_
_
_
_
_

Líder tucano sobre Cunha: “Não dá para atravessar lamaçal sem se sujar”

Vice-líder do PSDB defende custo de apoiar presidente da Câmara por impeachment

G. A.
O vice-líder do PSDB na Câmara, Nilson Leitão.
O vice-líder do PSDB na Câmara, Nilson Leitão.A. Ferreira (Ag. Câmara)

A bancada tucana na Câmara tem sido dura com a presidenta Dilma Rousseff. É raro que se passe uma sessão sem que algum de seus parlamentares peça a palavra para defender o impeachment da mandatária. Os argumentos utilizados variam: rejeição das contas pelo Tribunal de Contas da União, corrupção na Petrobras e até estelionato eleitoral. Ao lado de deputados do DEM, os parlamentares do PSDB se articulam para que os pedidos de impedimento da petista sejam analisados o quanto antes.

Mais informações
STF entra de cheio na batalha de Brasília e estende agonia da crise
Cunha adia decisão de impeachment para que oposição reforce pedido
Linha sucessória de Cunha tem acusado de sequestro e da Lava Jato
“Nossa democracia vai pagar um preço alto se o impeachment vingar”

Já quando o assunto é o presidente da Casa, Eduardo Cunha, o tratamento dispensado é outro. Apenas um integrante da bancada tucana assinou o pedido de cassação do peemedebista protocolado esta semana pelo PSOL e pela Rede na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar. Isso em um momento em que as denúncias contra Cunha se tornam mais robustas a cada semana, com informações sobre recebimento de propina em contas secretas na Suíça e o próprio procurador-geral da República, Rodrigo Janot, confirmando as denúncias. Em entrevista ao EL PAÍS no início da semana, o vice-líder tucano na Câmara, Nilson Leitão, disse trata-se de uma “aliança para o impeachment”.

Pergunta. O PSDB defende o afastamento da presidenta, mas tem uma aliança tácita com o Eduardo Cunha...

Resposta. Não existe aliança com o Cunha, existe aliança para o impeachment. Não há como não fazer sacrifícios para um evento como esse. Nosso adversários vão usar todas as armas, morais e imorais, para barrar o impeachment. Não dá para atravessar um lamaçal sem se sujar de lama. Para tirar essa escória do PT do poder não tem como não se enlamear. Não podemos nos isolar num canto e achar que só a oposição resolve o problema do Brasil. O Cunha tem a caneta para decidir o impeachment.

P. Não existe o receio de que os eleitores do PSDB vão se distanciar do partido ao ver essa aliança com um indiciado na Lava Jato?

Não podem vir com um discurso moralista para o nosso lado. Nós temos uma estratégia"

R. Não podem vir com um discurso moralista para o nosso lado. Nós temos uma estratégia. E o Cunha tem o poder para definir o impeachment. O PSDB tem um alvo, que é tirar aquela pessoa que vem trazendo prejuízo para o país do poder.

P. Mas não se trata de um caso de dois pesos e duas medidas?

R. A situação do Cunha é diferente. O assunto Cunha é um assunto que a Procuradoria Geral da República está acompanhando, e o Supremo Tribunal Federal ainda não se manifestou. A Dilma já foi julgada pelo Tribunal de Contas da União, e teve suas contas rejeitadas.

P. Alguns caciques do PSDB, como o senador Aécio Neves e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ainda não se envolveram diretamente com o impeachment. Por que?

R. Eu acho que no inicio alguns não davam a cara a tapa por achar que não havia substância para um pedido de impedimento. Depois do TCU isso mudou muito. A situação do Cunha também muda. Muita gente quer que ele saia, mas o alvo da nossa bancada é a presidenta. São divergências estratégicas. Todos os líderes concordam com isso. O FHC nunca pediu que a bancada mudasse o rumo: ele é um estadista, pode não concordar, mas nunca agiu para poder mudar nosso rumo.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_