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Base de Temer deve se fortalecer nas eleições enquanto PT perde espaço

PMDB e PSDB esperam crescimento. Pesquisas mostram que PT deve ser o maior derrotado

Temer em São Paulo na sexta.
Temer em São Paulo na sexta.MIGUEL SCHINCARIOL (AFP)

O PMDB e o PSDB deverão ser os principais vencedores do primeiro turno das eleições deste ano nas 26 capitais brasileiras onde há disputas eleitorais. Juntas, as duas legendas deverão levar ao menos 12 candidatos ao segundo turno. Os dois partidos são os principais alicerces do Governo Michel Temer (PMDB) e tiveram as campanhas de seus candidatos impulsionadas pelo impeachment de Dilma Rousseff. Enquanto isso, é o PT de Rousseff que deve sofrer o maior revés, com estimativas que apontam uma redução de em torno de 50% nas cidades sob administração da legenda.

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O quadro que emergir das urnas deste domingo cobra importância por vários motivos, para além do comando das mais de 5.000 cidades do país. Tradicionalmente os pleitos municipais são considerados a largada extraoficial da corrida presidencial e quem emplacar bem aliados pode se cacifar para 2018. Mais: será a primeira eleição depois que a Justiça proibiu a doação de empresas a políticos _ apenas pessoas físicas físicas podem fazê-lo. Os números vão mostrar se estão corretas ou não as análises que apontam que os candidatos mais ricos foram os mais beneficiados pelas mudanças nas regras.

“Apoiar ou não o Governo Temer não necessariamente significa conseguir mais votos. Mas isso não muda a importância desta eleição. Seu efeito deverá ser assim: quem conseguir mais prefeituras, deve eleger mais deputados federais em 2018 e, dessa forma, mostrar a força nas urnas na esfera nacional”, avaliou o doutor em ciência política, David Fleischer, professor da Universidade de Brasília (UnB).

O PMDB e o PSDB estão em trajetória de expansão. Os peemedebistas, que hoje administram duas capitais estaduais (Rio de Janeiro e Boa Vista), têm grandes chances de chegar ao segundo turno em seis delas e possibilidade remotas em outras três. Já os tucanos são líderes em cinco municípios, devem chegar à segunda etapa em seis e têm chances reduzidas em outros dois. Os dados foram obtidos após analisar pesquisas eleitorais feitas pelos institutos Datafolha, Ibope e Paraná divulgados ao longo do mês de setembro.

As cidades onde as possibilidades dos peemedebistas são maiores, porque lideram a disputa, são: Boa Vista, com Teresa Surita, Florianópolis, com Gean Loureiro, Goiânia, com Íris Rezende e em Porto Alegre, com Sebastião Melo. O PSDB tem hoje as prefeituras de Manaus, Maceió, Teresina e Belém. Dessas, só não briga pela reeleição na última. Além disso tem chances em São Paulo, com João Doria Jr., que lidera de maneira isolada e flerta até com uma vitória no primeiro turno, em Campo Grande, com Rose Modesto e em Belo Horizonte, com João Leite.

Análise internas das duas legendas já esperavam esse crescimento não apenas nas capitais. O PMDB, que é o maior partido do Brasil em número de políticos eleitos, hoje tem 996 prefeitos, espera eleger 1.200 nos 5.568 municípios onde há disputa eleitoral – apenas em Brasília, que não tem prefeito nem vereadores, não haverá eleição neste domingo. O PSDB não divulga oficialmente o número de prefeitos que espera eleger, mas dirigentes do partido dizem que a meta é saltar de cerca de 700 prefeituras para 900.

Os números das eleições municipais

Eleitorado – 144.088.912

Municípios – 5.568

Maior colégio eleitoral – São Paulo (SP), com 8.886.324

Menor colégio eleitoral – Araguainha (MT), com 954 eleitores

Urnas eletrônicas – 432.960

Candidatos a prefeito – 16.565 – o equivalente a 2,9 por vaga

Vagas para vereadores – 463.376 – o equivalente a 7,9 por vaga

Mesários – 1.770.252

Força federal será enviada a 368 municípios, de 14 Estados

Expectativa é que até duas horas após a conclusão da votação a apuração seja concluída.

“Essa eleição é um momento de afirmação política do PMDB que servirá de base para as transformações que o partido quer fazer no país (...) Estamos vivendo um momento com novo modelo de eleição que mudou o perfil do candidato e valorizou quem tem efetivamente base partidária”, disse o presidente em exercício do PMDB, o senador Romero Jucá.

Por outro lado, outros dois partidos que têm chances relevantes de crescerem não só nas capitais são o PSD e o PSB, ambos artífices do impeachment e também da base de Temer. O primeiro espera reeleger no primeiro turno o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, e disputar a segunda etapa em outras três capitais. Já os socialistas têm forte possibilidade de passar para o segundo turno em quatro localidades.  O advogado e presidente do diretório nacional do PSB, Carlos Siqueira, confirma essa tendência. “O PSB elegeu 443 prefeituras em 2012. Queremos chegar a 500. Um de nossos focos é investir nos municípios maiores onde haverá segundo turno”, explicou.

Encolhimento do PT

“Com um ano de vida o PSD conseguiu eleger quase 400 prefeitos em 2012. Ao lado do PSB ele é um dos candidatos a ocupar o vácuo que será deixado pelo PT”, avaliou Fleischer.

Esse vácuo citado pelo cientista político se refletiu nos números do PT nos últimos anos. Preocupados com a própria reeleição e diante de uma profunda crise política provocada também pela Operação Lava Jato, 105 dos 635 petistas eleitos para executivo municipais em 2012 deixaram o partido. Agora, segundo analistas políticos, a expectativa é que vença em no máximo 300 municípios. O quadro é tal que neste ano o Diretório Nacional do PT sequer anunciou quantos prefeitos espera eleger, ao contrário do que costuma fazer.

Se essa expectativa se confirmar, o PT será o maior derrotado nas municipais. Hoje ele tem as prefeituras de São Paulo, Goiânia e Rio Branco. Apenas na última tem, com dos dados atuais, chances reais de continuar administrando. Nela, o prefeito Marcus Alexandre, deve vencer a disputa no primeiro turno, com 62% dos votos, revela o Ibope. Enquanto isso, a goiana Adriana Acorsi, escolhida pelo partido para suceder o prefeito Paulo Garcia, não chegou aos dois dígitos nas pesquisas atingindo a quarta colocação.

Nada, no entanto, resume mais o drama petista do que São Paulo, a joia da coroa. Na cidade mais rica do país, o prefeito Fernando Haddad, visto como uma esperança de renovação do partido, luta por uma vaga no segundo turno embolado com outros dois candidatos. Se ele ficar fora, será a primeira vez que a sigla esquerdista seria excluída da disputa final na cidade desde 1989.

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