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O oposicionista venezuelano Capriles pede apoio na Argentina, Brasil e Paraguai

O ex-candidato presidencial terá encontro com o chanceler José Serra nesta terça

Federico Rivas Molina
Mauricio Macri recebe Henrique Capriles na Casa Rosada
Mauricio Macri recebe Henrique Capriles na Casa RosadaPresidencia

“Faz 20 anos não visito a Argentina”, disse Henrique Capriles em Assunção, onde se reuniu com o presidente Horacio Cartes. O líder da oposição venezuelana deixou claro que prefere “lutar por dentro” a fazer viagens internacionais, mas dessa vez a situação em seu país faz jus a que deixe Caracas para pedir apoio aos países da região. Em sua primeira escala, agradeceu Cartes por seu Governo promover uma reunião de chanceleres do Mercosul para tratar da crise venezuelana. Em seguida, viajou para Buenos Aires. Na Casa Rosada visitou Mauricio Macri, em meio ao mal-estar que provocou na oposição venezuelana a rejeição da Argentina a ativar a Carta Democrática na Organização dos Estados Americanos (OEA). Nesta terça, ele estará no Brasil e será recebido pelo chanceler do Governo interino, José Serra.

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Capriles disse que sua excursão-relâmpago não é uma reclamação frente à posição conciliadora de Buenos Aires com o Governo de Nicolás Maduro. “Nós nos sentimos satisfeitos com o primeiro debate na OEA, porque é importante simplesmente o fato de que se esteja discutindo a situação”, disse em Assunção. Mas “pedimos que na próxima semana seja debatido o relatório de [secretário-geral da OEA, Luis] Almagro sobre os direitos humanos na Venezuela, a liberdade de presos políticos e o respeito à Constituição”, afirmou. Capriles denunciou que são inconstitucionais os atrasos que o presidente Nicolás Maduro aplica ao processo de referendo revogatório que a oposição lançou contra ele. “Viemos para pedir que o Mercosul e a Unasul sejam firmes na defesa de que a Venezuela deve respeitar a Constituição. Maduro pretende bloquear a solução constitucional e é importante que a região saiba disso. Não estamos buscando a ingerência e nem que nenhum país se meta, mas sabemos que Maduro busca as instâncias internacionais para ganhar tempo”, disse Capriles.

A Argentina apoiou uma via alternativa à Carta Democrática que promova um diálogo entre Maduro e oposição. A chanceler Susana Malcorra disse que a solução na Venezuela “depende dos venezuelanos” e afirmou que o pedido de Almagro não resolverá a crise política, econômica e social que assola o país. A oposição chegou ao extremo de chamar Macri de “hipócrita”, lembrando que como presidente eleito defendeu a invocação da Carta Democrática do Mercosul. Macri disse que esse pedido aconteceu diante do temor de que Maduro não reconhecesse a vitória da oposição nas eleições legislativas, algo que finalmente não aconteceu.

Capriles viajou com uma mensagem clara: um agravamento da crise na Venezuela terá repercussões regionais e, portanto, os países da Unasul e o Mercosul não podem fechar os olhos. “Se a Venezuela estourar, algo que não desejamos, isso terá um impacto em toda a região. Por isso estamos dizendo a todos os presidentes –vamos para a Argentina e para o Brasil– que a situação não é para ficar indiferente”, disse Capriles.

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