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Processo de paz na Colômbia e zika vírus ofuscam a IV Cúpula da Celac

Dilma convoca reunião sobre o zika vírus para a próxima terça em Montevidéu, em reunião do Mercosul

A inclusão da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) no processo de paz da Colômbia e a luta contra o zika vírus foram os temas que se materializaram na agenda da IV Cúpula da entidade. O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, foi um dos protagonistas da reunião, e anunciou que os membros da Celac aceitaram, por unanimidade, integrar a equipe de observadores internacionais que vai monitorar a entrega de armas da guerrilha, mas afirmou que nem a Colômbia nem as FARC escolherão os participantes. Será o Conselho de Segurança das Nações Unidas, que aprovou a criação dessa missão política na segunda-feira, que irá selecionar e treinar a equipe que acompanhará o processo.

Danilo Medina, Luis Guillermo Solís e Rafael Correa.
Danilo Medina, Luis Guillermo Solís e Rafael Correa.Dolores Ochoa (AP)

"Hoje estamos dando um passo muito importante para o fim da guerra na Colômbia", disse Santos, destacando o fato de que é o único conflito no mundo que está sendo resolvido através do diálogo. O presidente colombiano também comentou as negociações com o Exército de Libertação Nacional (ELN), embora sem dar muitos detalhes: "Estamos na fase confidencial, espero que muito em breve daremos início à fase aberta, que nos permitirá avançar a paz com o ELN”. Santos apenas revelou que o Equador deverá ser um dos países onde as negociações serão conduzidas, devido à "oferta generosa" feita pelo presidente Rafael Correa.

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A presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, foi outra protagonista na cúpula da Celac. Dilma colocou sobre a mesa de debates o combate ao zika vírus e anunciou compromissos para que as autoridades de saúde da organização se reúnam o mais rápido possível para compartilhar experiências e lutar contra a epidemia, que afetará todos os países da região. A presidenta, por sua vez, também realizará uma reunião sobre a questão no âmbito do Mercosul na próxima terça-feira, em Montevidéu.

Na rodada de intervenções, representantes dos 33 membros da Celac fizeram referências aos temas apresentados pelo anfitrião e presidente pro tempore do órgão, Rafael Correa: o combate à pobreza, a redução da desigualdade e a definição da agenda 2020 na região. Mas nem todos concordaram com a proposta equatoriana; alguns líderes sugeriram seguir a agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU, e outros falaram de suas próprias questões: direitos trabalhistas, problemas de gênero, o desenvolvimento da região, a inclusão dos indígenas... Alguns compartilharam experiências concretas na luta contra a desigualdade, como Enrique Peña Nieto, presidente do México, ao dizer que seus programas sociais (a Cruzada Nacional Contra a Fome e o Programa Prospera) beneficiam cerca de 11 milhões de pessoas.

O pedido trazido a Quito pelo chanceler do Haiti, Lener Renauld, colocou a Celac à prova e demonstrou a fragilidade de suas instituições. Renauld pediu que uma comissão da entidade faça a mediação do processo eleitoral em seu país, mas também já havia feito uma solicitação semelhante à Organização dos Estados Americanos (OEA). Isso fez com que Correa, como presidente pro tempore, providenciasse que uma comissão formada por países voluntários (provavelmente Equador, Venezuela, Bahamas e Uruguai) viaje para o Haiti e apresente um relatório, para então decidir como apoiar o país caribenho.

No final do dia, que durou duas horas a mais do que o planejado, foram aprovadas 20 declarações especiais, que incluem o fim do embargo a Cuba, o combate à mudança climática, a soberania da Argentina nas Malvinas, entre outras. Além disso, a presidência da Celac foi transferida para Danilo Medina, presidente da República Dominicana. "A América Latina, ao lado da Ásia, é a região com maior integração da classe média, mas, juntamente com a África subsaariana, é a região com a maior desigualdade", disse Medina em seu discurso, que presidirá a Celac até 2017. Também destacou em suas palavras os pontos pendentes que o presidente Correa havia mencionado anteriormente: reduzir a desigualdade, fortalecer a educação, a ciência, a tecnologia e a inovação, administrar o financiamento para o desenvolvimento e desenvolver-se como um bloco regional.

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