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Neymar e Suárez animam Messi, que marcou contra a Real Sociedad

Brasileiro e uruguaio não pararam até que argentino marcasse, aos 45 do segundo tempo

Ramon Besa
Suárez, Neymar, e Messi celebram um dos gols na Real Sociedad.
Suárez, Neymar, e Messi celebram um dos gols na Real Sociedad.Vicens Giménez

O Barcelona vive dias de vinho e rosas, a sua obra passa por um ápice tão grande, e o time joga um futebol tão bom que seus desafios não são mais vencer as partidas, nem mesmo construir goleadas, mas agora ele se empenha em assuntos particulares, como garantir que nunca falte gol para nenhum de seus atacantes, muito menos para Messi. A produtividade de Neymar e Luis Suárez está tão escandalosa que eles não pararam até que o camisa 10 marcasse. Aconteceu na última jogada de uma deliciosa tarde de outono, complementada pelos laterais Daniel Alves e Mathieu e por Iniesta. Houve um momento em que o gol de Messi era praticamente um assunto de Estado.

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A vitória estava garantida, assim como os gols de Neymar e Suárez, autores de 14 e 12 no Campeonato Espanhol. Para completar a partida azul-grená, no entanto, faltava o gol de Messi, assim como no clássico, quando a sua chance mais comentada foi no gol de Piqué. O Barcelona é endogâmico assim. Os atacantes formaram uma sociedade tão harmoniosa que parecem ser três em um, igualmente importantes e decisivos, ainda que respeitem a hierarquia que concede a Messi o número 1. E a melhor maneira de prestar homenagem ao 10 é presentear-lhe com um gol.

O Barcelona está na moda e sua marca se expande pelo mundo e por La Liga. Os clubes buscam treinadores que conheçam a fórmula azul-grená, como foi com a Coca-Cola, e a apliquem em suas equipes, como a Real Sociedad, que substituiu um caprichoso escocês chamado Moyes pelo fino Eusebio, ex-jogador de Cruyff, assistente de Rijkaard, ex-responsável pelo Barcelona B, um técnico que sempre sonhou um dia sentar-se no banco de reservas do Camp Nou. O Barcelona demitiu-o por ser uma pessoa boa demais em uma filial cheia de jovens indisciplinados, e Eusebio foi parar em São Sebastião.

Os atacantes formaram uma sociedade tão harmônica que parecem ser três em um, igual de importantes e decisivos, embora respetuosos com uma hierarquia que concede o número 1 a Messi

Embora tenham passado apenas duas partidas desde a mudança, a Real Sociedad já é uma equipe mais limpa, acadêmica e criativa, que respeita o talento de jogadores como Granero, Xabi Prieto, Rubén Pardo e Canales. Até Vela parece ter esquecido o soccer e a NBA. Eles aplicaram bastante pressão e ficaram com a bola no pé, sem deixar que o Barça saísse do seu campo, até os 2min15s de partida, quando Rulli defendeu um chute de Luis Suárez. Acontece que o estilo do Barcelona atualiza-se, e agora mesmo, passa pela sua quarta fase. O time de Luis Enrique evoluiu em relação aos de Guardiola, Rijkaard e Cruyff

A fusão funciona de maneira maravilhosa no momento, e o Barcelona domina a maioria das marcas, especialmente a das transições em velocidade, a melhor fórmula para responder ao jogo de controle da Real Sociedad. Os azul-grenás atuaram com velocidade, profundidade e precisão, para que todas as suas chegadas sejam tão seletivas quanto definitivas, impossíveis de serem defendidas pela Real Sociedad. Rulli, um goleiro esplêndido no mano a mano e na redução de espaços, abafou os chutes à queima-roupa de Suárez e Neymar. Mas nada pode fazer diante de uma cabeçada de Iniesta — à trave — e dos cruzamentos de Daniel Alves.

BARCELONA, 4 - R. SOCIEDAD, 0

Barcelona: Bravo; Daniel Alves (Adriano, min. 61), Piqué, Mascherano (Bartra, min. 68), Mathieu (Jordi Alba, min. 65); Rakitic, Busquets, Iniesta; Messi, Luis Suárez e Neymar. Não utilizados: Ter Stegen, Vermaelen, Sandro e Munir.

Real Sociedad: Rulli; Elustondo, M. González, Íñigo Martínez, Yuri; Pardo, Granero; Prieto, Canales (Oyarzábal, min. 58), Vela (Bruma, min. 80); e Agirretxe (Héctor, min. 73). Não utilizados: Bardají; Carlos Martínez, Reyes e De la Bella.

