_
_
_
_
_

Casal alemão torturava em sua casa mulheres que buscavam parceiros

Suspeita-se que atraiam as possíveis vítimas por meio de anúncios na imprensa

A casa onde a dupla sequestrava e torturava mulheres no noroeste da Alemanha.Foto: reuters_live | Vídeo: ALEXANDER KOERNER (GETTY IMAGES) / QUALITY
Mais informações
Protesto contra partido xenófobo alemão termina com 400 detidos
Presa por não pagar a TV
Moradores de cidade alemã comemoram incêndio de centro de refugiados

Uma avaria num carro permitiu descobrir a casa dos horrores de um casal alemão, que atraia à moradia familiar mulheres em busca de um parceiro, em Höxter-Bosseborn, onde as retiveram, torturaram e até assassinaram duas delas. O 21 de abril abalou para sempre a tranquilidade dos 600 moradores desse pequeno povoado da Alemanha. Nesse dia, o carro dirigido por Wilfried W., de 46 anos, e no qual viajavam sua ex-esposa Angelika B., de 47, e uma mulher (posteriormente identificada como Susanne F.) sofreu uma avaria, que obrigou o motorista a parar e chamar um táxi. Mas Susanne F, de 41 anos, estava em um estado tão crítico que tiveram de recorrer a uma ambulância. Susanne F. morreu no dia seguinte em um hospital por um ferimento na cabeça. Assim começou a se descobrir uma história de terror que comoveu esse pequeno povoado alemão e o restante do país. Uma semana depois o casal foi detido pela polícia e acusado de assassinato.

Na última terça-feira, a procuradoria de Bielefeld explicou em entrevista que Wilfried W. e sua ex-esposa haviam torturado sistematicamente a mulher que levavam no carro e que, além disso, ela não era a primeira vítima fatal do casal. Houve outra cujo “cadáver foi guardado em um frigorífico, mais tarde esquartejado e os restos queimados na lareira, e as cinzas foram espalhadas nos arredores da casa”, acrescentou o procurador-chefe, Ralf Meyter, que afirmou que essa vítima morreu de “abusos físicos graves” em 1 de agosto de 2014. A coletiva de imprensa da procuradoria foi transmitida ao vivo na terça-feira por dois canais da televisão alemã.

No mês de fevereiro, Susanne F., que vivia em um povoado da Baixa Saxônia, tinha respondido a um anúncio publicado em vários jornais pelo suspeito detido, no qual ele indicava que procurava uma mulher para manter um relacionamento duradouro. No mês seguinte, Susanne F. viajou ao povoado para conhecê-lo. Durante dois meses foi maltratada, espancada e obrigada a dormir no chão em um quarto sem calefação. A mulher morreu na manhã de 22 de abril em um hospital de Northeim. A autópsia revelou que a causa da morte era “uma forte pancada na cabeça”.

Crimes passados

Graças à confissão da ex-esposa do suposto autor – e coautora, segundo a procuradoria –, Angelika B., as autoridades conseguiram começar a reconstruir os métodos utilizados pelo casal, que recrutava as vítimas por meio de anúncios na seção de contatos na imprensa alemã e também na República Tcheca.

Ainda ninguém sabe quantas mulheres se deixaram seduzir pelos anúncios publicados por Wilfried W., nem quantas perderam a vida na casa do horror, mas as autoridades descobriram que os suspeitos continuavam enviando mensagens de texto à mãe da vítima que morreu em 2014, Annika W.

As autoridades conseguiram reconstituir parte do ocorrido no povoado graças à confissão da suspeita, que admitiu também ter sido maltratada por seu companheiro, que teve de cumprir uma condenação de dois anos e meio de prisão pelos maus-tratos à ex-mulher. “Sua palavra era lei”, disse a prisioneira à polícia, ao confessar que ela mesma se havia tornado uma espécie de escrava do ex-marido.

“Não podemos descartar a hipótese de que ali tenham sido mortas outras mulheres”, admitiu o responsável pela investigação criminal, Ralf Östermann, que investiga há dez anos o assassinato de uma estudante de 21 anos cujo cadáver foi encontrado nas imediações da casa dos acusados.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_