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Diretor José Padilha trabalha em série sobre a Operação Lava Jato

Cineasta brasileiro anuncia que planeja levar o escândalo de corrupção à televisão

José Padilha no Festival de Cinema de Berlim em 2008.
José Padilha no Festival de Cinema de Berlim em 2008.Reuters
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A história universal se repete duas vezes, explicava Marx. A primeira como tragédia e a segunda como farsa. Em uma época que caminha com os passos agigantados da indústria digital, os estúdios da televisão ganham o destaque no teatro da história. José Padilha, coprodutor e diretor da série Narcos, anunciou na semana passada na revista Veja sua intenção de criar uma série baseada no caso Petrobras, o esquema de corrupção da empresa petrolífera que encurrala o Governo de Dilma Rousseff. “O objetivo é contar a operação policial em si e mostrar numerosos detalhes esclarecedores que a própria imprensa desconhece”, afirma o diretor.

O sucesso de Narcos veio após 22 anos da morte de Escobar e de que seu país desse por cicatrizadas boa parte das feridas abertas pelo criminoso colombiano. Padilha, carioca de 48 anos, não parece disposto a esperar que acabe a tragédia que estremece a sociedade brasileira e desequilibra o Governo para transformá-la em ficção. “Provisoriamente a série será chamada de Jet Wash”, revela em entrevista à Veja. O nome é uma referência à Operação Lava Jato, que investiga os casos de corrupção na empresa.

“Sempre que alguém fala das graves evidências contra Lula, um petista diz que o PSDB também rouba”, critica o cineasta. “O caso do PT é pior, porque o roubo sistemático vem junto com um enorme cinismo. Antes, Lula tinha o discurso da ética e da moral. Mas quando chegou ao poder não só montou seu esquema, como também levou ao limite da sustentabilidade o roubo a empresas estatais e órgãos públicos”, afirma. A promotoria brasileira acusa o ex-mandatário de enriquecer com dinheiro desviado da petrolífera. Em meio a uma série de disputas com o poder judicial, a presidenta Dilma Rousseff nomeou Lula ministro da Casa Civil. Sua nomeação está suspensa por enquanto, mas seu caso se encontra agora no Supremo Tribunal Federal por ordem do ministro Teori Zavascki. Dilma, por sua vez, enfrenta um processo de impeachment na Câmara.

Ainda não está claro quem irá financiar o projeto da Jet Wash. A produtora de Padilha, Zazen Produções, respondeu ao EL PAÍS que por enquanto o diretor não quer comentar sobre o assunto. A empresa produziu dois dos grandes sucessos de bilheteria que deram reconhecimento internacional ao nome do cineasta, Tropa de Elite (2007) e a segunda parte, de mesmo nome (2010). Os filmes narram a história do personagem Roberto Nascimento, capitão das forças especiais da polícia militar do Rio de Janeiro, interpretado por Wagner Moura (que também personifica Pablo Escobar em Narcos). Os excessos dos corpos de segurança nas favelas do Rio e seu comportamento criminoso são os principais temas dos filmes. Padilha irá explorar com Jet Wash a outra face do crime no Brasil. Com um pouco de sorte será possível ver Moura como Lula ou como Sérgio Moro, o juiz que até recentemente investigava o líder do PT. Heróis e vilões da história da América Latina.

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