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A gafe do Ministério da Justiça: “Os jihadistas trazem progresso ao país”

Comentário no perfil do Facebook causa polêmica, e não é o primeiro do Governo neste ano

Rodolfo Borges
A postagem do Ministério da Justiça que gerou o polêmico comentário.
A postagem do Ministério da Justiça que gerou o polêmico comentário.Reprodução

O que era para ser uma mensagem de promoção da tolerância acabou colocando o Ministério da Justiça em maus lençóis nesta quinta-feira. Em meio a uma campanha promovida pelas redes sociais para o combate à xenofobia e a aceitação de imigrantes, o responsável por dialogar com os internautas respondeu aos questionamentos de um deles sobre jihadistas, os radicais muçulmanos adeptos de práticas como o terrorismo em nome de uma guerra santa, dizendo que "os jihadistas, assim como qualquer outro povo de qualquer outra origem, vêm ao Brasil para trazer mais progresso ao nosso país e merecem respeito".

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A mensagem, que foi apagada após muitas reclamações de frequentadores do Facebook, dizia que "é preciso desconstruir preconceitos" e era acompanhada por um emoticon sorrindo. Nesta sexta-feira, o perfil do ministério na rede social lamentou o ocorrido em novo post: "O Ministério da Justiça lamenta o erro cometido na resposta na qual confunde jihadistas com um povo. O erro crasso foi corrigido". Desde então, os responsáveis pelas redes do Ministério da Justiça seguem republicando a mensagem que admite o erro a todos os internautas que os questionam sobre o polêmico post.

Essa não é a primeira vez que os responsáveis pelo sensível terreno das redes sociais de órgãos do Governo federal se envolvem em polêmicas neste ano. Em julho, o perfil do Palácio do Planalto publicou no Facebook (e depois apagou) uma imagem do filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin, para ilustrar uma postagem sobre o Plano de Proteção ao Emprego, junto com a mensagem "Jornada de trabalho menor... e meu emprego garantido". A alusão ao filme de Chaplin, que retrata más condições de trabalho de operários, pegou mal em meio ao cenário de aumento do desemprego e da proposta, que permitia a redução da jornada de trabalho e o corte de até 30% nos salários.

Meses depois, em setembro, o Ministério do Trabalho publicou em sua conta oficial no Twitter uma mensagem celebrando o "deboísmo", expressão decorrente da expressão "de boa", que significa não se preocupar. Também publicada no contexto de um país com um crescente índice de desemprego, a mensagem, que era ilustrada pelo desenho de um bicho-preguiça, gerou uma enxurrada de questionamentos. Restou aos responsáveis pelas redes sociais do ministério tentar se explicar, com respostas como "ser de boa não significa ser inerte ao mundo, significa ser ponderado".

Também em setembro, o perfil do Ministério da Cultura comprou briga no Facebook com opositores do Governo, de um blog chamado Reaçonaria. A nota de esclarecimento publicada pelo ministério mencionava a "irrelevância" das contas do tal blog nas redes sociais, mas destacava a necessidade de responder sobre questionamentos acerca de uma emenda parlamentar que beneficiou a Prefeitura de São Paulo, comandada por Fernando Haddad, do mesmo partido da presidenta Dilma Rousseff. A nota foi além das explicações, contudo, dizendo entre outras coisas que "não é porque vocês são reaças que podem fazer acusações absolutamente infundadas", e gerou mais uma série de protestos.

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