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Fosun

China interroga bilionário presidente da Fosun em operação anticorrupção

Presidente do Fosun, maior grupo privado chinês, ficou “ilocalizável" por horas Especula-se que Guo estaria sendo investigado por corrupção

Macarena Vidal Liy
O magnata Guo Guangchang, presidente do grupo Fosun.
O magnata Guo Guangchang, presidente do grupo Fosun.BOBBY YIP (REUTERS)

Um dos homens mais ricos e admirados da China, Guo Guangchang, de 48 anos, presidente do grupo Fosun, um dos principais conglomerados privados da China, está "colaborando"com as autoridades depois de ficar desaparecido durante algumas horas. Em um comunicado, a Fosun informou que seu chefe "está ajudando em certas investigações que levam a cabo autoridades judiciais da China continental".

Os diretores da sua companhia, o maior grupo privado chinês – cujos ativos incluem a rede de resorts Club Med –, não conseguiam contato com o chefe desde o começo da tarde de quinta-feira (hora local, madrugada desse dia no Brasil), quando ele se encontrava no aeroporto de Xangai. Desde então, o bilionário permaneceu “ilocalizável", um eufemismo habitual na China para descrever pessoas detidas, segundo a respeitada revista econômica Caixin, a primeira em informar sobre o caso.

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A empresa suspendeu a comercialização das suas ações nas Bolsas de Hong Kong e da China continental enquanto preparava uma declaração sobre “informações internas”, disse o grupo em nota. A imprensa internacional se refere a Guo Guangchang como o "Warren Buffett" chinês, tamanha a sua influência e importância no mercado.

Especula-se que Guo estaria sendo investigado por corrupção, segundo a Caixin. Algumas mensagens nas redes sociais relatam que ele foi visto sendo escoltado por policiais no aeroporto, embora não esteja claro se os agentes o levaram como suspeito ou para que prestasse depoimento sobre terceiros.

Especula-se que o magnata Guo Guangchang estaria sendo investigado por corrupção

Se isso for confirmado, o megaempresário, com negócios que abrangem setores tão díspares como mineração, farmácia e entretenimento, seria o mais recente alvo da dura campanha anticorrupção levada a cabo pelo Governo chinês desde a chegada ao poder do presidente Xi Jinping, há três anos. Desde agosto passado, quando uma queda nas Bolsas chinesas arrastou o resto dos mercados de valores mundiais, essa campanha se estendeu principalmente ao setor financeiro. Vários diretores do banco estatal CITIC estão entre os investigados, e dois dos seus principais executivos também se encontram “ilocalizáveis”.

“Ainda estamos completamente surpresos, embora já tenham surgido rumores semelhantes sobre ele no passado”, afirma uma fonte do Fosun ao jornal South China Morning Post. “Guo é muito precavido em seus contatos com o Governo. Como nos diz frequentemente, acompanhe a política de perto, mas fique longe dos políticos”.

Guo, que a revista Forbes classifica como o 11º. indivíduo mais rico da China, com uma fortuna de 6,9 bilhões de dólares, sempre negou, desde o começo da campanha anticorrupção, que estivesse sob suspeita. Mas em agosto um tribunal de Xangai o acusou de manter relações suspeitas com Wang Zongnan, responsável por várias empresas estatais. Wang foi declarado culpado de corrupção e condenado a 18 anos de prisão por, entre outras coisas, ter abusado do seu poder para beneficiar o Fosun.

Esse tribunal concluiu que “Wang se aproveitou da autoridade que seu cargo lhe conferia para beneficiar o Grupo Fosun”. Em troca, Guo vendeu dois chalés aos pais de Wang a um preço muito inferior ao de mercado, segundo os documentos do tribunal, citados pela Caixin. O Fosun negou taxativamente que tenha recebido benefícios indevidos graças a Wang.

O Fosun, além de ser o maior conglomerado chinês, é também uma das empresas desse país que mais avidamente investem no exterior. Em 2014, adquiriu participação no grupo espanhol Osborne, dono de marcas como Cinco Jotas (presuntos) e Anis del Mono (bebidas). Continuou a se expandir no setor de seguros, no qual adquiriu as norte-americanas Meadowbrook Insurance e Ironshore, e também comprou a portuguesa Caixa Seguros por um bilhão de euros (4,17 bilhões de reais). Num setor completamente diferente, assumiu neste ano 20% do Cirque du Soleil.

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