O iPhone SE, um modelo para recém-chegados
Diferencial do novo e pequeno smartphone da Apple é a qualidade da câmera e do processador. Foi o que o EL PAÍS concluiu ao testá-lo
A Apple nos fez acreditar que as quatro polegadas eram o tamanho ideal da tela. Até a primavera de 2014, esse era seu mantra. Já os demais fabricantes, sobretudo a Samsung, começavam a testar telas com mais de cinco polegadas e inclusive criaram uma categoria híbrida entre os smartphones e os tablets, os phablets. Mas a Apple manteve sua proposta. Com a chegada dos iPhone 6 e 6S, a empresa mudou de filosofia, mas nunca deixou de lado o tamanho mais popular de seus celulares. Foi assim com o 5S, o 5C e agora com o iPhone SE.
A aparência externa do modelo SE, que será lançado nesta semana na Espanha e ainda não tem data prevista no Brasil, é similar à do iPhone 5S, com algumas variações. As bordas ganharam reforço, e a variedade de cores aumentou: prata, cinza escuro, dourado e rosa.
O modelo teoricamente mais modesto do catálogo tem o mesmo cérebro e faz as mesmas fotos que o mais caro
O movimento da Apple consolida uma tendência: somente em 2015, foram vendidos 30 milhões de iPhones com esse tamanho. A empresa manteve o desenho, mas acrescenta as duas melhorias mais importantes dos modelos apresentados em setembro: o processador A9, com maior potência e menor consumo, e a câmera de fotos, com 12 megapixels e um rendimento excelente. Dois pontos que o colocam um passo à frente dos competidores e confirmam que o ciclo de lançamentos de novas tecnologias é cada vez mais curto. O modelo teoricamente mais modesto do catálogo possui o mesmo cérebro e faz as mesmas fotos que o mais caro.
Fica claro o que há por trás dessa filosofia: tornar muito mais uniforme a experiência de uso do sistema operacional iOS, independentemente do aparelho. O iPhone SE é compatível com o sistema de pagamentos Apple Pay e garante atualizações futuras de maneira confiável, sem transmitir a sensação de que o celular envelhece assim que uma nova versão do software é lançada.
Características técnicas
- Tela de quatro polegadas
- 16 GB ou 64 GB de armazenamento
- Processador A9
- 2GB RAM
- Câmara traseira de 12 megapixels, gravação de vídeo 4K
- Câmara frontal de 1,2 megapixel, um dos pontos mais modestos.
- Sensor de impressão digital
- Apple Pay
- Processador de movimento M9
- Assistente de voz Siri
- Conexão 802.11ac wi-fi e 4G
- Preço: 489 euros
A versão inicial de 16 gigas se revela insuficiente em termos de espaço assim que o usuário começa a brincar com a câmera e a explorar as possibilidades do vídeo. O modelo de 64 gigas é muito mais recomendável, embora implique um gasto adicional.
Pouco a pouco, a Apple se foi adaptando e ampliou o catálogo para chegar a diferentes consumidores. Abre o leque, chega a novos usuários, mas ao mesmo tempo abre mão de parte da sua simplicidade. Já não existe só “o iPhone”, e sim ser um amálgama de perguntas sobre tamanhos e capacidades que confundem o cliente menos acostumado.
A bateria é o ponto mais fraco. Não dura tanto como na versão 6, ou mesmo que na 6S. A superfície para colocar o componente é menor, e a tela também, por isso seria mais lógico que se moderasse o consumo.
A bateria é o ponto mais fraco
Que ninguém espere um modelo revolucionário. Pelo contrário, é um iPhone para recém-chegados, com as melhores virtudes da marca da maçã, a um preço reduzido. A Apple sabe que, para continuar conquistando novos mercados, precisa oferecer as últimas tecnologias, com alguns sacrifícios para poder reduzir o preço. Ásia e América Latina serão os lugares preferenciais para este modelo, e também os adolescentes que ganharem seu primeiro celular, ou idosos que querem usar algo fácil.
O preço, na Espanha não é tão apetecível. Nos Estados Unidos, as operadoras o estão usando como chamariz para ampliar contratos familiares, pois lá é comum que cada lar tenha uma só fatura. No mercado norte-americano, o aparelho custará 399 dólares (1.424 reais). Na Espanha, onde começa a ser vendido no fim de semana, o preço será de 489 euros (1.989 reais).
O melhor e o pior
O melhor:
- O iOS funciona leve, a mesma experiência que com os modelos superiores.
- Qualidade da câmera de fotos e vídeo
- Facilidade de uso
- Potência do processador
O pior:
- O preço não é tão atrativo como nos Estados Unidos.
- Desenho pouco inovador.
Entre o que poderia ser melhor: a bateria, que é superior a toda a geração 5, mas não chega ao rendimento dos 6. É um dos sacrifícios feitos ao manter a tela. Fica a dúvida sobre se a tela quebra com a mesma facilidade que os demais modelos que tinham esse desenho, mas preferimos não forçar com a unidade de teste emprestada pela Apple.
Em resumo, a Apple renova o seu iPhone mais famoso, reduzindo o preço e potencializando seu processador e a câmera. Agradará a quem gosta de levar o celular no bolso sem incômodo e não precisa de uma tela grande. A sensação que fica após provar celulares novos é que teclar em cinco polegadas, sobretudo se você precisa responder a mensagens longas, não é muito cômodo.