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Dois homens são linchados e queimados no México

Polícia de uma pequena cidade de Puebla não conseguiu conter a agressão

David Marcial Pérez

Dois homens foram tirados à força na segunda-feira da chefatura de polícia de Ajalpan, cidade do estado de Puebla, no leste do México, por uma multidão de moradores que os linchou e terminou queimando-os vivos com gasolina em plena rua. As duas vítimas, irmãos e funcionários de uma empresa de pesquisa do Distrito Federal, tinham sido detidos depois da acusação, por parte de um grupo de moradores, de que eram sequestradores de crianças e idosos.

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“Não havia um crime para detê-los, mas as pessoas estavam incomodadas com o tipo de pesquisa que faziam, só isso. Não havia outra designação. Veio uma menina, que supostamente tinham tentado molestar. Passou a menina. Viu-os diante dos adultos, disse que não eram eles”, explicou o diretor de Segurança municipal José Manuel González em declarações ao jornal Milenio.

O prefeito de Ajalpan, Gustavo Lara Torre, confirmou a identidade das duas vítimas: José Abraham Copado Molina, de 25 anos, e Rey David Copado Molina, de 35. Ambos estudavam na Universidade de Tulancingo e trabalhavam fazendo pesquisas para a empresa Marketing Estratégico do Distrito Federal.

O procurador de Justiça de Puebla, Victor Carrancá Bourget, afirmou que continuam investigando se cometeram algum crime. Os vídeos dos acontecimentos começaram a circular nas redes sociais. Uma das imagens mostra um cadáver sendo queimado na rua, enquanto um grupo de pessoas, incluindo crianças, assiste imperturbado à pira humana.

Segundo o relato das autoridades locais, os homens realizavam as pesquisas na segunda-feira à tarde quando foram cercados por moradores que começaram a discutir com eles. “Iniciamos uma negociação e explicamos que íamos deter aquelas pessoas”, disse um policial. Às 19h30, foram colocados nas dependências policiais.

A multidão agrediu vários policiais, incendiou viaturas e atacou os prédios da prefeitura e da procuradoria local

A população começou a se juntar na frente da chefatura. “As pessoas começaram a se alvoroçar quando pensaram que eram suspeitos de sequestro. No início eram 100 pessoas. Mas depois aumentou para 1000”, continuou o porta-voz da polícia.

A multidão agrediu vários policiais, incendiou viaturas e também atacou os prédios da prefeitura e da procuradoria local. “Foi um linchamento terrível. Os dois foram arrastados para fora da chefatura, cercados, agredidos por umas 1000 pessoas e depois queimados vivos na praça. Não conseguimos contê-los, somos apenas 100”, explicou por telefone à agência Reuters outro agente da polícia local.

Várias acontecimentos similares se repetiram em diversas cidades do estado de Puebla. Na semana passada, a polícia de San Martín Texmelucan evitou por pouco o linchamento de um motorista após um acidente de trânsito que matou uma pessoa. Em setembro, duas pessoas foram enforcadas em Cohuecan sob a acusação popular de sequestrar uma menina.

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