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Passe Livre testa força em protestos contra aumento da tarifa

Atos são convocados em São Paulo, Rio e Belo Horizonte hoje contra o aumento das passagens do transporte público

Cartaz da manifestação do MPL em 2015.
Cartaz da manifestação do MPL em 2015.R. Neddermeyer (Fotos Públicas)

Antes mesmo de começar a valer a nova tarifa de 3,80 reais do transporte público em São Paulo, a cidade já inaugura a sua temporada de manifestações. Um ato contra o reajuste está marcado para esta sexta-feira no centro da cidade, um dia antes da nova tarifa começara a valer. Convocadas ou apoiadas pelo Movimento Passe Livre (MPL), também haverá manifestações em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, onde o reajuste levará as tarifas de 3,40 para 3,70 e 3,80 reais, respectivamente.

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O anúncio do novo valor da tarifa dos ônibus, trens e o metrô de São Paulo ocorreu no final do ano passado. No mesmo dia do anúncio, feito ao mesmo tempo pelos governos municipal e estadual e em diversas cidades do país, o MPL marcava a primeira manifestação do ano.

Se, por um lado, o Governo argumenta que os subsídios aumentaram e por isso, a tarifa tem que subir também, o MPL paulista, por meio de nota, questiona essa política. "Apesar das justificativas econômicas, o lucro dos empresários do transporte e a revogação do aumento em 2013 mostram que o aumento da tarifa é uma questão política".  E questiona: "Por que, em um momento de crise, a saída escolhida é tornar ainda mais excludente um sistema que já deixa muita gente de fora pra garantir que quem já ganha muito continue ganhando?"

No ano passado, a tarifa em São Paulo foi reajustada nesta mesma época. O Movimento Passe Livre ficou mais de um mês nas ruas pedindo a revogação do ajuste, como ocorreu em 2013. Apesar da resistência, o movimento acabou murchando com o tempo, até que os atos deixaram de ocorrer. A novidade neste ano é que os estudantes secundaristas que participaram das ocupações das escolas públicas prometem aderir ao movimento.

Nas palavras do MPL, o aumento das tarifas nos transportes públicos "acontece simultaneamente no âmbito estadual e municipal, porque os interesses do governador e do prefeito estão ao lado dos empresários dos transportes e seu lucro, e não junto à população, aquela que sofre diariamente em um transporte lotado e cada vez mais caro".

O Rio de Janeiro, além do transporte

Os protestos também tomarão o centro do Rio, onde as tarifas dos ônibus municipais, interurbanos, trens, barcas e até dos táxis terão aumentos. As convocatórias das manifestações, organizadas por diversos movimentos sociais e estudantis, também têm um claro teor anti-PMDB, que governa a Prefeitura e o Estado, e prometem trazer às ruas outras reivindicações como a qualidade da saúde, que atravessa uma severa crise, pelas dificuldades financeiras do Estado.

Em janeiro de 2015, a Prefeitura carioca também já havia subido a passagem de 3 reais para 3,40 sob a promessa de instalar ar acondicionado em todos os coletivos. A meta não foi cumprida totalmente e hoje somente 58% dos ônibus estão climatizados. O resto são autênticas saunas superlotadas até o ponto de o Sindicato das Empresas de Ônibus, o Rio Ônibus, referir-se aos coletivos sem ar acondicionado como “quentões”.

À insatisfação pelo aumento da tarifa dos trens que passa, a partir do dia 2 de fevereiro, de 3,30 para 3,70 reais, soma-se que o Governo estadual acaba de assumir a conta de luz no valor de 38,9 milhões da concessionária SuperVia, propriedade da Odebrecht, e responsável por transportar mais de 600.000 pessoas por dia nos trens da região metropolitana. O objetivo desse subsídio foi precisamente, segundo o governador Luiz Fernando Pezão, evitar um aumento extraordinário de 30 centavos na tarifa como a companhia havia pleiteado para compensar o aumento dos custos da energia elétrica.

Segundo a Prefeitura e o Governo estadual, o atual aumento não está associado ao cumprimento de promessas ou a pleitos com as concessionárias e sim a uma obrigação contratual que contempla um reajuste anual da tarifa.

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