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Venezuelanos disparam em 190% as vendas na fronteira com a Colômbia

Chanceler colombiana anuncia reunião com homóloga venezuelana em 4 de agosto

Ana Marcos
Venezuelanos fazem compras em um supermercado de Cúcuta, Colômbia.
Venezuelanos fazem compras em um supermercado de Cúcuta, Colômbia.SCHNEYDER MENDOZA

Em La Parada, o primeiro bairro colombiano ao qual se chega depois de cruzar a ponte Simón Bolívar, um dos quatro pontos terrestres que conectam a Venezuela à Colômbia, na manhã desta segunda-feira leva tempo para que um ônibus com destino a Cúcuta fique lotado. Durante um bom tempo um homem, aos gritos, incentiva as pessoas a subirem. No domingo o ônibus ficava cheio sem esforço. Dos 35.000 venezuelanos que cruzaram a fronteira quando na noite de sábado o presidente Nicolás Maduro deu a ordem de “abrir o cerco” depois de quase um ano de fechamento, não há rastro aparente nesta área do departamento de Norte de Santander, a noroeste da Colômbia. As lojas desta localidade trabalham outra vez ao ritmo de 11 meses atrás, lento. Os agentes de polícia, migração e da DIAN (a Fazenda colombiana) se limitam a controlar os documentos de quem cruza. Sua extremidade da ponte não está fechada. A guarda bolivariana não demonstra irritação desde então. “Tudo como antes” é a frase que mais se repete neste cruzamento entre países.

Na avenida Sexta, a zona comercial do centro de Cúcuta, a mesma dinâmica. Os moradores da capital do departamento se ocupam de suas tarefas diárias. “Hoje voltamos a ter o pessoal habitual”, diz um dos responsáveis pelo supermercado Los Montes. No domingo passaram por este estabelecimento milhares de venezuelanos. E ali deixaram o equivalente a dois salários mínimos de seu país — 15.000 bolívares mensais, uns 15 dólares no mercado negro (50 reais). Nesta segunda-feira pela manhã, os repositores trabalham com afinco nessas seções. Para os demais empregados é um dia a mais. As lojas de Cúcuta aumentaram em 190% sua venda em comparação com um domingo normal desde que a fronteira fora fechada, segundo dados da Fenalco Cúcuta (Federação Nacional de Comerciantes). Um dia depois, as entidades se reúnem para que a experiência do domingo seja detalhada em um relatório para ser encaminhado ao presidente colombiano, Juan Manuel Santos. “Embora tenhamos alguns problemas de desabastecimento por causa da greve dos caminhoneiros, somos capazes de dar uma resposta a situações como esta”, explica Gladys Navarro, dirigente da Federação na região. “Queremos transmitir ao presidente Santos que a Venezuela não pode tomar essas decisões de maneira unilateral.”

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Essa mesma ideia aparece em cada consulta feita em Cúcuta. Policiais, funcionários públicos, comerciantes... todos afirmam ser capazes de garantir tranquilidade, mas a incerteza pesa em suas palavras. “Os grupos de trabalho entre ambos os países prosseguem e de hoje a 20 dias as chanceleres se reunirão”, disse na tarde de domingo Victor Bautista, assessor de assuntos fronteiriços da Chancelaria da Colômbia. A chanceler colombiana, María Ángela Holguín, anunciou na manhã desta segunda-feira que se reunirá com sua homóloga venezuelana, Delcy Rodríguez, em 4 de agosto. Por ora, se desconhece o local. “Esperamos que a este encontro se sigam os dos ministros da Defesa e dos presidentes”, disse Holguín.

Os venezuelanos que no domingo cruzaram a fronteira repetirão tantas vezes quantas puderem, disseram. Pelas ruas de Cúcuta os negociantes continuam contando os lucros do domingo enquanto o rumor de que a situação volte a repetir-se continua se espalhando. Por ora, as autoridades não apresentaram cifras concretas de quantas, das mais de 35.000 pessoas que cruzaram a fronteira, regressaram à Venezuela. “Uma grande maioria”, se limitou a dizer Holguín.

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