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Uber de olho na periferia

Aplicativo oferece serviço com desconto para quem está no extremo da zona sul da cidade

Uber oferece serviço com desconto para quem está no extremo da zona sul da cidade.
Uber oferece serviço com desconto para quem está no extremo da zona sul da cidade.Fernanda Carvalho (Fotos Públicas)

Enquanto a novela envolvendo a legalidade do aplicativo de transporte Uber parece longe de terminar, a empresa resolveu expandir sua operação na cidade de São Paulo visando um novo público: usuários da periferia que precisam percorrer longas distâncias para chegar até os terminais de ônibus, metrô ou trem. Para isso, o Uber está oferecendo seus serviços com desconto para quem está no extremo da zona sul da cidade.

A função chamada UberSul aparece apenas quando o aplicativo identifica que o usuário está em bairros da região, como Capela do Socorro, Grajaú, Parelheiros e Engenheiro Marsilac. A modalidade que chega a oferecer um desconto de 40% em relação ao UberBlack, o modelo de luxo, funciona só nos horários de pico, das 6 horas às 10horas e das 16 horas às 21h.

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“A ideia é criar uma solução de mobilidade para pessoas que, por exemplo, precisam andar quase três quilômetro para chegar a um transporte público para irem trabalhar”, diz o diretor de comunicação da empresa no Brasil, Fabio Sabba, que explica que a proposta surgiu da sugestão de um dos motoristas da Uber.

Apesar da função estar em um processo de testes, o diretor de comunicação não descarta que a possibilidade do serviço ser estendido a outras zonas periféricas da capital paulista. “Começamos com essa opção no fim de setembro e agora vamos ver qual o retorno dessa função. Até agora, há um aumento na adesão. Depois veremos se podemos ampliar para a zona leste e norte, por exemplo. Ainda é algo novo, as pessoas estão conhecendo”, explica.

O motorista da Uber Nelson Bazzolli, de 55 anos, que mora dentro da área contemplada pelo UberSul, afirma que, nas últimas semanas, das 17 corridas que geralmente faz por dia, 12 já são de pessoas que pedem o serviço através da  nova modalidade. “Estrategicamente, já fico perto de terminais de ônibus como o Grajaú. Levo muitas pessoas para a casa, às vezes estão sozinhos, mas já levei 3 passageiros juntos também. Muitas pessoas da região também pedem para voltar do supermercado”, conta.

Segundo o motorista, com a chegada dessa mobilidade e do Uber X - uma função popular do aplicativo que dá desconto de 30% em relação ao modelo tradicional- em junho, os pedidos na região cresceram. “Não existe muito táxi em zonas da periferia, é difícil e as pessoas querem um serviço de transporte individual”, explica.

Bazzolli afirma que, apesar de saber que vários motoristas do Uber vem sendo hostilizados por taxistas, ele nunca sofreu nenhum tipo de agressão. “Acredito no bom senso das pessoas e também que o aplicativo vai acabar sendo legalizado sim, pois é isso que os consumidores querem”, explica.

Legalidade do aplicativo

Desde que chegou ao país, em maio do ano passado, o Uber está em pé de guerra com os taxistas que alegam que o aplicativo é ilegal e pressionam para que ele seja proibido. Na semana passada, o prefeito Fernando Haddad sancionou um projeto da Câmara Municipal que proíbe o aplicativo e afirmou que nos próximos dois meses será publicado um decreto que obriga a Prefeitura a regulamentar novos serviços de transporte individual e de utilidade pública.

Em nota, o Uber afirmou que aguarda essa regulamentação municipal e que, por isso, o aplicativo segue funcionando normalmente em São Paulo. Sobre a sanção, a empresa afirmou que ela é "notoriamente inconstitucional" e reafirmou que "não é uma empresa de táxi e, portanto, não se encaixa em qualquer categoria deste tipo de serviço,  que é de transporte individual público".

No Rio de Janeiro, o Uber voltou a ser permitido.  A Justiça concedeu, na semana passada, uma liminar autorizando o serviço após o prefeito Eduardo Paes também sancionar uma lei que proibia o funcionamento do aplicativo na capital carioca.

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