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Crítica
Género de opinião que descreve, elogia ou censura, totalmente ou em parte, uma obra cultural ou de entretenimento. Deve sempre ser escrita por um expert na matéria

‘The Get Down’, caos vibrante

Série criada por Baz Luhrmann pode ficar na memória do público, por seu ritmo, seu colorido e seu brilho

Trailer de 'The Get Down'.Vídeo: NETFLIX
Natalia Marcos
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O primeiro capítulo de The Get Down é exatamente o que se pode imaginar quando se sabe que seu diretor é Baz Luhrmann (Moulin Rouge, O Grande Gatsby): um caos muito divertido, cheio de energia, música e dança. E que, curiosamente, apesar do tumulto em que se transforma em algumas partes, funciona como episódio piloto e convida o público a continuar. Proposto o estilo, Luhrmann sai da direção nos cinco capítulos restantes lançados pela Netflix. A plataforma decidiu deixar os outros seis capítulos para algum momento indeterminado de 2017, ficando por enquanto sem final a história. Os que gostam de nos dar tudo de uma vez para ver o quanto queiramos decidiram regular a dosagem do remédio, talvez pelo seu alto custo (embora o orçamento inicial tenha sido estourado, não é a produção mais cara da Netflix).

Os protagonistas de The Get Down são um grupo de adolescentes que vivem no Bronx dos anos setenta —um bairro cheio de edifícios em chamas e de sonhos de escapar dali—, sua paixão pela música disco e por este outro estilo que estava em formação e que mais tarde seria conhecido como hip hop. O casal em torno do qual gira a história é um Romeu e Julieta do Bronx, e entre os dois se interporá o destino —claro— e suas ambições pessoais (e cujo destino é indicado em raps que avançam para um futuro que não é visto ainda nesses seis capítulos iniciais). Ele encontra no rap uma forma de dar livre curso a sua poesia. Ela sonha em se tornar a nova estrela da música disco. A história de amor se combina com a clássica narrativa da passagem para a vida adulta.

Na verdade, em The Get Down a história importa, mas não demais. A série quer ficar na memória das pessoas por seu ritmo, seu colorido, seu brilho. Pela mistura de cenas de ficção e imagens reais. Pela ambientação. Por isso, a essência de The Get Down está em seu primeiro capítulo, apesar do caos. Ou graças ao caos, conforme o ponto de vista. Os outros cinco capítulos disponíveis ganham ordem, mas perdem impulso. Mesmo assim há momentos de genialidade, quase sempre com a música como protagonista, caso daqueles em que são intercalados disco e rap.

É provável que The Get Down funcionasse melhor como um filme, em que Luhrmann pudesse ter liberado sua verve. Na série, os ingredientes foram colocados, e a coqueteleira foi chacoalhada. A má notícia é que o resultado não é tão brilhante como poderia ter sido. A boa é que não é um desastre.

Texto originalmente publicado no Blog 'Quinta Temporada'.

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