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Temer ouve vaia em desfile em Brasília e nos Jogos Paralímpicos

Presidente também foi aplaudido na capital, mas estratégia para abafar protestos falhou Após evento em Brasília, 3.000 protestaram na Esplanada, segundo a Polícia Militar

Temer e sua mulher, Marcela, assistem ao desfile.
Temer e sua mulher, Marcela, assistem ao desfile.EVARISTO SA

A estratégia dos auxiliares de Michel Temer (PMDB) para evitar que ele fosse vítima de vaias em sua estreia em evento público na capital federal como presidente efetivo falhou. No tradicional desfile de 7 de Setembro, as arquibancadas mais próximas à tribuna presidencial eram ocupadas apenas por convidados do próprio Palácio do Planalto ou de servidores da União, porém, um grupo de estudantes conseguiu alguns dos convites e puxou um coro de “Fora, Temer”. Os gritos de "golpista" começaram logo que ele chegou ao desfile em um carro fechado acompanhado da primeira-dama Marcela Temer, do governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB) e da esposa dele, Márcia Helena. Apoiadores da gestão peemedebista tentaram, em vão, abafar o som, aplaudindo o presidente ou cantando: “A nossa bandeira jamais será vermelha”. No fim da quarta-feira, Temer voltaria a ouvir vaias na cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos no Maracanã, no Rio de Janeiro. Como na cerimônia dos Jogos em agosto, o presidente fez apenas um discurso-relâmpago, mas, de novo, não evitou os  protestos.

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Os preparativos em Brasília chamaram atenção porque nem no auge dos protestos a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT), no ano passado, tomou-se tanta precaução para que o chefe de Estado não fosse alvo de manifestações. Dessa vez, Temer quebrou dois protocolos, não usou a faixa presidencial nem desfilou no Rolls-Royce conversível que os presidentes costumam usar nesta data. Militantes que colaram adesivos nas roupas contra o peemedebista foram retirados das arquibancadas e quem estava com cartazes ou faixas com críticas ao Governo teve de entregá-los aos seguranças.

Apesar do sonoro protesto, aliados do peemedebista, mais uma vez, subestimaram atos, ainda que repetiram que são democráticos. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que havia 18 manifestantes diante de um público de 18.000 pessoas. “18 pessoas [protestando] em 18 mil [presentes], a dimensão está boa. Você já ouviu falar em democracia sem liberdade de expressão?”, questionou Padilha após o ato. O ministro da secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, seguiu na mesma linha, mas foi mais irônico. “Que protesto? 15 pessoas?”. Já o secretário da pasta de Parcerias de Investimentos, Wellington Moreira Franco, afirmou que Temer se preparou a vida inteira para esse tipo de evento e que as manifestações são “fruto de uma política desesperada de quem perdeu”.

Pedido de novas eleições

Logo após o desfile de comemoração da Independência do Brasil, outra marcha começou no lado oposto da Esplanada dos Ministérios. Dela participaram ativistas contrários ao Governo Temer e que pediam a realização de nova eleição presidencial. Eram cerca de 3.000 pessoas, de acordo com a Polícia Militar, e 20.000, segundo a organização do “Grito dos Excluídos”, um protesto anual que acontece na data.

Diversos movimentos sociais e partidos políticos contrários à destituição de Rousseff participaram desse protesto. Entre eles, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), o Movimento de Luta pela Terra (MLT), a União Nacional dos Estudantes (UNE), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Central dos Trabalhadores Brasileiros (CTB), além os partidos dos Trabalhadores (PT), Socialismo e Liberdade (PSOL), da Causa Operária (PCO) e o Comunista do Brasil (PCdoB).

Na multidão, porém, também havia manifestantes que não eram vinculados a nenhuma agremiação. “Não gosto da Dilma e muito menos do Temer. Mas acho que a deposição dela foi feita de maneira errada. Foi um golpe e, por isso, estou aqui para pedir novas eleições”, afirmou a estudante universitária, Márcia Souza, de 20 anos. “Estamos correndo o risco de ver o retrocesso de uma série de políticas voltadas para negros, mulheres e a população LGBT. Concordando ou não com a Dilma, não podemos aceitar um presidente que não teve o voto direto da população”, reclamou o artesão e ativista de direitos dos homossexuais Carlos Proença, de 46 anos.

A marcha contra Temer durou cerca de duas horas. Começou nos arredores da Catedral Metropolitana e seguiu até o Congresso Nacional, onde depois de uma série de discursos houve a dispersão da multidão. O único incidente registrado foi uma agressão contra dois repórteres do portal UOL cometida por manifestantes anti-Temer.

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