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Pedro Paulo Carvalho: O “futuro prefeito do Rio” em apuros por agressão à ex-mulher

Pedro Paulo Carvalho, fiel escudeiro de Paes, acaba de admitir que agrediu sua ex-esposa

María Martín
Rio de Janeiro -
Pedro Paulo e Eduardo Paes em uma inauguração.
Pedro Paulo e Eduardo Paes em uma inauguração.R. Trindade (agência O Globo)

Pedro Paulo Carvalho, o secretário de Coordenação do Governo municipal do Rio, vinha sendo construído como o nome ideal para suceder o atual prefeito da cidade, Eduardo Paes (PMDB), que se transformou em seu principal cabo eleitoral para a disputa do ano que vem. O plano corria bem até as aspirações de Pedro Paulo, e sua imagem pública, serem subitamente atingidas por um terremoto: um episódio de agressão à sua ex-mulher, em 2010, divulgado na imprensa. O caso poderia ter morrido com o tempo, graças à tradição brasileira que, à diferença da norte-americana, tende a ser condescendente e ignorar deslizes da vida pessoal. Mas as coisas estão mudando. A pressão da opinião pública se voltou contra ele em um momento em que as reivindicações feministas dominam a pauta do país.

Pedro Paulo, depois de semanas de silêncio, admitiu nesta quinta-feira à Folha de S. Paulo que agrediu sua ex-mulher e mãe de uma dos três filhos do candidato, a turismóloga Alexandra Mendes Marcondes. “Eu errei. Traí minha mulher e me arrependo profundamente disso. Foi um momento de muita tensão, de descontrole. Tivemos discussões e agressões mútuas […] Dada a minha posição como deputado, secretário e pré-candidato, acredito que cabe uma desculpa pública à minha família e à minha ex-mulher sobre o episódio”, disse o secretário, de 46 anos, à Folha.

A briga do casal aconteceu em fevereiro de 2010 e foi divulgada no mês passado pela revista Veja. A reportagem revela detalhes sobre o caso que levou Pedro Paulo e Alexandra à delegacia. Segundo a ex-mulher, a confusão começou depois de ela ter encontrado cabelos longos no ralo do chuveiro e na cama, um sutiã que não era dela embaixo da mesa da cozinha e duas taças de vinho. Após a descoberta ela pediu o divórcio e eles teriam começado uma briga na qual Pedro Paulo a agrediu, supostamente, com socos, chutes e agarrões no pescoço. Como resultado das agressões, a mulher teria perdido um dente, segundo o laudo do IML divulgado pela revista.

O episódio, que cinco anos depois ainda estava paralisado nas mãos da Polícia Civil e do Ministério Público, atingiu em cheio os alicerces da candidatura. A Prefeitura contestou os fatos com uma nota, assinada pela ex-mulher, onde afirmava que inventou a história “num momento de desespero do fim do relacionamento conturbado” e Paes tentou passar página descrevendo o assunto como uma “questão pessoal”. O prefeito, em uma tentativa de minimizar os danos reforçou ainda mais seu apoio ao candidato, desafiando inclusive a lei eleitoral que impede pedir votos antes do 15 de agosto do ano que vem. “Está aqui o futuro prefeito do Rio, Pedro Paulo. Até que a Justiça Eleitoral me impeça, vou mesmo continuar pedindo votos”, dizia Paes nas inaugurações.

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O caso povoou, durante semanas mas sem grande repercussão, as páginas da imprensa carioca, mas chegou às ruas na mais recente manifestação, de 28 de outubro, contra o projeto de lei, de autoria de Eduardo Cunha, que pretende dificultar o acesso ao aborto legal às vítimas de estupro. Paes e seu escudeiro foram também alvo das críticas das feministas. “Paes e Pedro Paulo, inimigos das mulheres”, dizia um dos cartazes.

A estratégia da Prefeitura mudou e o que era um caso que era para ser controlado se tornou uma espécie de confissão do candidato. Pedro Paulo, no entanto, nega que a agressão deva se enquadrar na lei Maria da Penha, que considera violência física doméstica familiar contra mulher "qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal".

“Não, isso não é definido como um crime. Conheço a lei Maria da Penha. É importante a gente distinguir um descontrole em um episódio, uma briga de casal, uma discussão de casal, do que é um episódio deliberado de violência doméstica. Não tenho comportamento repetitivo [agressivo] com mulher, filhos ou qualquer outra pessoa. A lei Maria da Penha distingue o que são episódios de briga de casal, que acontecem no cotidiano da famílias, do que é um ato de violência familiar”, justificou-se.

Sobre o efeito que a agressão terá em sua imagem, ainda em construção, Pedro Paulo deixa o veredito nas mão dos cariocas. “Os cidadãos vão fazer a avaliação que acharem que devem fazer. Repito que foi um episódio de descontrole, mas aprendi muito com isso. Hoje sou um marido e um pai melhor”, disse na sua segunda entrevista do dia ao diário O Globo.

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