ilha do Caribe com menos 100.000 habitantes. Com uma riqueza de quase 3,2 trilhões de dólares no último exercício, a economia brasileira é a maior potência regional. As dificuldades que o país atravessa farão com que seu PIB diminua em 64 bilhões de dólares neste ano, o que equivale a juntar 80 Dominicas. O país caribenho aparece no rodapé da tabela, como a menor economia da América Latina e Caribe.

Não é preciso descer tanto na classificação do Fundo Monetário Internacional para observar essa diversidade. Bem na metade, em 15º. lugar, aparece o Paraguai, com um PIB que neste ano será similar ao valor que a recessão comerá no Brasil – cenário que antecede à previsão de recuperação em 2018.

O México é a segunda maior economia da América Latina, com uma riqueza que neste ano ficará em torno de 2,3 trilhões de dólares. Em seguida vem a Argentina, cuja economia está mergulhada num complexo processo de transição, com um PIB de 879,4 bilhões de dólares. A Colômbia é a quarta, com 690,4 bilhões. O pelotão dos líderes é encerrado pela Venezuela, que atravessa a pior conjuntura da região e é o segundo país mais castigado pela crise em todo mundo.

A economia venezuelana sofrerá uma contração de 10% neste ano, ficando em 468,6 bilhões de dólares. A recessão continuará em 2017 e 2018, quando deverá perder duas posições no ranking latino-americano, sendo ultrapassada por Chile e Peru (hoje a sexta e sétima maiores economias, respectivamente). A economia peruana é, aliás, um dos principais motores do subcontinente americano, com uma expansão de 3,7% prevista para este ano.

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É um rendimento similar ao da Bolívia, que aparece seis posições abaixo no ranking, com uma economia que equivale a apenas um quinto da peruana. Para 2017, a previsão para o Peru é de crescer num ritmo ainda maior, 4,1%. Mas, se o Brasil se destaca por seu tamanho, é a República Dominicana que demonstra mais vigor, com um crescimento estimado em 5,9% neste ano. O avanço permitirá que o país caribenho supere o Equador e se torne a oitava maior economia regional em 2018, atrás da Venezuela.

Essas são as únicas mudanças na classificação de países latino-americanos que irão ocorrer nos próximos dois anos. O Panamá, 11ª economia da região, é a segunda que mais cresce, com uma robusta taxa de 5,2% esperada para este ano. E a previsão é de que siga crescendo a um ritmo próximo a 6% durante os próximos cinco anos, o que faria com que o país se aproximasse, cada vez mais, em tamanho, à Guatemala, décima economia do grupo, que cresce a um ritmo de 3,5%.

Panamá e Guatemala são, junto com Nicarágua, que cresce a 4,5%, e Costa Rica, a 4,2%, os novos tigres de uma região que, este ano, sofrerá uma retração de 0,6%. O rendimento desses quatro países também é invejável quando comparado ao anêmico 1,6% dos Estados Unidos ou ao 1,7% da zona do euro. Além disso, são economicamente mais fortes do que a Espanha, por exemplo. A expansão dos tigres da América Latina supera, inclusive, a do conjunto dos países emergentes, que crescerão, em média, 4,2% este ano, e 4,8% em 2017. E embora Bolívia, Honduras e Paraguai não cheguem a tanto, também terão taxas de crescimento superiores a 3,5%.

O FMI se baseia neste grupo-cabeça para afirmar que a retração econômica na região parece estar chegando ao fim. Sua projeção é de um crescimento de 1,6% em 2017, em grande parte, graças à reativação da América do Sul. Este grupo passaria de uma contração de 2% a uma expansão de 1,1%. Resultados que se explicariam, também, pelo fato de que a Argentina passar de sofrer uma recessão de 1,8%, este ano, para crescer 2,7% no próximo. A América Central, por sua vez, alcançaria uma taxa de 4%.

As nações que representam um obstáculo

Todos os países, exceto Costa Rica, Haiti, Honduras e Paraguai, crescerão menos este ano do que em 2015. E as únicas economias que representarão um obstáculo para o crescimento da região durante os próximos dois anos seriam, além da Venezuela, Equador e Porto Rico, que se retrairiam, respectivamente, 2,5% e 1,6% ao ano, em media, nesse período. Além disso, o Uruguai, também ficou para trás ao escapar da recessão por apenas um décimo este ano, embora se acredite que será capaz de se recuperar em 2017, com um crescimento de 1,2%. Haiti e Chile apresentariam uma expansão de 1,5% e 1,7%, respectivamente.

Considerando um enfoque a médio prazo, em cinco anos, se projeta um crescimento de 2,7% para o conjunto da região. E o Panamá lideraria o grupo, com um crescimento de 6%, de acordo com as previsões do FMI. Esse seria o único rendimento acima de 5,1%, média estimada para as economias emergentes. Enquanto isso, as mais desenvolvidas estariam estancadas em 1,7%.

A República Dominicana seria a segunda que mais cresceria, com um índice de 4,5% em 2021. O terceiro lugar seria ocupado, conjuntamente, por Colômbia, Costa Rica, Guatemala e Nicarágua, com taxas individuais de 4%. Todos os países cresceriam, exceto a Venezuela. O Equador apresentaria uma expansão 1,5%, e Brasil e El Salvador não conseguiriam alcançar a média da região. O México estaria dois décimos acima do índice dos países latino-americanos, que seria superado pelo Uruguai.

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