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Caracas amplia o controle sobre preços dos produtos

Maduro reforma Lei dos Preços Justos, que estabelece lucro de no máximo 30%

Uma criança olha enquanto sua mãe conta bolívares.
Uma criança olha enquanto sua mãe conta bolívares.CARLOS GARCIA RAWLINS (REUTERS)

As medidas econômicas anunciadas pelo Governo de Nicolás Maduro persistem na ideia de que é possível substituir o livre intercâmbio de bens e serviços, determinado pela oferta e a procura, pelo controle estatal e por medidas punitivas. O presidente da Venezuela decidiu reformar a Lei dos Preços Justos, que determina um limite de 30% para as margens de lucros, e ampliar o controle a todos os bens e serviços oferecidos no país, mediante a criação do Preço Máximo de Venda ao Público.

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Em seu programa de televisão, no qual também anunciou um aumento de 30% nos salários do funcionalismo público e dos militares, Maduro prometeu punições a comerciantes que fixarem os preços ao consumidor de acordo com o valor do dólar no mercado negro. Na manhã da quarta-feira, a moeda norte-americana era vendida a 788 bolívares por dólar, mais do que o triplo da cotação oficial mais cara (a do Sistema Marginal de Divisas, em torno de 199 bolívares) e muito mais elevada do que o preço com o qual o Estado e os particulares importam alimentos e remédios (6,30 bolívares por dólar).

Inflação de 85%

Para poder cumprir essa ordem, o Governo ordenou uma operação de verificação dos novos preços, que terá início nesta quinta-feira em todo o país e será encabeçada pelo vice-presidente Jorge Arreaza. “Eles têm 30 dias para varrer toda a economia e estabelecer novos mecanismos de proteção junto ao povo”, afirmou o chefe de Estado. “Não descansaremos até vencermos esta guerra”, acrescentou, sob aplausos de seus seguidores.

A empresa privada teme que se reedite o chamado Dakazo, confisco e liquidação de eletrodomésticos da rede de varejo Daka ocorridos há dois anos, às vésperas de eleições municipais afinal vencidas pelo chavismo. Analistas avaliam que estas são medidas destinadas a reconquistar o eleitorado chavista e os independentes, prejudicados pela forte inflação dos últimos meses. Apesar de as cifras oficiais não serem divulgadas, Maduro admitiu na terça-feira que a inflação de 2015 deve ficar “na ordem de 85%”.

O Governo parece decidido a reduzir a disparidade de 20 a 30 pontos percentuais que os institutos mais confiáveis conferem à oposição nas pesquisas de voto para as eleições venezuelanas de 6 de dezembro. Maduro tem pouco mais de um mês para alcançar seu objetivo.

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