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Eagles of Death Metal: “Queremos ser os primeiros a tocar no Bataclan”

Banda propõe cover de uma música sua, para que a renda seja destinada às vítimas Grupo se apresentava na casa de shows em Paris quando ocorreu os atentados

Eagles of Death Metal é a banda de rock que estava se apresentando na casa de shows Bataclan no momento dos atentados de 13 de novembro em Paris. Dias depois de divulgar uma nota, o grupo decidiu se sentar para conversar com a Vice e contar sua experiência. Na entrevista, destacam o “heroísmo compartilhado” que testemunharam e lançam uma campanha de solidariedade com uma das suas músicas.

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A publicação eletrônica colocou no YouTube um vídeo de 26 minutos da entrevista que em poucas horas foi visto mais de 800.000 vezes. A banda norte-americana também reproduziu a entrevista no seu perfil do Facebook, de onde já recebeu mais de 14.000 compartilhamentos.

Durante a primeira metade da conversa, os integrantes do Eagles of Death Metal contam suas experiências pessoais durante e depois do ataque terrorista no seu show. “Havia tanta confusão que os corredores se transformaram num labirinto. Muita gente morreu porque não quis deixar seus amigos para trás”, recorda Jesse Hughes, um dos fundadores do grupo.

A maioria dos artistas fugiu por uma saída lateral de emergência, mas o baixista Matt McJunkins conta que ficou retido numa sala com alguns espectadores. De lá se ouviam “disparos, uma explosão e caos”, recorda. O baterista Julian Dorio, que participa da entrevista por videoconferência, relata ter visto dois terroristas dispararem contra o público do show.

Joshua Homme, líder da banda Queens of The Stone Age e também fundador da Eagles, não estava em Paris no dia do atentado, mas se manteve em contato com os colegas a todo momento. Ele se incorpora à entrevista na segunda metade para falar sobre o ocorrido e sobre o futuro da banda.

“Ficamos impressionados com as pessoas e os fãs que não estavam lá, mas que saíram das suas casas e foram até o Bataclan para ajudar. Quem estava se apoiava mutuamente, inclusive os que estavam feridos”, comenta Homme. O vocalista diz que agora sempre anda com uma lista de vítimas no bolso. “Não acredito que eu tenha o direito de dizer qualquer coisa numa situação tão delicada e lamentável, só me colocaria de joelhos e perguntaria a seus familiares do que necessitam”, afirma.

A banda evoca o único membro da sua equipe que morreu em Paris. Nick Alexander, responsável pelo marketing do Eagles of Death Metal, também “faleceu enquanto protegia um dos seus amigos”, diz Jesse Hughes. “Mal posso esperar para voltar a Paris e tocar. Quero que sejamos os primeiros a tocar de novo no Bataclan. Nossos amigos foram lá ver rock and roll e morreram; então quero voltar lá e viver”, promete o músico.

“Sentimos que representamos os fãs e o resto das pessoas que não puderam sair com vida de lá, cujas histórias talvez jamais sejam contadas”, dizem os dois fundadores da banda, que não cogitam cancelar sua turnê. “Não temos escolha. Precisamos terminar a turnê. Não só por nós e por nossos fãs, não só pelo Nick Alexander; é preciso continuar participando da vida”, argumentam.

“Tenho a sensação de que pelo menos algo de bom vai sair disto”, admite Joshua Homme, que convida músicos de todos os gêneros a fazerem uma versão da sua música I Love You All the Time sem precisar pagar direitos autorais. Também sugere que essas versões sejam lançadas, e que os serviços de streaming e de venda de música on-line doem os lucros às vítimas do atentado e seus familiares.

Eles próprios já fizeram isso com um cover de Save a Prayer, da banda britânica Duran Duran. Os fãs do grupo iniciaram uma campanha para colocar a faixa no primeiro lugar da lista de vendas do iTunes. Os músicos quiseram responder àquilo que viram como um enorme gesto de solidariedade doando os lucros dessas vendas digitais.

A Vice também colabora com essa onda solidária e inclui na entrevista com a banda os links da Cruz Vermelha francesa e da Sweet Stuff Foundation, através dos quais também se pode colaborar.

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