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Elevação da taxa de juros dos EUA deve ter impacto pequeno no Brasil

Medida não deve causar altas expressivas no dólar pois elevação estava precificada

Presidenta do Fed, Janet Yellen, durante anúncio da alta de juros.
Presidenta do Fed, Janet Yellen, durante anúncio da alta de juros. R. D. (AP)

No entanto, especialistas ouvidos pelo EL PAÍS afirmam que essa mudança já estava sendo considerada nos preços ativos, precificadas no jargão, pelo mercado brasileiro e não deve causar grandes turbulências. “Ela era esperada, o mercado já absorveu esse aumento, mas não significa que deva ser menosprezada. É um fator de risco para o Brasil, claro, que eleva as incertezas. Mas o diferencial de juros do Brasil com o dos Estados Unidos ainda é muito elevado. Apesar dos pesares, o Brasil continua atraindo investidores com maior apetite por risco e interesse em ganhar dinheiro fácil”, afirma o economista Antonio Corrêa de Lacerda.

Na opinião do economista Alexandre Schwartzman, a notícia é “o menor dos problemas”, diante da crise política e econômica que o Brasil atravessa e da decisão da agência de risco Fitch, anunciada nesta quarta-feira, de retirar o selo de bom pagador do país. “É um barco que partiu faz tempo. Surpresa seria se os Estados Unidos não tivessem subido essa taxa”, explica.

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Para o economista, a elevação confirma que a maior economia do mundo se recuperou e está normalizando sua política monetária, o que poderia ser analisada como um fator positivo para a economia global. “O aumento dos juros não aconteceu porque a economia está ruim, mas sim porque está saudável. É o fim de um ciclo de estímulos, não o começo de um problema”, afirma.

A única dúvida que paira agora no mercado, segundo Schwartzman, é qual será o ritmo da alta de juros. “Será um aumento por reunião? E até quando? O consenso do mercado parece ser de que o FED vai subir devagar, que não será agressivo”, ressalta.

Caso a elevação fosse em um patamar maior, o Brasil poderia sentir efeitos maiores e correria risco de sofrer uma fuga de investidores e ver o real se desvalorizar ainda mais diante do dólar. “Se não houver mudanças no próximos meses, não vamos sofrer grandes turbulências. E, como já se falava dessa possível elevação há mais de um ano, foi positivo a decisão acontecer agora para eliminar esse vai ou não vai”, afirma o professor da FGV, Antonio Porto Gonçalves.

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