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Bayer oferece 226 bilhões de reais pela Monsanto

Se fusão avançar, novo grupo será o maior de um setor econômico em processo de concentração

Fábrica da Bayer em Leverkusen.
Fábrica da Bayer em Leverkusen.OLIVER BERG (EFE)

A oferta feita pelo grupo químico e farmacêutico alemão Bayer para a aquisição da multinacional norte-americana Monsanto é de 55,2 bilhões de euros (cerca de 226 bilhões de reais), segundo informou a empresa alemã. A proposta inclui a compra de 100% das ações da gigante norte-americana de transgênicos, avaliada na semana passada no mercado de ações em cerca de 42 bilhões de euros. A Bayer oferece 122 dólares (cerca de 439 reais) por ação da Monsanto, segundo informaram autoridades do setor financeiro dos países em que a empresa tem presença em bolsas de valores.

A gigante alemã, que enviou esta proposta à Monsanto no dia 10 de maio, destacou que a oferta representa um prêmio de 37% sobre o preço das ações conforme o fechamento do mercado norte-americano em 9 de maio. “A aquisição da Monsanto constituiria uma oportunidade interessante para criar um líder mundial da agricultura”, afirma uma nota da Bayer, que, na semana passada, depois do surgimento de rumores sobre uma possível compra da Monsanto, informou que seus executivos haviam se reunido recentemente com os diretores da empresa norte-americana para conversar sobre a negociação de uma possível aquisição.

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Na nota, a Bayer explica que irá financiar a compra da empresa norte-americana, a maior já realizada em sua história, com a combinação de um aumento de capital e emissão de dívida com o apoio do Bank of America Merril Lynch e do Crédit Suisse. O objetivo é “se tornar uma companhia líder no setor agrícola”, afirma a empresa alemã, que considera que a operação oferece uma “oportunidade convincente” para conquistar uma posição predominante em mercados como o de sementes e produtos agrotóxicos. “Juntos poderemos unificar a experiência coletiva das duas empresas para construir um líder no setor agrícola com capacidade de inovação excepcional em benefício dos agricultores, consumidores, nossos funcionários e as comunidades onde atuamos”, afirmou o presidente da Bayer, Werner Baumann. O executivo se disse convencido, também, de que essa operação empresarial poderá gerar um “valor substancial” para os acionistas das duas empresas.

A fusão, afirma a empresa alemã, “fortaleceria a Bayer como uma companhia global de inovação em ciências biológicas, assumindo posição de vanguarda em suas atividades principais e geraria uma ação agrária integrada de liderança”. A intenção da Bayer, porém, não caiu muito bem entre os acionistas. Desde 10 de maio, as ações da empresa caíram cerca de 14% na Bolsa alemã.

A eventual fusão entre as duas companhias, que formaria o maior produtor de sementes e um dos maiores de produtos químicos agrícolas, teria de superar, ainda, vários obstáculos, incluindo possíveis objeções por parte dos órgãos reguladores e autoridades da concorrência. A nova corporação atingiria receitas anuais de 67 bilhões de euros e significaria a fusão de dois dos maiores produtores de sementes e de produtos químicos para a agricultura, dando origem ao maior grupo do setor.

A venda de sementes e de herbicidas rende para a Monsanto uma receita anual de cerca de 13,4 bilhões de euros. Presente em 66 países, O grupo afirma que a agricultura sustentável é um de seus objetivos principais, embora a comercialização de sementes geneticamente alteradas tenha sido alvo de fortes críticas por parte das organizações ambientalistas. Além disso, a empresa norte-americana vende o herbicida mais conhecido do mundo, o Roudnup, cuja substância ativa, o glifosato, foi classificada pelas Nações Unidas como “um potencial cancerígeno”. O volume de negócios da Bayer, por sua vez, atingiu, no ano passado, um total de 46,3 bilhões de euros.

A operação, se confirmada, significará um novo passo na concentração do setor, após a compra da Syngenta pela ChemChina por 39,8 bilhões de euros e o acordo de fusão selado em dezembro entre a DuPont e a Dow Chemical. Há pouco menos de um ano, a própria Monsanto havia desistido de comprar a Syngenta.

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