_
_
_
_
_

São Paulo se ajusta à regra e vai investigar 101 casos suspeitos de microcefalia

Estado notificava a ministério 18 casos e descumpria protocolo. No país, número vai a 3.670

Homem trabalha no combate ao Aedes aegypti no México.
Homem trabalha no combate ao Aedes aegypti no México. Pedro PARDO (AFP)

A queda de 7% nas notificações de microcefalia comemorada pelo Ministério da Saúde brasileiro na semana passada não confirmou ser uma tendência, segundo apontam os novos dados do boletim divulgado nesta terça-feira. O número de notificações da condição pelos Estados passou de 4.180 para 4.783, um acréscimo de cerca de 14%. Destes, 404 já foram confirmados e 17 deles tiveram como causa o zika vírus.

Mais informações
SP desrespeita regra e não reporta o nascimento de quase 200 bebês com microcefalia
OMS diz que zika vírus atingirá até quatro milhões de pessoas nas Américas
Governo cita queda no ritmo de notificação de casos de microcefalia

O Estado de São Paulo foi um dos responsáveis pelo aumento. Ele passou a registrar como suspeitos 126 casos, diante dos 18 do boletim anterior. Reportagem publicada pelo EL PAÍS na semana passada mostrou que a Secretaria Estadual da Saúde não notificava ao boletim do ministério todos os casos de microcefalia, como era orientado pelo órgão. O Estado notificava para o boletim apenas os casos suspeitos de terem relação com o zika vírus, o que podia trazer prejuízos para a investigação epidemiológica. São Paulo, agora, passou a respeitar a regra. Os 126 casos, segundo a secretaria, aconteceram desde novembro e 25 já foram descartados -101 permanecem em investigação. O número, entretanto, ainda é menor do que o Estado notificou a outro sistema do Ministério, que não é usado para a realização do boletim: 159 entre novembro e dezembro. A reportagem não conseguiu confirmar os motivos da diferença até a conclusão deste texto. 

O aumento total de notificações no país teria sido verificado mesmo sem a diferença de dados de São Paulo, o que indica que novos casos de microcefalia foram registrados pelo restante do país na semana passada em um ritmo maior que na anterior. Segundo o ministério, 3.670 casos suspeitos estão em investigação no momento e 709 já foram descartados.

Um caso é descartado quando se verifica que a medição do perímetro cefálico feita após o nascimento dos bebês não correspondia à microcefalia, ou quando os exames mostram que não havia sinais de uma infecção no cérebro e a microcefalia poderia ser de origem genética ou causada pelo consumo de drogas, por exemplo.

Notificação

Nesta terça-feira, o Ministério da Saúde também afirmou que irá mudar a forma de notificação dos casos de zika vírus atendidos no sistema de saúde.

Antes de os casos de microcefalia aumentarem, a notificação do vírus não era obrigatória. Depois, passou a ser obrigatória apenas para mulheres grávidas. Nos próximos dias, a obrigatoriedade passará a valer para todos os casos.

A falta de notificação obrigatória dificultou que se fizesse um retrato mais fiel do número de casos de pessoas que contraíram o zika vírus no Brasil no ano passado. Há apenas uma estimativa bastante ampla, que gira em torno de 497.593 e 1.482.701 casos suspeitos. Por isso, não é possível saber, por exemplo, quantas gestantes que contraíram zika tiveram bebês com microcefalia.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_