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Treinadores internacionais criticam a piscina de saltos a seis meses dos Jogos

A falta de cobertura no Parque Aquático Maria Lenk é a principal reclamação

Atletas australianos durante a competição no Maria Lenk.
Atletas australianos durante a competição no Maria Lenk.Leo Correa (AP)
María Martín
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O Rio de Janeiro realiza desde sexta-feira a Copa do Mundo de Saltos Ornamentais, na qual 46 países disputam 88 vagas para competir nos Jogos Olímpicos, que acontecerão em agosto na cidade. O evento, que também tem o objetivo de testar a organização e as instalações antes do grande acontecimento, colocou vários treinadores e saltadores em alerta.

A principal queixa dos participantes é que o Parque Aquático Maria Lenk, construído para os Jogos Pan-Americanos de 2007, não tem cobertura. “No ano passado prometeram cobrir a piscina, mas isso não aconteceu. Isso é ruim, porque em agosto é inverno aqui e os saltadores acabam dependendo das condições climáticas”, lamenta o treinador Alexey Evangulov, da delegação britânica. Nicolás García, um dos três espanhóis que disputam vaga no evento, confirmou que a cobertura da piscina é o assunto de conversa nos vestiários. “Para mim, pessoalmente, não é um problema. Sou das Ilhas Canárias e estou acostumado a treinar ao ar livre, mas é algo de que se está falando muito”.

Agosto é um dos meses mais frios do ano no Rio de Janeiro, com temperaturas médias de 17 a 25 graus. A frente fria que marcou a competição de saltos de trampolim durante o Pan-Americano de 2007 ainda é lembrada na imprensa brasileira. Aquele mês de julho foi marcado por muito vento, chuva –algo raro no inverno– e temperaturas abaixo dos 20 graus. “A chuva não é tão problemática como o vento. O vento é um verdadeiro problema porque é perigoso para os atletas. Ao voltar à França, faremos uma reclamação formal. Para uma competição tão importante como essa é importante garantir a segurança dos atletas”, disse o treinador francês Alexis Coquet.

Vista geral do Parque Acuático Maria Lenk.
Vista geral do Parque Acuático Maria Lenk.Buda Mendes (Getty Images)

Há alguns meses, a prefeitura e o Comitê Rio 2016 descartaram publicamente cobrir a piscina. O Brasil atravessa uma crise econômica e a organização defende a realização de Jogos “economicamente sustentáveis”. A decisão irritou a Federação Internacional de Natação (FINA), que em uma carta de seu diretor para o prefeito Eduardo Paes lamentou que “as condições meteorológicas possam influenciar não só o desempenho dos atletas, mas, o mais importante, a sua segurança”. É a primeira vez em 24 anos, desde os Jogos de Barcelona, em 1992, que a competição será realizada ao ar livre.

À surpresa pelo aspecto das instalações, com paredes e pisos descascados, se somaram as reclamações sobre o tamanho do ginásio. Estas foram recorrentes na delegação francesa e espanhola. Os treinadores criticaram a dificuldade de se organizar para que tantos atletas consigam treinar num espaço pequeno, um problema que será resolvido nas Olimpíadas, porque “só virá a metade dos atletas”, segundo a organização. O treinador da delegação norte-americana, Vince Panzano, minimizou as reclamações e encontrou semelhanças entre o Parque Aquático do Rio e o que foi usado em Xangai no Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos, em 2011. Panzano, no entanto, apontou outro problema, também indicado por seu colega britânico: o trampolim fixo de três metros é menor do que o estipulado oficialmente.

O Comitê Rio 2016 afirma que após o evento, que termina na quarta-feira, receberá as impressões de todas as delegações para fazer as mudanças necessárias e promete que a unidade receberá alguns retoques antes de se tornar uma atração de espectadores de todo o mundo.

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