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Relatório da FAB sobre acidente que matou Eduardo Campos joga foco sobre os pilotos

Segundo o documento, tripulação demonstrou fadiga em meio a condições climáticas desfavoráveis

Rodolfo Borges
Apresentação do relatório final da investigação do acidente que vitimou sete pessoas, entre elas o candidato à presidência Eduardo Campos.
Apresentação do relatório final da investigação do acidente que vitimou sete pessoas, entre elas o candidato à presidência Eduardo Campos.Fabio Rodrigues Pozzebom (Agência Brasil)
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Um dos capítulos da tragédia que mudou o rumo das eleições presidenciais de 2014 terminou nesta terça-feira, pelo menos para a Força Aérea Brasileira (FAB). O relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) sobre a queda do Cessna 560XLS+ em Santos (SP), que matou o então candidato à presidência Eduardo Campos e outras seis pessoas, diz que as condições climáticas desfavoráveis e a desorientação, "indisciplina de voo" e fadiga dos pilotos definitivamente contribuíram para o ocorrido. As autoridades não identificaram, contudo, um motivo determinante para a queda do avião, em agosto de 2014.

Segundo o tenente-coronel Raul de Souza, responsável pela apresentação, outros elementos, como a falta de treinamento da tripulação, a sobrecarga de trabalho e o fato de o sistema da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) não ter indicado que pilotos sem a habilitação correta continuavam voando, também podem ter contribuído para o acidente. A FAB não conseguiu, entretanto, determinar a influência desses fatores para a queda da aeronave, que chegou ao solo a uma velocidade de 694,5 quilômetros por hora.

De acordo com o relatório, os pilotos estavam aptos, “sem restrições ou recomendações”, para exercer seu trabalho, mas “não foi possível determinar se a tripulação teve o repouso adequado na noite anterior ao acidente". Na apresentação dos resultados da apuração, o tenente coronel Raul de Souza disse que os resultados do exame pericial para os parâmetros de voz, fala e linguagem indicaram que existia compatibilidade com fadiga e sonolência dos dois — o piloto Marcos Martins e o copiloto Geraldo Magela Barbosa.

A apresentação desta terça-feira não chegou a surpreender por seu conteúdo, já que informações como a falta de formação dos pilotos e suas possíveis falhas na condução do voo já vinham frequentando o noticiário há meses. Graças a imagens até então não divulgadas da tragédia, contudo, as análises puderam descartar que a aeronave tenha sofrido qualquer colisão durante o voo, e que tenha caído pegando fogo ou de cabeça para baixo, como se especulava.

O brigadeiro Dilton Schuck, chefe do Cenipa, destacou logo ao início da apresentação que a comissão que investigou o acidente não buscava apontar culpados. A partir das apurações, que contaram com 18 especialistas em áreas como meteorologia e engenharia aeronáutica, a FAB pretende evitar que outros acidentes voltem a ocorrer. Para tanto, foram emitidas 13 recomendações de segurança, entre elas "verificar a possibilidade de adotar o sistema de declaração online de experiência de voo".

Em nota, a família de Campos disse que essa é apenas uma das investigações em curso sobre o caso. "Ainda estão em curso as investigações a cargo da Procuradoria da República e da Polícia Federal. Dessa forma, [a família] aguardará sua conclusão. A família sente necessidade de uma aprofundada análise do relatório do Cenipa, divulgado hoje. Mas, de pronto, lamenta que não tenha sido feito o teste com o simulador de voo", afirma o texto.

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