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Museus do Louvre e Orsay evacuam parte de suas obras devido às enchentes em Paris

Temporais alagam ruas de Paris e ameaçam inundar depósitos onde ficam parte das obras dos museus

O rio Sena, em sua passagem pela região próxima à Torre Eiffel.Foto: atlas | Vídeo: ATLAS
Álex Vicente

O Museu do Louvre, em Paris (França), fecha suas portas na sexta-feira para evacuar parte de suas coleções por conta do forte temporal que cai sobre a capital francesa desde o começo da semana. O rio Sena superou os cinco metros de altura na quinta-feira e se espera que alcance os seis metros ao longo do dia, de modo que os museus situados em suas margens tomaram precauções extremas.

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O Louvre decidiu ativar a primeira fase de seu plano de prevenção contra as inundações, no qual as obras que estão em seus depósitos subterrâneos devem ser evacuadas aos andares superiores do museu em 72 horas. “O objetivo é proteger as obras que estão em áreas vulneráveis às inundações levando-as aos andares mais altos”, disse o Louvre em um comunicado, ao mesmo tempo em que anunciou que um gabinete de crise comandado pela direção, desde 2013 com Jean-Luc Martínez à frente, supervisionará a operação.

Quinhentos trabalhadores participação da recolocação das obras. Todos eles são funcionários dos diversos departamentos do museu que se apresentaram como voluntários durante os exercícios de prevenção organizados nos últimos anos.

Parte das obras que serão deslocadas devido ao risco de inundação.
Parte das obras que serão deslocadas devido ao risco de inundação.Markus Schreiber (AP)

Segundo dados do Louvre, com aproximadamente nove milhões de visitantes no ano passado, 70% dos depósitos do museu se encontram em uma área inundável, porcentagem equivalente a uma superfície de 8.600 metros quadrados, onde estariam por volta de 220.000 obras. O bom andamento da transferência das obras dependerá da evolução da situação de emergência. Um estudo divulgado pelo museu após um exercício realizado em 2015 dizia que o prazo de 72 horas do plano atual não é suficiente para evacuar a totalidade das obras e afirmava que o museu “não possui 8.600 metros quadrados em áreas não inundáveis para transferi-las”. Por esse motivo, o Louvre anunciou em 2015 a criação de um novo depósito em Liévin, norte da França, bem próximo da segunda sede do Louvre na cidade de Lens. Esse depósito não será inaugurado até 2018, de modo que o museu precisará encontrar nas próximas horas outra solução, se a emergência se agravar. “O objetivo é salvar o maior número de obras possível”, admitiram fontes do museu.

O Louvre tem nove milhões de visitantes ao ano e 70% dos depósitos do museu se encontram em uma área inundável

As coleções serão evacuadas seguindo uma ordem de prioridade estabelecida pelos diferentes departamentos do Louvre, em função da natureza e vulnerabilidade de cada obra. O Louvre também deverá transferir seu departamento de Artes do Islã, que já foi fechado na quinta-feira por precaução. O fechamento ocorreu preventivamente, a pedido da chefia de Polícia: o Sena ainda precisava subir mais meio metro para que o fechamento fosse obrigatório. Se a situação não melhorar, ele pode se prolongar durante o final de semana.

Desde a Segunda Guerra Mundial

Esta será a primeira evacuação das coleções do Louvre desde a Segunda Guerra Mundial, quando Jacques Jaujard, funcionário de alto escalão do museu, conseguiu evacuar 4.000 tesouros da coleção, incluindo a La Gioconda (a Mona Lisa), diante da chegada dos nazistas. Durante as históricas chuvas torrenciais de 1910, quando o Sena superou os oito metros, ainda não existiam os armazéns subterrâneos afetados pela evacuação atual.

Outros museus em alerta

Ao contrário do Louvre (9 milhões de visitantes por ano), o Museu do Orsay (3,4 milhões) já transferiu nos últimos anos parte de suas reservas a outros edifícios para proteger as obras de emergências do tipo. O Louvre não o fará até 2019, após a inauguração de seu novo depósito no norte da França. O terceiro grande museu às margens do Sena, o Museu de Quai Branly, inaugurado em 2006, também pode ser afetado pela chuva torrencial, mas sua construção mais moderna já previu o risco de inundações, o que explica sua melhor proteção. Longe de Paris, o castelo de Chambord, situado no vale do Loire e patrimônio mundial da Unesco, já precisou fechar na quinta-feira pelas inundações.

A ministra francesa de Cultura, Audrey Azoulay, reunirá na sexta-feira os responsáveis das instituições culturais públicas para coordenar um plano de ação conjunto.

O Museu de Orsay também decidiu no fim da quinta-feira fechar suas portas na sexta para proteger suas coleções, nas quais estão obras de Renoir, Gauguin, Van Gogh, Cézanne, Monet e Bonnard, entre muitos outros. O templo do impressionismo, situado na margem do Sena oposta ao Louvre, há anos se preparava para uma possível inundação. Um corpo de voluntários dos funcionários do museu foi formado nos últimos meses para realizar a transferências das obras. Seu plano de emergência considera uma evacuação de 96 horas.

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