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Crônica
Texto informativo com interpretação

São Silvestre: Crônica de um fracasso anunciado… não, pera!

Às vezes, tudo o que a gente precisa é de uma pequena vitória para olhar o ano que passou com menos amargura e encarar o futuro com um pouco mais de esperança

Corredores na 91ª Corrida de São Silvestre, em São Paulo.
Corredores na 91ª Corrida de São Silvestre, em São Paulo.André Tambucci (Fotos Públicas)

Eu tinha um texto todo escrito na minha cabeça sobre a minha primeira participação na corrida de São Silvestre. Eu começava contando que, por mais que eu tivesse me esforçado e me proposto a correr a maldita ladeira da Brigadeiro Luiz Antônio, dessa vez, não tinha dado pra mim. Enchia os parágrafos com frases de consolação e terminava a crônica com um esperançoso “mas 2016 está aí pra gente tentar de novo”. Afinal, nada como um clichê motivacional pra terminar esse ano que foi digno de fazer os Maias pensarem em revisar a data da profecia.

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Tudo o que eu tinha me proposto a fazer em meio à ressaca do dia 1º de janeiro de 2015 não tinha dado muito certo: eu comi demais, fui a mais happy hours do que eu deveria (embora menos do que eu gostaria, admito), não treinei como prometi e até atropelada nas férias eu fui. Na véspera da corrida do dia 31 de dezembro, um resfriado e um chute em cheio do dedinho na quina do sofá pareciam me alertar: “desiste que ainda dá tempo”. Quase coloquei meu kit à venda. Mas aí, algo deu errado nos planos: eu acordei, botei o tênis e corri. E, para a minha surpresa, completei o percurso, sem precisar usar o bilhete único emergencial que levei para o caso de querer sair de fininho e pegar um metrô à francesa.

Os mais críticos dirão que é exagero. Afinal, 15 km não são 42 e a São Silvestre está longe de ser uma maratona, embora muitos a chamem assim. Mas, às vezes, tudo o que a gente precisa é de uma pequena vitória para olhar o ano que passou com menos amargura e encarar o futuro com um pouco mais de esperança (desculpem, teve clichê sim!).

E assim, quando a gente menos esperava (mentira, ninguém aguentava mais), 2015 —esse ano em que o Brasil parece ter dado uma guinada a lá JK ao contrário, em muitos aspectos regredindo 50 anos em um —finalmente chegou ao fim. Não deve deixar saudades. Mas, enfim, sobrevivemos.

Marina Novaes é jornalista no EL PAÍS Brasil. Não tem nenhum livro publicado, mas é gente fina.

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