Chineses ligam o aquecedor, e a poluição fica descontrolada no país
Registros superam em 56 vezes o máximo permitido pela OMS
A rápida chegada do frio na China deixou, ao invés das bonitas paisagens invernais, uma densa camada cinza de poluição. As províncias do nordeste da China, especialmente Jilin e Liaoning, registraram nos últimos três dias níveis de poluição do ar nunca vistos depois que as autoridades decidiram ligar o sistema central de aquecimento, alimentado pela queima de carvão mineral.
Durante o final de semana, a cidade de Shenyang –capital de Liaoning com 8 milhões de habitantes– chegou a registrar um nível de partículas PM2,5 (as menores e mais perigosas para a saúde por sua capacidade de penetrar diretamente nas vias respiratórias) de mais de 1.400 mícrons por metro cúbico. O máximo recomendado pela Organização Mundial da Saúde é de 25 mícrons. São 56 vezes mais. Segundo a televisão estatal CCTV, a visibilidade nessa cidade se reduziu a 100 metros, o que provocou o fechamento de estradas e o desvio de alguns voos.
É um fenômeno ao qual os habitantes do norte do país estão acostumados com a chegada do inverno, mas segundo as ONG locais tais níveis nunca foram alcançados antes. O contato direto e prolongado com essas partículas finas é ligado ao aparecimento de doenças como o câncer de pulmão, diversas doenças respiratórias e do coração. De acordo com a agência oficial Xinhua, os hospitais da região ficaram abarrotados de pacientes com problemas respiratórios e as máscaras se esgotaram nas lojas.
Outras cidades da região como Changchun – capital de Jilin, também com 8 milhões de habitantes –, registraram durante o fim de semana picos de mais de 1.000 mícrons. Na segunda-feira a situação melhorou ligeiramente, mas ainda assim o índice de contaminantes chegou aos 860 mícrons por metro cúbico, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente chinês.
Em um comunicado, o órgão afirmou que esse recorde de poluição poderá se estender até sexta-feira, quando o vento deverá dispersar essa densa camada de poluição. As autoridades locais elevaram a níveis máximos o alerta, de modo que a atividade das fábricas será parcialmente paralisada e o tráfego nas grandes cidades será controlado. Recomendaram também às pessoas que não saiam de casa.
A poluição do ar é um dos maiores problemas ambientais na China e é fonte de protestos por parte da população. As autoridades tentam reduzir sua dependência de carvão mineral (abundante no país, barato de extrair, mas muito poluidor) pelo gás natural e as energias renováveis, mas mais de dois terços da energia gerada na China continua vindo do uso desse combustível fóssil.