Goles: 1 x 0, Neymar, min. 22; 2 x 0, Luis Suárez, min 42; 3 x 0, Neymar, min 53; 4 x 0, Messi, min 89.

Árbitro: Iglesias Villanueva deu amarelo a Yuri, Granero, Canales, Pardo e Elustondo.

Camp Nou, com 74.020 espectadores

Jogo pelos lados

As estupendas assistências do lateral direito mereceram respostas extraordinárias de Neymar e Suárez. O brasileiro antecipou-se a Elustondo e atacou a bola com a perna esquerda, e o uruguaio cruzou o seu chute com um voleio tão plástico quanto o de terça-feira, contra a Roma, a assinatura do estado de graça que vive o camisa 9, goleador nos últimos sete jogos, ovacionado pelos torcedores no Camp Nou. O chute de Suárez foi tão belo quanto o cruzamento em curva de Alves e o passe anterior de Iniesta para abrir a jogada.

A Real Sociedad não conseguiu repor as suas forças, nem com o descanso do intervalo, de maneira que se expôs à goleada quando suas forças se esvaíram, cansada pela exigência física do seu próprio plano, baseado na pressão alta, e do futebol do Barcelona, às vezes direto e vertical, excelente no domínio da fórmula espaço-tempo, e em outras ocasiões brilhantes com os toques e as acelerações de jogadores tecnicamente assombrosos, como Iniesta e Messi. A jogada do 3 a 0 foi igual às do 1 a 0 e do 2 a 0, com a diferença de que o cruzamento foi dado por Mathieu, e não Alves, e quem o completou foi novamente Neymar, depois de uma abertura do mesmo Iniesta.

As estupendas assistências de Alves mereceram uma resposta extraordinária de Neymar e Suárez

A partida parecia encerrada, por causa da rodada de alterações dos treinadores, dos cartões amarelos dados à Real Sociedad e pela calma do Barcelona, que obrigou Bravo a fazer uma excelente intervenção em uma tentativa de Bruma. Até que apareceu Messi, como se não quisesse ser menor que Suárez e Neymar, símbolos do melhor do Barcelona hoje em dia. O camisa 10 avisou que queria fazer um gol e começou a chutar até que a bola batesse no travessão de Rulli. E como não pode fazer isso sozinho, seus companheiros de ataque vieram ajudá-lo, especialmente Neymar, que colocou o couro na ponta da chuteira para que ele a empurrasse ao gol: 4 a 0.

A equipe expressou sua felicidade para o reaparecido Messi. O êxito do Barcelona passa pela boa convivência do tridente e pelo interesse de Suárez e Neymar de ratificar a cumplicidade com o camisa 10. As melhores equipes já foram destruídas pelos ciúmes e poucos clubes sofreram tantos fratricídios quanto o Barcelona. Não é estranho, portanto, o interesse do Camp Nou por manter a relação amorosa entre Neymar, Suárez e Messi, agora que ninguém neste momento tem o antídoto contra o Barça.

O ‘11’ e o ‘9’ do Barça ameaçam o duopólio de Leo e Ronaldo

JUAN I. IRIGOYEN

Temos que voltar para a temporada 2008-2009 para encontrarmos um artilheiro que não se chamasse Messi ou Cristiano Ronaldo. Naquela ocasião, foi Forlán o goleador de La Liga, que também levou a Chuteira de Ouro para casa. Este ano, Neymar e Suárez parecem dispostos a destronar o duopólio do argentino e do português. O brasileiro, líder dessa tabela, tem 14 gols; é perseguido pelo uruguaio, com 12. Os dois marcaram, pelo Espanhol, o mesmo número de tentos que o Real Madrid (26).

“Não interessa quem será o artilheiro, me interessa que a equipe alcance seus objetivos”, disse Alves, que se rende ao futebol do paulista. “A evolução de Ney é brutal. Chegará aonde quiser chegar, as suas condições permitem isso. É um jogador único”, completou o lateral. Os camisas 11 e 9 já haviam marcado, faltava o gol do 10. “Com a partida resolvida, buscam que todos estejam alegres, isso parece bom. Têm tanta cumplicidade que se os três não marcam, a festa não está completa para eles”, analisou Luis Enrique. “Inventam os gols entre eles”, acrescentou Mascherano. E completou Iniesta: “Não acredito que Leo precise marcar para sentir algo diferente. É o número 1. Se marcar, tudo bem, se não marcar, também”.

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