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Serena diante do recorde de Federer

Depois de superar marca de Navratilova, norte-americana deverá se igualar ao suíço como a tenista com mais vitórias (307) em jogos de Grand Slam se vencer a sueca Larsson

Alejandro Ciriza
Serena Williams rebate uma bola de King.
Serena Williams rebate uma bola de King.JEWEL SAMAD (AFP)

Seus amiguinhos estavam ali, no seu box: Jay Z, Beyoncé. Isto é Nova York. Porque, com ela, tudo vira show, com ou sem raquete na mão, na quadra ou em qualquer outro cenário, onde ousa fazer quase tudo. Logicamente, também na dança e no twerking, que requerem um traseiro rígido --e que espaço melhor haveria para exibir o seu gingado do que o videoclipe de sua amiga, da voz, da estrela do pop. Beyoncé não perdia um único detalhe daquilo que a número um do tênis mundial fazia, pois, bastaria piscar os olhos para perder alguma coisa: Serena Williams, mais uma vez, fazia história. Venceu o jogo, o que não chegava a ser nenhuma surpresa, mas a vitória contra Vania King (6-3 duas vezes) trazia junto mais um feito, pois, com ela, a tenista se igualou a Martina Navratilova, que era, até hoje, a jogadora com maior número de vitórias (306) em jogos de torneios do Grand Slam.

Depois de bater uma outra grande personalidade, Chris Evert (299), em Wimbledon, Serena agora alcança a tcheca em Nova York. Mais atrás está Steffi Graf (278), a quem já havia igualado no All England Tenis Club no que se refere à quantidade de títulos de Grand Slam. Agora, neste Aberto dos EUA, poderá ficar a apenas um título da grande marca de Margaret Court (24 torneios). Nesse caminho, porém, a tenista tem pela frente um outro desafio de enormes proporções: caso venha a derrotar a sueca Johanna Larsson nesta sexta-feira, a norte-americana atingirá a soma de 307 vitórias, a mesma de Roger Federer. Mais do que isso: com apenas mais um jogo, entrará para a história como a tenista com a maior quantidade de vitórias em encontros dos quatro maiores torneios do circuito internacional de tênis.

Esta é Serena Jameka Williams Price, a mulher que, como lembra em um anúncio a marca que a patrocina, deixou o subúrbio mais perigoso para traçar uma legenda e dominar o mundo do tênis. Ela registra 306 vitórias ante apenas 42 derrotas (88% de aproveitamento) nos principais torneios, encostando no grande Federer. E, como tem sido comum, também chega a este torneio, em Nova York, lesionada, com dores no ombro. “Ele está estável, está estável”, disse ela, para tranquilizar. “Tenho de continuar cuidando como tenho feito, porque foram apenas dois jogos e quero conseguir jogar sete. Ainda não cheguei nem sequer à metade do caminho”, comentou, depois de ter feito 13 aces.

Não olho atrás para ver o que fiz. Não quero cair na complacência" Serena Williams

À véspera de completar 35 anos de idade –seu aniversário é em 26 de setembro--, a norte-americana não perde o apetite, mantendo um discurso ambicioso. “Continuo a praticar este esporte, e nunca parei para olhar para trás para ver tudo o que já fiz. Não quero cair na complacência”, disse Williams, que recebeu também elogios de sua compatriota King, a última a perder para a líder do ranking mundial. “Antes de cada torneio meu técnico sempre me pergunta quem eu acho que vai ganhar. E eu sempre respondo: Serena. Seria possível dizer outro nome? Quando ela perde, é sempre uma surpresa. Esteja ela em forma ou não. É a melhor do mundo e provavelmente a melhor tenista de todos os tempos”, afirmou King.

Diferentemente das outras vezes, em Nova York Serena joga sob a pressão de saber que, independentemente do que aconteça em Flushing Meadows, pode perder o trono que defende há 186 semanas, o mesmo período alcançado por Graf, e, por isso, não pode ceder em nada. Atrás dela está a alemã Angelique Kerber, que, se ganhar o torneio, o que seria a sua segunda vitória neste ano em um Grand Slam (venceu o da Austrália), assumirá a liderança, deixando Serena em segundo no ranking. Mas a norte-americana está, como sempre, ligada: “Quando eles estão aqui”, referindo-se a Jay Z e Beyoncé, “procuro jogar da melhor forma possível, porque eles são famosos e fazem o seu trabalho de uma maneira incrível, e por isso tento mostrar a eles que também sou boa naquilo que faço”.

Por ora, à sua frente, um desafio mais próximo: atingir a mesma marca de um outro atleta que também é bom naquilo que faz. Um tal de Roger Federer. De campeão para campeã.

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