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Após Islândia bater Inglaterra, essas são as quartas de final da Eurocopa

Quatro partidas em quatro dias definirão entre quinta e domingo os semifinalistas

Jogadores da Islândia celebram a vitória sobre a Inglaterra.
Jogadores da Islândia celebram a vitória sobre a Inglaterra.Tibor Illyes (EFE)
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Para Portugal basta uma chance
Muito Griezmann e pouca França

Serão quatro jogos em quatro dias, oito países na disputa para definir quem vai chegar às semifinais da Eurocopa. Entre as grandes seleções que ficaram de fora das quartas de final está a atual campeã, Espanha, e a sempre esperada e nunca vitoriosa Inglaterra. Sentimos falta da Croácia, que se postulava como uma das candidatas para dar o salto, e há três convidadas inesperadas: Polônia e as debutantes Gales e Islândia, que vão tentar passar por ilustres como França, Alemanha, Itália, Bélgica e Portugal.

Polônia-Portugal (quinta-feira, 30 às 16h em Marselha – horário de Brasília). Há quatro anos, os poloneses saíram sem ganhar um jogo e na Eurocopa em que eram os anfitriões. Agora sonham chegar à final graças a uma forte equipe madura, tão sólida que levou apenas um gol em quatro jogos. “Soubemos nos sacrificar”, afirmou o técnico Adam Nawałka após o triunfo contra a Suíça, nas oitavas de final. Tudo é visto de um prisma positivo na Polônia, onde Lewandowski não marca, mas todos pesam sua contribuição ao grupo. “Ele concentra a atenção dos rivais e seus companheiros podem ficar livres”, diz o treinador. Não há pouca coisa ao redor do atacante do Bayern. Nos onze titulares contra os suíços havia oito jogadores que atuam nas grandes ligas. E surgem novos talentos como o central Glik, do Torino, ou Blaszczykowski, que chega pela primeira vez à Eurocopa: disputou pouco mais de vinte jogos com a Fiorentina, antes de perder o posto para o espanhol Tello.

Lewandowski durante a partida contra a Suíça.
Lewandowski durante a partida contra a Suíça.Kai Pfaffenbach (REUTERS)

Portugal está em sua sexta presença consecutiva nas quartas de final da Eurocopa. Há 20 anos não passa daí e agora tem uma boa chance de fazer história e levantar seu primeiro título em nível de seleção. A ocasião é tão boa que nem sequer o estilo está em debate. “Não é o momento de discutir se o jogo é bonito ou feio”, afirma o treinador Fernando Santos, que chamou uma base de jogadores do Sporting de Lisboa para cimentar o meio-campo com Adrien Silva, William Carvalho e João Mário. Os dois primeiros começaram o campeonato como suplentes. O goleiro Rui Patricio também defende o gol do Sporting, de onde saíram outros titulares contra a Croácia como Cedric Soares, Fonte, Nani e Cristiano Ronaldo. Inclusive o ressuscitado Quaresma. “Não devemos fazer análises clubistas. Esta é a seleção de Portugal e vamos morrer no campo para dar alegria ao nosso povo”, garante Santos, valorizando a Polônia. “Eles têm uma boa equipe. Muitos dos seus jogadores estão na Bundesliga”. Apesar de que apenas Piszczek e Lewandowski jogaram esta última temporada na liga alemã.

Gales-Bélgica (sexta-feira, 1, às 16 horas, em Lille). Começaram com uma derrota e uma enxurrada de críticas e desconfiança, mas os belgas querem mais, reforçados também moralmente porque sabem que seguem pela parte mais fácil da disputa. “São os favoritos para ganhar a Eurocopa”, disse o veterano goleiro húngaro Király, depois de perder para eles nas oitavas de final. A animação belga é reforçada pela explosão de Eden Hazard nestas oitavas de final, há muito esperada após uma campanha com o Chelsea na qual só se exibiu para marcar um golaço contra o Tottenham que valeu o triunfo do Leicester. “É o capitão e deu um passo à frente”, diz o técnico Marc Wilmots, que o havia escolhido antes do campeonato. O treinador fez retoques na sua ideia inicial. Fellaini deixou o time, e tanto Mertens quanto Carrasco dão à equipe uma maior amplitude e libertam tanto o meio-campista do Chelsea quanto De Bruyne para jogar por dentro. Contra Gales deverá procurar uma alternativa a Vermaelen, que terá que cumprir suspensão.

