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A ascensão de Donald Trump em dez passos

Desde o anúncio de sua empreitada eleitoral, o empresário republicano deixou os EUA perplexos com seu avanço

Donald Trump se dirige aos seus seguidores em Nova York.
Donald Trump se dirige aos seus seguidores em Nova York.JEWEL SAMAD (AFP)

Desde o anúncio de sua empreitada eleitoral em junho, o empresário republicano deixou os EUA perplexos com seu avanço. Esses são alguns dos momentos mais importantes para entender sua trajetória.

Julho, 2015

“Isso pode definir o futuro do Partido Republicano”

O Partido Republicano se rende ao fenômeno Donald Trump. Incapazes de competir com a atenção midiática que o empresário desperta graças a uma verborragia incontrolável, os outros 15 candidatos lutam para respirar. Até mesmo um homem forte do establishment republicano como Jeb Bush, com 114 milhões de dólares (403 milhões de reais) nos cofres de sua campanha, precisa atacar Trump para ganhar uma manchete nesse momento. O que começou como uma brincadeira que ninguém levou a sério é hoje um turbilhão ao redor do qual gira o Partido Republicano.

Leia mais: Donald Trump sequestra a campanha do Partido Republicano

15 de Dezembro de 2015

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Veto aos imigrantes muçulmanos

O candidato republicano pede a suspensão temporária, mas de forma “total e completa”, da entrada de imigrantes muçulmanos no país. O magnata comunicou sua proposta poucos dias após o tiroteio que vitimou 14 pessoas em San Bernardino (Califórnia), considerado pelo Governo como um ato de terrorismo. “Até conseguirmos determinar e compreender esse problema e a ameaça que representa, nosso país não pode continuar sendo vítima de ataques horríveis de pessoas que acreditam somente na ‘jihad’ e que não têm sentimento e respeito pela vida humana”, diz o comunicado assinado por Trump.

Leia mais: Donald Trump quer proibir a entrada de todos os muçulmanos nos EUA

28 de janeiro de 2016

Trump boicota o debate da rede de televisão Fox News

Donald Trump abriu uma brecha na direita norte-americana. O magnata e showman nova-iorquino destrói a cada dia os dogmas do conservadorismo. O embate com a Fox News e a decisão de boicotar o debate que a rede de televisão organiza nesta quinta-feira em Des Moines (Iowa), são o exemplo mais recente, mas não o único. Para qualquer candidato era um tabu enfrentar a Fox News, o principal veículo da direita midiática.

Contar piadas antissemitas diante de membros do lobby pró-Israel, dizer vulgaridades contra as mulheres, fazer pouco de deficientes físicos... A lista de quebras de protocolo é longa, e ele sempre sai incólume. Trump faz em pedaços o manual do bom republicano (e do bom político). Na terça-feira, quando declarou guerra à Fox News em uma entrevista coletiva em Marshalltown, um município de 28.000 habitantes em Iowa, o republicano Trump disse estar de acordo com a normalização das relações com Cuba: outro desvio da ortodoxia direitista.

10 de fevereiro de 2016:

A política norte-americana entra em território desconhecido

As vitórias de Trump nas primárias republicanas e de Sanders nas democratas de New Hampshire eram previsíveis de acordo com as pesquisas recentes, mas não suas dimensões. Conseguiram 20 pontos de vantagens contra seus rivais mais próximos.

Trump, magnata da construção e dos cassinos e estrela de reality shows, é um homem sem experiência política que no passado apoiou os democratas. Sua primeira incursão na política foi dar voz ao movimento que questionava o fato do presidente Barack Obama ter nascido nos EUA e, portanto, não teria direito a ocupar o cargo. Agora promete construir um muro na fronteira com o México, deportar os 11 milhões de imigrantes ilegais e fechar as fronteiras aos muçulmanos.

1 de Março de 2016

A Superterça de Donald Trump

“Quando estivermos unidos, ninguém, ninguém poderá nos vencer”, disse em uma entrevista coletiva em Mar-A-Lago, seu resort em Palm Beach (Flórida). O empresário e showman disse que atraiu eleitores democratas e se gabou de ser uma pessoa diplomática, aberta às negociações. Mas, perguntado sobre o líder do Congresso, o republicano Paul Ryan, Trump previu que se daria bem com ele, mas, caso isso não ocorresse, Ryan “pagaria um preço alto”.