Wilmots abraça Hazard depois da vitória contra a Hungria.
Wilmots abraça Hazard depois da vitória contra a Hungria.Francois Mori (AP)

“Por que não vamos sonhar?”, pergunta Chris Coleman, o treinador de Gales, que aprecia como sua equipe venceu a Irlanda do Norte, sem dar seu melhor. “Se ganhar a Eurocopa agora, terá que se aposentar imediatamente”, disse o zagueiro Neil Taylor ao seu companheiro Andy King, que acaba de ganhar a Premier com o Leicester. A equipe sente que a Bélgica está ao seu alcance. As duas seleções se encontraram na fase de classificação para esta Eurocopa, empataram em Bruxelas em zero e em Cardiff venceram os galeses há um ano com um gol de Gareth Bale. Coleman vai tomar nota desses encontros e também do último jogo contra a Irlanda. “Mostrou que não ficamos confortáveis se começamos como favoritos”, reflete o ex-treinador do Real Sociedad. Contra a Bélgica vão retomar com prazer seu papel de equipe menor e contarão com o capitão Ashley Williams que saiu com dor no ombro no último jogo, mas estará pronto para jogar na sexta-feira.

Alemanha-Itália (sábado, 2, às 16 horas, em Bordeaux). Os alemães parecem ter entrado em velocidade de cruzeiro após um início instável no qual o debate girava em torno ao falso nove ou à necessidade de escalar um atacante. Os dois gols de Mario Gómez nos últimos dois jogos parecem ter fulminado o debate e enviado, de passagem, Mario Götze para o banco, embora Joachim Löw tenta diminuir a importância disso. “A questão não é essa, mas ser capaz de chegar pelas laterais”, diz o técnico. E surge aí a contribuição de Draxler. “Estou muito satisfeito com ele, está se mostrando muito corajoso nas jogadas individuais”. Quem ainda não chegou, pelo menos ao gol, é Thomas Müller. “É melhor não pensar se marco gols, mas na contribuição e no rendimento”, se defende. Mas não deixa de ser estranho em alguém acostumado a se exibir nas grandes ocasiões, um jogador que já marcou dez gols nas fases finais de uma Copa do Mundo e tem um estranho azar nas Eurocopas, na qual ainda não conseguiu estrear.

Mario Gómez durante a partida contra a Eslováquia.
Mario Gómez durante a partida contra a Eslováquia.ROLEX DELA PENA (EFE)

A Itália tem De Rossi e Candreva machucados e perde Thiago Motta por suspensão, mas chega fortalecida, depois de três vitórias e uma única derrota contra a Irlanda em uma partida sem nenhum objetivo de classificação. Nem a Bélgica, nem a Suécia, nem a Espanha foram capazes de marcar contra Buffon e sua defesa com três centrais que normalmente o protegem na Juventus. Vice-campeã na última Eurocopa, mas eliminada na primeira fase das duas últimas Copas do Mundo, a Itália recuperou suas melhores sensações e agora se prepara para um novo clássico, desta vez contra a Alemanha que, historicamente, conseguiu dominar nos encontros mais marcantes. Quatro anos atrás, conseguiu eliminá-la (2-1) nas semifinais. Mas na memória também estão as vitórias nessa mesma fase na Copa do Mundo de 2006 e de 1970, em duas partidas inesquecíveis e agonizantes coroadas por longas prorrogações. Ou a final em Madri em 1982, com Sandro Pertini celebrando no Bernabéu.

França-Islândia (domingo, 3 às 16 horas, em Saint-Denis). Os anfitriões avançam aos empurrões, sem saber no entanto se são mais músculo que classe, lutando para vencer rivais de segunda linha. Agora sobe o nível de exigência e Deschamps não terá Rami e Kanté, suspensos. Para substituir o central, possui duas opções: Mangala ou Umtiti. Sem Kanté pode haver espaço para Cabaye ou Schneiderlin ou mesmo apostar desde o início por um homem bem aberto e deixar o meio-campo para Matuidi e Pogba. Coman pode exercer esse papel, mas está dolorido e será dúvida até o último minuto. Mas Deschamps continua a ser uma caixa de surpresas. “Nossos rivais sabem muito sobre nós, por isso temos de buscar constantemente novas soluções”, justifica. No entanto, a França também tem motivos para respirar porque seus criticadíssimos atacantes Giroud e Gignac melhoraram seu rendimento em uma equipe sempre órfã de Benzema.

Aron Gunnarsson comemora uma vitória islandesa.
Aron Gunnarsson comemora uma vitória islandesa.DARREN STAPLES (REUTERS)

Não há maior surpresa nesta Eurocopa que a Islândia, o país com menos habitantes que nunca jogou uma fase final de uma grande competição de seleções, uma equipe forte e com alguns tiques rústicos que remetem ao futebol britânico, mas bem jogado, com uma solidariedade que comove. Eles beberam dessas fontes. “Lagerback merece uma estátua”, disse Rody Hodgson, da Inglaterra, sobre o treinador da Islândia antes que seu país perdesse de forma inesperada em uma histórica eliminatória de oitavas de final. A Islândia ultrapassou qualquer fronteira previamente conhecida. Agora vai atrás do mais difícil: França em Saint-Denis.

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