Os resultados da Superterça refletem a heterogeneidade do fenômeno Trump. O empresário ganhou com folga no Sul conservador e evangélico em Estados como Alabama e Georgia, mas também em Estados nortistas mais moderados como Virginia e Massachusetts.

Março de 2016

Trump cancela um comício em Chicago

Trump – favorito para conquistar a indicação republicana – suspende por motivos de segurança um comício em Chicago pelos protestos de grupos a favor e contra sua mensagem. Por volta de 10.000 pessoas lotaram uma universidade, onde existiam centenas contrárias ao empresário nova-iorquino. Após anunciar que o ato de campanha não seria realizado, partidários e detratores de Trump se enfrentaram. Os chefes da campanha anunciaram que Trump cancelou o comício após se reunir com representantes das forças da ordem. Mas a Polícia de Chicago, que prendeu cinco pessoas, negou ter feito a recomendação e disse que os assessores do candidato tomaram a decisão “por sua conta”.

Março de 2016

Uma mentira atrás da outra

O candidato republicano com melhores chances de conquistar a indicação de seu partido está acostumado a repetir afirmações falsas em discursos, debates e entrevistas. Esse costume o ajudou a ganhar o prêmio Mentira do Ano 2015, outorgado pelo site de checagem política Politifact. Essa organização, vencedora de um prêmio Pulitzer por seu trabalho em detectar o grau de verdade por trás das afirmações dos políticos, reuniu algumas das mentiras mais graves de Donald Trump, o empresário transformado em político que se defende afirmando que “é possível dizer algo que seja 100% correto e o transformarão em mentira”.

5 de abril de 2016

O México pagará pelo muro da fronteira

Donald Trump continua convencido de que conseguirá fazer com que o México pague a construção de um muro fronteiriço entre os dois países, o que é uma das primeiras de suas muitas promessas eleitorais polêmicas. E seu plano, que passa por ameaçar o México com o bloqueio das remessas que recebe dos Estados Unidos a menos que abra sua carteira, sem se importar com o potencial efeito devastador que isso teria na economia do país vizinho, pode funcionar em praticamente três dias, afirma um documento publicado na terça-feira.

“É uma decisão fácil para o México”, resume sua ideia o magnata imobiliário transformado em candidato republicano líder na corrida para a indicação de seu partido. “É preciso fazer somente um único pagamento de 5 a 10 bilhões de dólares (17,68 a 35,37 bilhões de reais) para se assegurar de que os 24 bilhões de dólares [84,90 bilhões de reais] (em remessas) continuem chegando ano após ano”, afirma em um documento entregue ao jornal The Washington Post.

27 de abril de 2016

Os estados mais prósperos do Nordeste deram algumas das maiores vitórias ao magnata

Trump ganha no Oeste e no Leste, no Norte e no Sul. Após três meses de eleições primárias, a cada dia restam menos dúvidas de que ele será o candidato republicano à Casa Branca, e o partido – alarmado pela ascensão de um demagogo afastado da ortodoxia conservadora – sofrerá um cisma. Trump domina a corrida republicana, mas o local onde domina com maior conforto é no Nordeste, nos estados onde se estabeleceram os primeiros colonos europeus no século XVII, às margens dos rios e nas costas onde foram construídas as primeiras grandes cidades, no núcleo da revolução industrial.

4 de maio de 2016

As elites conservadoras veem esgotadas as opções para frear o magnata nova-iorquino

O Partido Republicano está resignado com a ideia de que Donald Trump será seu candidato às eleições presidenciais de novembro nos Estados Unidos. O magnata e showman nova-iorquino é um bufão afastado da ortodoxia conservadora. Ele enfrentará, salvo um acidente inesperado, a provável candidata democrata, Hillary Clinton. As opções para impedi-lo, com um candidato alternativo de consenso ou com a criação de um terceiro partido, são nulas. As elites republicanas finalmente entenderam que precisarão conviver com Trump.

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